quinta-feira, 28 de abril de 2011

“Veja” é condenada por comparar Joaquim Roriz ao “poderoso chefão”

A revista Veja e o jornalista Diego Escosteguy foram condenados a indenizar em R$ 100 mil o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, por comparar o político ao personagem mafioso Vito Corleone, o “poderoso chefão”, do cinema, em edição publicada em dezembro de 2009. A decisão foi da 14ª Vara Cível de Brasília. A defesa de Roriz, acusado de envolvimento no pagamento de propinas, pedia R$ 300 mil à Editora Abril, por danos morais. No entanto, a juíza Marília de Avila e Silva Sampaio estipulou o valor em R$ 100 mil. Para a magistrada, a revista passou dos limites da liberdade de expressão. "Já a manchete da reportagem consigna que quem ensinou Arruda a roubar foi o autor [Roriz]", afirmou a juíza, que ressaltou o fato de a revista comparar a equipe do governo à máfia italiana. Em sua defesa, a Veja disse que Roriz foi exagerado na interpretação da matéria. A editora também alegou que as denúncias da revista foram investigadas pela Polícia Federal, o que resultou na prisão do ex-governador José Roberto Arruda.
Do site Comunique-se, com informações são do TJ-DF.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Matéria histórica sobre Sarney é sabotada por assessor do próprio senador


Clique na imagem para ampliar

Embora "alguém" tenha feito de tudo para evitar a realização desta matéria (e fez...), imbuído de preconceito inexplicável contra este blog (e seus leitores...amapaenses), conseguimos esta foto, que divulga relevante (e muito bem feita) matéria do excelente grupo “A Gazeta” sobre os 81 anos do senador Sarney. Trabalho bonito e bem feito. Esta foto foi inexplicavelmente abortada por energúmeno assessor, que, quando perguntado sobre a necessidade de divulgação da matéria, simplesmente menosprezou a cidadania amapaense, dizendo que os fatos eram “repetitivos" e que os mesmos teriam sido "ostensivamente divulgados pelos ‘veículos conhecidos’”... Coisa de debilóide preguiçoso que "rema para trás" e não tem consideração com o povo amapaense. Mas, graças a Deus, Sarney ama seus concidadãos. Quando soube, foi enfático: "publique-se". Por isso, depois de tudo, podemos agora destacar o excelente trabalho realizado pela revista "Personalidades", do grupo "A Gazeta", do Amapá.

Ps.: Esclarecendo: quando pedi para a assessoria do gabinete do senador que fosse feita uma cópia por scanner da página principal da revista, foi negado, simplesmente negado. A preguiça era enorme. Tive que sair do gabinete e ir para casa para usar meu próprio scanner. É isso.

Said Barbosa Dib
Segue sinopse da notícia...

Sarney é tema da primeira edição da "Revista Personalidades"

Senador completa 81 anos e continua como uma das mais importantes lideranças do Brasil. O jornal A Gazeta, em parceria com a Target Comunicação, publica a primeira edição da Revista Personalidades, enfocando a trajetória de vida do senador José Sarney, que neste dia 24 de abril completa 81 anos, ainda como uma das mais importantes lideranças políticas do Brasil. Com cem páginas, a revista está sendo distribuída gratuitamente aos leitores de A Gazeta, nesta edição, e simultaneamente em vários Estados do Brasil. São mais de 50 anos de carreira política, sendo 35 no Senado Federal, do qual Sarney é presidente pela quarta vez. Nem mesmo Rui Barbosa, patrono da Casa, teve tanto tempo de mandato. A chegada de Sarney à Presidência da República, em 1985, é resultado de um dos momentos mais dramáticos da história brasileira, em conseqüência da morte de Tancredo Neves, principal estrategista do movimento que levaria o Brasil de volta à democracia, depois de longos 21 anos de ditadura militar. Como presidente, Sarney herdou a responsabilidade de conduzir o processo de redemocratização. E cumpriu a missão. Iniciou, também, o enfrentamento do fantasma da instabilidade econômica e da inflação descontrolada. Com o Plano Cruzado, alcançou picos de alta popularidade, mobilizando a população para a defesa da estabilidade dos preços, com os chamados "fiscais do Sarney". Depois, com o fracasso das medidas econômicas, experimentou o dissabor da insatisfação popular. Deixou a Presidência em meio a ataques de seu sucessor, Fernando Collor, mas em pouco tempo voltou à cena política, com mandato de senador pelo Amapá, para se manter como um dos políticos mais influentes do País. Ao mesmo tempo que vivia intensamente a vida política, Sarney também encontrava tempo para outra de suas grandes paixões: a literatura. Poesias, contos, romances, ensaios e crônicas compõem sua extensa obra literária, reconhecida nacional e internacionalmente, através da qual alcançou uma das posições de que mais se orgulha: membro da Academia Brasileira de Letras. Sarney viveu a história brasileira como assistente, participante e protagonista.

