R$ 501,786 bilhões em 2015 mais R$ R$ 85,357 bilhões no primeiro trimestre deste ano desviados para bancos e demais rentistas
Dilma deixou evidente seu estelionato eleitoral com o anúncio de um “ajuste” fiscal, que incluiu redução de direitos trabalhistas e previdenciários, arrocho salarial dos servidores federais, cortes no Pronatec, Minha Casa Minha Vida, entre outros programas. Tudo isso para não tocar um milímetro na principal e verdadeira causa do desajuste fiscal: a brutal transferência de recursos do setor público para os bancos, fundos e especuladores em geral. Em apenas 15 meses foram torrados com juros nada menos que R$ 587,143 bilhões, sendo R$ 501,786 bilhões (8,5% do PIB) no ano passado e R$ R$ 85,357 bilhões no primeiro trimestre deste ano, segundo relatório de política fiscal divulgado pelo Banco Central, na sexta-feira (29/04). Com essa derrama, sobra o que para investimento? Corte nos investimentos públicos implica também em queda nos investimentos privados. Em 2015, a taxa de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos, caiu 14,1% em 2105, levando os investimentos líquidos no país a sofrer uma perda de 40%, segundo Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada na sexta-feira. O coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, projeta uma queda de 7,8% na FBCF este ano. “O que a gente pode concluir por meio desse número (previsão de queda de 7,8% da FBCF) é que o cenário recessivo ainda não se esgotou, que a redução do PIB não parou”, avaliou o economista. Para Souza Júnior, a redução do investimento “está diminuindo a nossa capacidade de crescimento”. Segundo ele, a resposta para a crise da economia brasileira não será rápida nem fácil. Os maiores juros do mundo, corte de investimentos e desnacionalização, marcas registradas do governo Dilma/Temer, fizeram desabar o PIB (-3,8% em 2015, devendo se repetir esse ano), colocando o país em recessão e explodindo o desemprego. Exatamente no período em que foram desviados para o setor financeiro R$ 587,143 bilhões, sob a forma de juros, 1.861.521 trabalhadores com carteira assinada foram demitidos – dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. De acordo com a Pnad Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já tem 11,1 milhões de desempregados. “O PIB cai, se produz menos e aí, pessoas são mandadas embora”, disse Souza Júnior, para quem a tendência é de continuidade da queda do nível de emprego este ano: “É uma tendência forte, não há muito o que fazer, a não ser melhorar as perspectivas da economia para evitar um cenário ainda pior”. O relatório do Banco Central registra também que a dívida líquida do setor público alcançou R$ 2,315 trilhões (38,9% do PIB) em março, um aumento de 2,1 pontos percentuais do PIB em relação ao mês anterior. Ao mesmo tempo, a dívida bruta do Governo Geral (Governo Federal, INSS, governos estaduais e governos municipais) alcançou R$ 4,008 trilhões (67,3% do PIB). Na composição por indexador, 29,1% da dívida são de títulos prefixados, 26,2% são vinculados a índices de preço, 19,5% indexados pela taxa Selic e 0,5% vinculados ao câmbio. Para tirar o país do fundo poço – dois anos consecutivos de PIB negativo – não há outro caminho a não ser estancar a sangria dos recursos públicos, isto é, reduzir os juros aos níveis internacionais. Inclusive, a média da taxa básica de juros nas 40 maiores economia está negativa: -1,5%. Reduzir os juros para liberar recursos para o investimento público, para potencializar, também, os investimentos privados. E fortalecer o mercado interno, com valorização do salário mínimo. Por isso, se faz necessário fazer uma limpa no Planalto, com eleições gerais, já!
Valdo Albuquerque/Hora do Povo
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