quinta-feira, 3 de março de 2011

Os equívocos da Campanha da Fraternidade 2011


A idolatria da natureza promove a pobreza, a fome e o malthusianismo

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acaba de prestar um grande desserviço à sociedade brasileira, ao dedicar a Campanha da Fraternidade 2011 à agenda ambientalista da “descarbonização” da economia, tendo como tema central o inexistente problema do aquecimento global supostamente causado pelo homem. Para orientar os trabalhos da campanha, a CNBB está distribuindo em todas as dioceses do País um texto-base que, se excluídas as considerações de cunho teológico-religioso, é indistinguível das publicações catastrofistas das grandes ONGs ambientalistas integrantes da campanha alarmista sobre as mudanças climáticas.
Em 135 páginas quase inacreditáveis, o documento desperdiça - e distorce - o inspirador tema “Fraternidade e a vida no planeta”, reproduzindo sem maiores contestações toda a pletora de argumentos que têm sido manipulados para justificar as limitações ao uso de combustíveis fósseis – petróleo, gás natural e carvão mineral - e as restrições a um conjunto de tecnologias modernas, propostas de ambientalistas radicais, cuja aceitação pela sociedade implicaria em um virtual retrocesso civilizatório.
Com isso, a CNBB não apenas se equipara ao movimento ambientalista internacional, na condição de instrumento político de uma campanha contra o progresso, como também contraria frontalmente as esclarecidas posições que o Vaticano tem manifestado sobre os temas ambientais, por meio de altos dignitários da Igreja, inclusive, o próprio Papa Bento XVI.
Em termos estritamente teológicos, o aspecto mais surpreendente do documento é a tentativa de justificar a agenda ambientalista segundo os cânones do magistério cristão, em especial, com uma coleção de citações de documentos eclesiásticos e declarações de autores cristãos e papas (inclusive os dois últimos), retiradas dos seus contextos gerais para fazer parecer que a doutrina cristã apoia o radicalismo “verde”. Assim, o que fazem os autores é promover uma autêntica idolatria da natureza que remete ao paganismo pré-cristão, como já advertiu ninguém menos que o próprio papa Bento XVI, que rotulou a ideologia malthusiana-ambientalista como “neopaganismo”.
Vale enfatizar que, ao contrário do que os alarmistas do clima afirmam com certeza dogmática, não existe qualquer evidência científica que permita diferenciar as variações climáticas ocorridas nos últimos dois séculos, dentro das oscilações muito mais amplas e rápidas verificadas ao longo do período geológico conhecido como Holoceno, os últimos 12 mil anos, no qual a Civilização tem existido. Ou seja, simplesmente não é possível atribuir as mudanças climáticas recentes às ações humanas - pelo que a hipótese do aquecimento global antropogênico é reprovada no teste do método científico (aliás, a própria expressão mudanças climáticas é redundante, pois o clima está sempre em mudança).
Se um tal documento tivesse sido produzido por uma ONG ambientalista, nem valeria a pena respondê-lo. Entretanto, tratando-se de uma iniciativa que pretende representar o magistério da Igreja sobre questões referentes ao bem-estar da sociedade, não se pode ignorá-lo. Por isso, o Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa) dedicou ao assunto uma edição especial do jornal quinzenal Solidariedade Ibero-americana, que pode ser consultada, clicando aqui.

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