Veja a matéria:

http://www.jornalagazeta-ap.com/index/politica.html#Sarney é tema da primeira edição da Revista Personalidades

Fonte: A Gazeta
Autor: Redação

Mostra Curto Encontro


Estão abertas as inscrições para a Mostra Curto Encontro, que será realizada de 25 a 31 de julho, em 13 cidades baianas simultaneamente. Serão selecionados vídeos de qualquer parte do país e produzidos em qualquer ano e sobre qualquer tema/categoria que tenham de 5 a 20 minutos. Os realizadores poderão inscrever quantos vídeos quiserem, concorrendo a prêmios em dinheiro, troféu e exibição na TVE. As inscrições são gratuitas e online. A Mostra conta com o patrocínio dos Correios e o apoio da FUNCEB, DIMAS e IRDEB que promoverão, além da exibição, debates e oficinas. Mais informações e inscrições no site www.tabuleiroproducoes.com.br

Realização: Tabuleiro Produções

Inscrições: 15 de abril a 15 de maio

Mostra: de 25 a 31 de julho, em 13 cidades baianas

Informações: curtoencontro@tabuleiroproducoes.com.br

(71)30185012

terça-feira, 19 de abril de 2011

“Brasil opera as maiores taxas de juros do mundo”, constata Dilma





Já Mantega, em sua campanha para derrubar o crescimento, diz que o que está ruim está bom

Tudo sempre pode ser pior. Não há situação, por ruim que seja, que não possa dar lugar a outra ainda mais desagradável, ou mais desgraçada, ou mais difícil. Assim é na vida – e, naturalmente, na economia, que é parte da vida.

Mas nem por isso - porque as coisas podem, ou poderiam, ser ainda piores - é lícito passar aquilo que é ruim por bom, o que é retrocesso por avanço, o que é neoliberal por desenvolvimentista, o que é caduco por moderno, o que é reacionário como se fosse progressista.

Nós – isto é, o país – queremos avançar. O que ganhamos, então, ao pintar de rosa o que não é rosa, exceto, precisamente, colaborar para que a situação seja pior?

No entanto, o ministro Mantega - em sua campanha para manietar o crescimento, cortar gastos necessários à população, estiolar salários, reduzir o financiamento dos investimentos de empresas, e, de resto, contemplar inteiramente as hienas vorazes da especulação, sobretudo as externas - tem angariado alguns apoios devido a essa lógica ilógica, objetivamente muito perversa e subjetivamente muito infeliz para suas vítimas.

TESE

Compreende-se, a situação não é fácil – embora, desde o malfadado governo Fernando Henrique, nunca tenha sido melhor do que ao fim do governo Lula. O problema de Mantega é, sucintamente, o de retroceder, em vez de avançar, por medo ou por subserviência ideológica, o que talvez seja a mesma coisa.

Naturalmente, não são os porta-vozes dos monopólios financeiros que sustentam a esdrúxula tese de que é preciso apoiar Mantega para que não venha coisa pior (por exemplo, o Palocci...). Para eles, quanto pior para o país e o povo, melhor.

