Ou... Santos do pau oco financiam “Transparência” Internacional
Por Said Barbosa Dib*
Depois que se descobriu petróleo no “Pré-Sal”, em 2007, não se tem mais moleza para nossa Soberania. Os abutres estão sobrevoando a carniça. Não falo apenas da presença intimidatória da Quarta Frota dos Estados Unidos (U.S. 4th Fleet) no Atlântico Sul, desativada em 1950, mas reativada em 2008, coincidentemente um ano depois da descoberta do Pré-Sal. Nem das influências estrangeiras na manipulação da “nossa” ANP – Agência Nacional do Petróleo – e da legislação brasileira sobre o assunto, algo que ocorre desde o governo apátrida de FHC. “Influências” (é bom que se diga) mantidas nos governos também apátridas petistas. Temas que já foram sobejamente comentados por pessoas melhores que eu. São fatos que vinham preparando terreno para o golpe de misericórdia atual, quando se vê, em nome de se punir ações de corrupção pontuais em sua cúpula, a maior empresa brasileira sofrendo campanha maciça para denegri-la e para desestabilizá-la. A idéia óbvia é depreciar suas ações para se viabilizar a privatização, para a felicidade das transnacionais estrangeiras e dos seus vassalos locais. Há poucos dias, apareceu no New York Times e nos diversos retransmissores da mídia tupiniquim: “O escândalo da Petrobras foi eleito o segundo maior caso de corrupção no mundo”. E olha que este mundão velho de Deus é grande, sô! Muito grande! Dizem os veículos que houve uma tal “votação, com participação de 4,5 milhões de pessoas”, que teria “indicado casos de corrupção ao redor do mundo”. Não foram divulgadas informações detalhadas sobre a metodologia utilizada, se foi pela Internet ou por quaisquer outros meios. Ou se foi pesquisa estimulada ou não. Só se sabe que a tal “pesquisa” foi feita pela “insuspeita” ONG Transparência Internacional. Segundo a ONG, o caso Petrobras, com 11.900 votos, teria ficado com medalha de prata, atrás apenas do “caso de corrupção” do ex-presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, com 13.210 votos. Num universo, repito, de 4,5 milhões de pessoas ouvidas (?) pelo mundo. Legal! Mas, como “Jack, o Estripador”, vamos por partes para compreender melhor a curiosa notícia. Quem são as empresas e as pessoas honestas e preocupadas que financiam a “bem intencionada” e “honrada” ONG Transparência Internacional? Elas têm algum interesse na Petrobras e na Ucrânia? Elas têm uma história de vida ilibada no cenário internacional? Haverá alguma coincidência no fato de que na lista o primeiro lugar tenha ficado com Viktor Yanukovich da Ucrânia e o segundo com a Petrobras? Quais os interesses em jogo neste imbróglio todo? Para quem tem a mente aberta, não custa nada conferir alguns fatos. Bastam alguns cliques. Numa rápida visita ao site oficial da ONG Transparência Internacional, na parte denominada “quem nos apoia”, no endereço http://www.transparency.org/whoweare/accountability/who_supports_us/2/, temos as respostas. Constata-se alí lista bastante interessante com entidades já bem manjadas, como: o National Endowment for Democracy (NED); a SGS AS – antiga Société Générale de Surveillance; a PwC – PricewaterhouseCoopers; a Ernst & Young; e a Open Society Foundations, do megaespeculador “filantropo”, George Soros, aquele que quase faliu a Libra da Inglaterra. Tem outras, muitas outras, mas vamos ficar somente nestas gracinhas. Vamos aos fatos:
1º) O National Endowment for Democracy (NED) foi criado em 1983, em plena “Guerra Fria”. O objetivo oficial seria “promover a democracia no mundo”. Aparentemente, causa nobre; intenção, boa. Quem poderia questionar a idéia? Mas o Inferno está cheio de boas intenções. A verdade é que o negócio era criar discórdia, desestabilização, na Europa soviética. E conseguiu. Hoje o modus operandi é o mesmo. O NED patrocina ONGs, entidades pouco representativas, movimentos ditos sociais, inocentes úteis de vários matizes e até mercenários, com vários bilhões de dólares, para a derrubada de governos não alinhados com Washington. Esteve por trás de todas as chamadas “revoluções coloridas” no Leste europeu e da chamada “Primavera Árabe”, recentemente. E da Síria atualmente. A bola da vez. O desenvolvimento tecnológico e da comunicação ampliou a força de atuação desestabilizadora da NED. A idéia é inviabilizar politicamente qualquer governo que não se verga. As suas ONGs agem sob fachadas humanitárias que, teoricamente, ninguém poderia questionar quanto aos ideais, como o estímulo de “práticas democráticas", da “transparência” e dos "direitos humanos". Se concentram principalmente naquelas minorias insatisfeitas, nos frustrados por motivos diversos, para desenvolver falanges radicais contra o governo de plantão, cuja independência Washington pretende restringir. Segundo confessa a secretária de estado assistente do governo dos EUA, Victoria Nuland, Washington gastou US$5 bilhões na Ucrânia para apoiar políticos medíocres e criar ONGs e falanges, como “quinta coluna” para derrubar o presidente eleito, Viktor Yanukovich. Aquele da “medalha de ouro” da corrupção. Quando o presidente se recusou a alinhar a Ucrânia com os interesses de Washington, quando preferiu a união histórica com os russos, o seu governo foi derrubado com violência. Assim, “sem choro nem vela!”. A justificativa pífia é sempre a mesma: o discurso vazio sobre “corrupção”. Nada até hoje foi efetivamente comprovado. Não teve tempo. Não houve devido processo legal e coisa e tal. Apesar da conversa fiada sobre democracia, nada impediu Washington e seus asseclas ucranianos de derrubarem o presidente eleito. E isto em pleno “quintal” geopolítico dos russos.
