quarta-feira, 24 de junho de 2020

Coluna do Limongi

SAUDOSO E CARINHOSO 

Jair Bolsonaro costumava perguntar aos filhos pelo amigo da família: “Como está o Queiroz?”. Mas desta vez foram atordoados auxiliares que informaram: “Queiroz foi preso, presidente!”. O fato remete os brasileiros àquela surreal reunião ministerial de 22 de abril, quando Bolsonaro quase tirou o fígado do então ministro da Justiça, Sergio Moro, exigindo mudanças na Polícia Federal para “proteger minha família e meus amigos”. Todavia, a Polícia Civil de São Paulo chegou primeiro e levou Fabrício Queiroz em cana. “Anjo” foi o sugestivo nome da operação, que nada tem de divinal.

AMEAÇAS E INSINUAÇÕES 

Nessa linha, fica ainda mais tenso o clima político com a prisão de Queiroz diante do pacote de quarta-feira, recheado com novas ameaças e insinuações de Jair Bolsonaro, definidas pelo presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, como “habituais declarações dúbias” do chefe da Nação. Antes da prisão do assessor e amigo do filho senador, Bolsonaro não se fazia de rogado. Distribuiu lamúrias, em defesa de seus dóceis aliados: “Estão abusando”, “direitos são violados”, “ideias perseguidas” e “liberdade do povo”. Resta saber em qual capítulo o enrolado Fabrício Queiroz se enquadra. Nesse sentido, prossegue o surreal arraial noticioso da famosa companhia de comédia liderada pelo diretor e astro Bolsonaro. 

PRISÃO DOMICILIAR 

O notável doutor Cappa Preta queria prisão domiciliar para o churrasqueiro Queiroz, alegando que o cervejeiro tem câncer. Mas as imagens contam outra história, mostrando um fagueiro hóspede pronto para assar peixe e tomar uma gelada. Com direito a receber amiguinhas levadas por um irmãozinho do peito. Depois, jogar “peladas” no campinho da mansão. Porque Queiroz não é de ferro e tinha direito a uma vida supimpa, pelos serviços prestados, mas agora o mundo desabou sobre sua cabeça. Enquanto isso, seu líder, patrão e amigo, senador Flávio Bolsonaro, por sua vez, cedo ou tarde estará no limbo do Conselho de Ética do Senado. Não escapará. Missão árdua e delicada para o presidente da chamada Câmara Alta, Davi Alcolumbre. 

SONHO DE ALCOLUMBRE 

O roliço senador do DEM não esconde que deseja ser reeleito para o posto. Para mudar a Constituição, precisará do empurrão da tropa de choque de Bolsonaro. Se é que ele tem uma. Tipo uma mão lava a outra e as duas… mais um capítulo do descarado cinismo e empulhação. 

ALUCINADO E GROTESCO WEINTRAUB 

Caso ainda tenha algum neurônio funcionando, Flávio Bolsonaro renunciará ao mandato. Passo a palavra ao mestre Jorge Béja. E o nefasto ex-ministro da Educação, por sua vez, é prova viva que o crime compensa. Bendita punição, diretor do Banco Mundial. Função já ocupada pelo ex-ministro Pedro Malan, como observou o atilado colunista do Globo, Bernardo Mello Franco. O alucinado e grotesco Weintraub vai ajudar a afundar, ainda mais, a desmoralizada imagem do Brasil no exterior. 

A edição extra do Diário Oficial com a exoneração do imbecil deveria ser incinerada e jogada no lixo da história. Restam, por fim, duas perguntas: porque os (as) maluquetes apoiadores de Bolsonaro colocaram a viola no saco, nas redes sociais? Será que Weintraub pagou a multa de 2 mil reais, por não usar máscara, como determina o decreto do governador de Brasília, Ibaneis Rocha? Claro que não! 

GALVÃO PISOU NA BOLA 

Na bela homenagem pelos 50 anos do tri, no programa "Bem, amigos", segunda, no Sportv, Galvão Bueno tropeçou no vernáculo, chamando o genial e eterno Gerson, o "canhotinha de ouro" da memorável conquista, de "ranzinza". Durante sua longa e vitoriosa carreira, Gerson carregou o carinhoso apelido de "papagaio". Atleta falante, perfeccionista, meia cerebral e dono de forte personalidade. Portanto, nessa linha, Gerson jamais merece ser confundido como ranzinza. Sugiro que Galvão Bueno abra o dicionário na letra "R" e leia: Ranzinza: zangado, mal-humorado, ranheta ou rabugento. Gerson não se enquadra em nenhuma dessas categorias. 

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Mais patético do que a justiça precisar decidir que Bolsonaro terá que usar máscara, em Brasília, sob pena de ser multado em 2 mil reais pelo governo do Distrito Federal, é a Advocacia-Geral da União manifestar-se contra a medida, anunciando que vai recorrer da decisão. Surreal e inacreditável. A lei é para todos. Inclusive para o chefe da nação. Se o super-homem Bolsonaro quer subestimar o covid-19, é problema dele. Mas contribuir para contaminar os outros é burrice e crime. 

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Nesta quadra penosa, sombria e preocupante de pandemia, é saudável e estimulante saber também que milhares enfrentaram e venceram, com galhardia e fé em Deus, o convid-19. É animador e emocionante imagens de homens e mulheres, idosos e jovens, deixando o hospital com sorriso aliviado e vitorioso. Sob aplausos, canções e cartazes de médicos, bombeiros, paramédicos, motoristas de ambulâncias, enfermeiros e faxineiros. Todos eles devidamente reconhecidos como anjos defensores de vidas. A corrente iluminada de amor a si mesmo e aos outros, precisa continuar atuante. Conscientizando e ganhando mais adeptos. Os números de mortos e infectados mostram que ainda requer muito trabalho e esforços para finalmente derrotar o inimigo. É urgente e necessário convencer imprudentes e irresponsáveis para os riscos eminentes do não uso da máscara e da importância do isolamento social. 

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