Mas eles estão satisfeitos com Mantega. Apenas, esses porta-vozes não precisaram ser espertos para descobrir, há muito, que o melhor método para Mantega fazer o que eles (ou seus patrões) querem é a chibata – ou, melhor, a mera ameaça da chibata, com um ou outro cascudo de vez em quando.

Não poderiam chegar à conclusão diferente quando, já há oito anos, o então ministro do Planejamento declarou, sobre a “autonomia” do BC:

“Havendo autonomia há uma perda de comando, uma diminuição do grau de ingerência do Executivo sobre o Banco Central e, portanto, sobre a política monetária. A vantagem é que ela dá ao mercado uma garantia de que a inflação tende a ser mais baixa, pois não poderá acontecer uma situação de o presidente da República pegar o telefone, ligar para o Banco Central e dizer ‘eu tenho eleição no ano que vem, abaixa aí as taxas de juros; não importa que tenha mais inflação; eu quero crescimento já, quero aumento de emprego’.” (cf. entrevista de Mantega à Teoria e Debate, nº 53, maio/2003).

Há mais da mesma coisa nessa entrevista de Mantega. O que o “mercado” pode ter contra um sujeito com essa cabeça?

Em suma, qual é o conteúdo do trecho que transcrevemos?

Os presidentes da República, eleitos pelo povo, são uns irresponsáveis que não se preocupam com a inflação nem com o país – exceto algumas teteias do capachismo, como Fernando Henrique, os presidentes querem juros mais baixos, crescimento e emprego para se elegerem (ou elegerem seus correligionários), e não porque é melhor para o país e o povo.

Já o “mercado” (e Mantega estava se referindo especificamente ao mercado financeiro), não foi eleito por ninguém, mas é composto por gente muito responsável, por exemplo, os executivos do Bear Stearns, do Lehman Brothers, do Goldman Sachs ou do JP Morgan Chase, para não falar do Daniel Dantas, do Cacciola e do Madoff. E não estamos citando exceções.

Possuído pela sofreguidão de se oferecer, nem passou pela cabeça do ministro que, inadvertidamente, sua declaração era uma ode à ditadura, ao desrespeito completo à democracia. Se os presidentes não podem ter uma política econômica, se é o “mercado”, os bancos e demais monopólios financeiros, que determinam os limites – e não somente os limites, mas a própria política, ao tornar o BC, e a política monetária, seu latifúndio - de que vale o voto do povo?

Pois Mantega já era assim há oito anos. Em época tão precoce do governo Lula, já não restara nada do co-autor de “Acumulação Monopolista e Crise no Brasil”, livro que não era genial, mas essencialmente correto. Não por acaso, declarou à “Veja”, quando Dilma já era candidata, que qualquer um que fosse eleito não faria diferença do ponto de vista econômico. Ou seja, tanto fazia Dilma ou Serra.

Não é, em absoluto, verdade que haja uma conspiração para derrubar Mantega. Há pressão para mantê-lo onde está, do jeito que está. Quanto aos problemas reais, são os que ele mesmo armou ou não conseguiu resolver por inapetência, hoje expressa agudamente pelo câmbio mais deletério desde que Gustavo Franco e seu protetor decretaram que um real valia um dólar para baratear importações, devastar a indústria e o emprego - e afundar o país num pântano especulativo.

Não é surpreendente, portanto, que as supostas soluções de Mantega, a começar pela ideia ridícula de que a mola mestra do desenvolvimento é o “investimento direto estrangeiro”, isto é, a desnacionalização da economia, sejam hoje as mesmas do finado Franco – e só não tiveram as mesmas consequências porque Mantega não tem Fernando Henrique, ou coisa que o valha, para respaldá-lo. Nisso, ele, realmente, deu azar, ao ter Lula e Dilma como chefes.