2º) O que é a SGS AS – antiga Société Générale de Surveillance? A entidade financia a Transparência Internacional contra a Petrobras, mas, na década de 90 se envolveu em pagamentos suspeitos para o marido da então primeira-ministra paquistanesa, Benazir Bhutto, Asif Ali Zardari. Propina, mesmo! Foi acusada em 1998 de subornar funcionários do governo para ganhar contratos no Paquistão. Ela foi retirada da proposta. Em 2004, dizem que rolou mais propina e a SGS SA e o governo do Paquistão chegaram a um acordo em que as partes retiravam suas reivindicações na Justiça.
3º) A PwC – PricewaterhouseCoopers também financia a “correta” Transparência Internacional. Mas é uma das principais empresas responsáveis pelo escândalo conhecido como “Luxemburgo Leaks”, esquema bilionário de evasão de impostos por multinacionais norte-americanas, que causou, durante anos, rombo de centenas de bilhões de dólares para o erário dos EUA. Segundo o excelente jornalista Mauro Santayana, no artigo “A Petrobras e o ´Domínio do Boato`", a PwC ainda está “por trás do escândalo envolvendo a Seguradora AIG em 2005, fraude contábil do grupo japonês Kanebo, ligado à área de cosméticos, que levou funcionários da então ChuoAoyama, parceira da PwC no Japão, à prisão. Está também envolvida com o escândalo da liquidação da Tyco International, Ltd, no qual a PricewaterhouseCoopers teve de pagar mais de 200 milhões de dólares de indenização por ter facilitado ou permitido o desvio de 600 milhões de dólares pelo presidente executivo e pelo diretor financeiro da empresa”. Santayana nos informa ainda que o Public Company Accounting Oversight Board dos Estados Unidos encontrou, em pesquisa realizada em 2012, “deficiências e problemas significativos em 21 de 52 trabalhos de auditoria realizados pela PwC para companhias norte-americanas naquele ano”.
4º) Outra que também financia a Transparência Internacional é a EY, a antiga Ernst & Young, uma das quatro maiores empresas de serviços profissionais do mundo (as Big Four), presente em 150 países, em 728 escritórios, com mais de 190 mil funcionários. A firma, com sede em Londres, presta serviços de auditoria, elisão fiscal (ironia!), consultoria e transações corporativas. Junto com KPMG, Deloitte e PricewaterhouseCoopers, a Ernst & Young é também uma das principais envolvidas no escândalo financeiro internacional chamado Luxemburgo leaks, aquele em que grandes empresas transnacionais evitaram o pagamento de impostos através da elisão fiscal.
5º) Outro que financia a “honesta” Transparência Internacional é o maior representante da plutocracia internacional e que, nos últimos anos, vem sendo um dos que mais vêm ganhando com a especulação, o sobe-desce, com as ações da Petrobras. É também o cara que dizia, em 2008, que a solução da crise passaria necessariamente pelo fim dos Estados soberanos. Soros é financiador de Michel McFaul e Gene Sharp, especialistas em participar daquelas revoluções coloridas já citadas. Ao final de 1990, George Soros doou US$ 400 milhões anualmente para programas de “democracia” na Europa, entenda-se, desestabilização de governos. Quando eles dizem “a democracia está se espalhando”, significa caos social e político, anarquia e queda de governos soberanamente eleitos, como foi constatado nos Balcãs, no norte da África em sua “primavera” árabe e agora na Síria. Assim como o National Endowment for Democracy (NED), Soros despejou centenas de milhões no antigo bloco comunista. Pegou o know how de destruidor de governos naquela época. O antigo império soviético tornou-se, assim, área de influência dos interesses dos EUA e de Soros, que trabalhou nos bastidores para desestabilizar governos como os da Croácia, Eslováquia, Sérvia, Geórgia, Kosovo e Ucrânia. E claro, não deixou de saquear as reservas naturais daqueles países. Como pretende fazer com os recursos do nosso Pré-Sal.
Não estou querendo acirrar o ingênuo confronto entre “coxinhas” e “petralhas”, entre direita e esquerda ou quem quer que seja, com estas informações. É hora de pensarmos no que nos une, não no que nos divide e enfraquece. Somente com união, com patriotismo, preservaremos nossa Soberania. O que interessa é esclarecer todos os brasileiros do perigo do que está acontecendo. A Petrobras é patrimônio decisivo do Brasil, do futuro de todos nós. Casos de corrupção devem ser punidos com o rigor da Lei. Mas não se pode deixar de preservar a Petrobras e o Pré-Sal. Se nós brasileiros não nos unirmos e não tivermos uma visão crítica do que vem acontecendo, tudo estará perdido. É isso: cautela, canja de galinha e patriotismo não fazem mal a ninguém!
* Said Barbosa Dib é historiador e analista político em Brasília
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