RAZÃO

Corretamente, a presidenta Dilma, em sua entrevista coletiva na China, frisou que “sabemos perfeitamente o porquê [do problema cambial], todos nós sabemos. Vai desde a política de quantitative easing [as superemissões de dólares dos EUA] e de ajuste dos países desenvolvidos até o fato de que o Brasil ainda opera com taxas de juros mais elevadas do que o resto do mundo”.

Exatamente. Desses fatores ou causas, podemos interferir no último. Aliás, devemos - ou a economia do país se transformará em reserva de caça para dólares vadios e seus donos.

Não há razão para tanto medo de que, se acontecer algo com Mantega, venha alguém pior. Tenhamos confiança na presidenta. Mas... e se viesse? Por que essa perspectiva nos faria apoiar o que é hoje o maior obstáculo à continuação das mudanças iniciadas no governo anterior - a submissão de Mantega a bancos e multinacionais, em suma, aos monopólios financeiros externos? Diríamos mesmo que, diante desse desarvoramento, o Palocci até que se assemelha a um modelo de discrição e pudor.

Menos ainda há razão para achar que a política de Mantega é mais do que um misto de neoliberalismo repetido e acoelhada inação, ou que esta última é algo muito original. Inexiste perigo maior de “algo pior” que essa eterna promessa de mediocridade.

Quanto a pintar a realidade com uma cor que não lhe é própria, pode ser que alguns artistas pensem que isso ajuda a presidenta. Mas não ajuda – e Dilma, é bastante razoável supor, sabe disso, pois não foi passando uma demão de tinta sobre a realidade que ela conseguiu triunfar em alguns dos momentos mais difíceis que uma brasileira (ou um brasileiro) já enfrentou.

CARLOS LOPES, diretor de redação do jornal Hora do Povo

Veja também:

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Said Barbosa Dib


Sérgio Cabral, com rosto nitidamente abalado na coletiva depois do massacre, mostrou a perplexidade e a indignação naturais de qualquer ser humano normal diante de ato tão bárbaro. Fez questão de destacar o heroísmo do sargento Márcio Alves que, segundo confessou o próprio Cabral, “há quatro quadras do colégio, participando de uma blitz de trânsito”, foi procurado por crianças que “choravam muito e pediam socorro”. Segundo depoimento do bravo Márcio Alves, ele, então, “correu para o colégio e, na porta, ouviu tiros”. Sozinho, o sargento entrou na escola e se deparou com a besta no corredor. Fardado, Alves efetuou “disparos de pistola em direção ao tórax do atirador e pediu para ele que largasse as armas”. “Ele caiu na escada, consegui impedir que chegasse ao terceiro andar, e se suicidou com um tiro na cabeça”, esclareceu o sargento. Observação: o sargento realmente é um herói. Não teve tempo de salvar os 12 jovens já ceifados e os vinte e tantos feridos, mas evitou que a tragédia fosse muito maior. Não conseguiu não por falta de coragem e determinação pessoal, mas porque havia quatro longas quadras de distância entre o colégio e a polícia. E isto por pura sorte, pois se a blitz não estivesse ali preocupada em multar as vans, simplesmente a chacina teria sido muito maior. Isto porque, feridas e apavoradas, algumas crianças (também heróicas) tiveram que correr as quatro quadras, se esvaindo em sangue, até conseguirem a ajuda do herói policial. E este, teve ainda que correr as mesmas quatro quadras de volta para chegar ao local dos crimes. Quer dizer: não se pode evitar totalmente a subjetividade de uma mente doentia que resolve provocar uma carnificina, mas se houvesse a presença objetiva e constante de uma guarda escolar, em um bairro sabidamente complicado em termos de segurança, talvez o meliante tivesse tido menos sucesso em sua ignomínia. E aí, Cabral, não há discurso ou choro que explique a ausência do Estado na proteção das nossas crianças. É omissão mesmo. E culpa e negligência. A Dilma, como mulher, mãe, avó, como ser humano, enfim, chorou. E acredito na honestidade de sua compaixão. Mas... como presidente.... Não sei. Talvez tenha pensado, com um sentimento de culpa terrível, no quanto sonega em investimentos necessários em segurança, saúde e educação para a população, apenas para pagar a agiotagem dos juros junto aos banqueiros...

sábado, 2 de abril de 2011

Helio Fernandes

Conversa com o comentarista Ricardo Câmara, que mostra importantes detalhes sobre os bastidores da PRIVATIZAÇÃO-DOAÇÃO da Vale.

Ricardo Câmara:


“Prezado Jornalista Hélio Fernandes. Bendito retorno; O assunto privatização da Vale deve estar sempre em pauta, pois o povo brasileiro deve tomar conhecimento do prejuízo das 9.688 bilhões de toneladas de ferro que foi omisso no edital da venda.Em 1995, segundo um laudo da Coordenação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe), esta entregou um relatório à SEC-Securites and Exchange Commission, instituição norte-americana responsável pela mercado de ações, informando as reais condições de reservas minerais. Só no Sistema Sul, em Minas Gerais,apresentava um total de 7.918 bilhões de toneladas em ferro, sendo que no edital vendas item 6.5.1), registrava apenas no Sistema Sul, 1,4 bilhões de toneladas, quer dizer, uma cruel diferença de 6.518 bilhões de toneladas a menos.Ainda de acordo com as informações da Coppe, havia um critério para avaliação mineral, isto é, in situ (dentro da mina) e mine gate (na boca da mina) que logo depois, a cargo da Mineral Resources Development Inc. (MRDI), outra empresa americana, contratada pela Merril Lynch e Bradesco S/A para somente avaliar as reservas minerais in situ (dentro da mina) como aconteceu com o ferro, valendo também adotar o mesmo critério para o manganês (cotado em US$ 0,5/ton), desprezando a mine gate (boca da mina), que à época estava cotado em US$ 20,00/tonelada. E assim sucessivamente, ao ouro, à bauxita, dentre outros minerais que não foram avaliados, idem o setor floresta, celulose e papel; o direito de lavras; transferência ilegal dos minerais nucleares etc. Embora a grande mídia divulgue uma escala favorável ao lucro da empresa privada (Vale), isso não tira da mente do povo brasileiro o direito que lhe pertence, a reestatização da Vale”.

Comentário de Helio Fernandes:

Meus parabéns, Ricardo, elogios que não cabem no blog inteiro. Tudo o que eu pudesse dizer não seria suficiente para resumir os serviços que você prestou à comunidade. O máximo e o mínimo que poderíamos fazer seria isto; recomendar que todo o teu texto fosse distribuído em massa, principalmente para estudantes. Da escola pública até as universidades, fossem de que setor fossem. Não apenas estudantes de Direito ou matérias afins, todos devem ou deveriam saber como roubam nossas riquezas. Médicos, engenheiros, dentistas, arquitetos, têm a obrigação e o direito de saberem por que o Brasil continua no estágio em que está.
Tribuna da Imprensa

Urânio empobrecido, forma estranha de proteger civis líbios


Matéria da Editoria:
Internacional

30/03/2011

Nas primeiras 24 horas de bombardeios a Libia, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Trata-se de um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares, sendo uma substância muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Esse urânio empobrecido pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos em bebês e síndromes de imunodeficiência, entre outras doenças. O artigo é de David Wilson.

David Wilson – Stop the War Coalition

Data: 27/03/2011


“Os mísseis que levam pontas dotadas de urânio empobrecido se ajustam à perfeição à descrição de uma bomba suja...Eu diria que é a arma perfeita para assassinar um monte de gente”.
Marion Falk, especialista em física e química (aposentada), Laboratório Lawrence Livermore, Califórnia (EUA).

Nas primeiras vinte e quatro horas do ataque contra a Líbia, os B-2 dos EUA lançaram 45 bombas de 2 mil libras de peso cada uma (um pouco menos de uma tonelada). Estas enormes bombas, junto com os mísseis de cruzeiro lançados desde aviões e navios britânicos e franceses, continham ogivas de urânio empobrecido.

O DU (urânio empobrecido, na sigla em inglês) é um resíduo do processo de enriquecimento de urânio que é utilizado nas armas e reatores nucleares. Trata-se de uma substância muito pesada, 1,7 vezes mais densa que o chumbo, muito valorizada no exército por sua capacidade para atravessar veículos blindados e edifícios. Quando uma arma que leva uma ponta de urânio empobrecido golpeia um objeto sólido, como uma parte de um tanque, penetra através dele e depois explode formando uma nuvem quente de vapor. Esse vapor se transforma em um pó que desce ao solo e que é não só venenoso, mas também radioativo.

Um míssil com urânio empobrecido quando impacta algo sólido queima a 10.000°C. Quando alcança um objetivo, 30% dele fragmentam-se em pequenos projéteis. Os 70% restantes se evaporam em três óxidos altamente tóxicos, incluído o óxido de urânio. Este pó negro permanece suspenso no ar, e dependendo do vento e das condições atmosféricas pode viajar a grandes distâncias. Se vocês pensam que Iraque e Líbia estão muito distantes, lembrem-se que a radiação de Chernobyl chegou até Gales.

É muito fácil inalar partículas de menos de 5 micra de diâmetro, que podem permanecer nos pulmões ou em outros órgãos durante anos. Esse urânio empobrecido inalado pode causar danos renais, câncer de pulmão, câncer ósseo, problemas de pele, transtornos neurocognitivos, danos genéticos, síndromes de imunodeficiência e estranhas enfermidades renais e intestinais. As mulheres grávidas expostas ao urânio empobrecido podem dar à luz a bebês com deformações genéticas. Uma vez que o pó se vaporiza, não cabe esperar que o problema desapareça. Como emissor de partículas alfa, o DU tem uma vida média de 4,5 milhões de anos.

No ataque da operação “choque e pavor” contra o Iraque foram lançadas, somente sobre Bagdá, 1.500 bombas e mísseis. Seymour Hersh afirmou que só o terceiro comando de aviação dos Marines dos EUA lançou mais de “quinhentas mil toneladas de munição”. E tudo isso carregava pontas de urânio empobrecido.

A Al Jazeera informou que as forças invasoras estadunidenses dispararam 200 toneladas de material radioativo contra edifícios, casas, ruas e jardins de Bagdá. Um jornalista do Christian Science Monitor levou um contador Geiger até zonas da cidade que sofreram uma dura chuva de artilharia das tropas dos EUA. Encontrou níveis de radiação entre 1.000 e 1.900 vezes acima do normal em zonas residenciais. Com uma população de 26 milhões de habitantes, isso significa que os EUA lançaram uma bomba de uma tonelada para cada 52 cidadãos iraquianos, ou seja, uns 20 quilos de explosivos por pessoa.

William Hague, Secretário de Estado de Assuntos Exteriores britânico, disse que estávamos indo a Líbia “para proteger os civis e as zonas habitadas por civis”. Vocês não têm que olhar muito longe para ver a quem e o que está se “protegendo”.

Nas primeiras 24 horas, os aliados gastaram 100 milhões de libras esterlinas em munição dotada de ponta de urânio empobrecido. Um informe sobre controle de armamento realizado na União Europeia afirmava que seus estados membros concederam, em 2009, licenças para a venda de armas e sistemas de armamento a Líbia no valor de 333.357 milhões de euros. A Inglaterra concedeu licenças às indústrias bélicas para a venda de armas a Líbia no valor de 24,7 milhões de euros e o coronel Kadafi pagou também para que a SAS (sigla em inglês do Serviço Especial Aéreo) para treinar sua 32ª Brigada.

Eu aposto que nos próximos 4,5 milhões de anos, William Hague não irá de férias ao Norte da África.

Tradução: Katarina Peixoto