"FilmeFobia", incômodo trabalho de Kiko Goifman, sai vitorioso do Festival de Brasília
Daniel Schenker Wajnberg
Daniel Schenker Wajnberg
O excelente "FilmeFobia", de Kiko Goifman, projeto que confronta atores e não-atores com (supostamente) suas próprias fobias, venceu a 41ª edição do Festival de Cinema de Brasília, levando os Candangos de melhor filme, ator (Jean-Claude Bernardet), direção de arte (Cris Bierrenbach), montagem (Vânia Debs) e prêmio da crítica.
O resultado foi recebido com aplausos e algumas vaias do público presente ao Cine Brasília, na noite da última terça-feira. Mas nada comparado à reação negativa causada por "Cleópatra", de Julio Bressane, ano passado.
O júri oficial - formado pelo jornalista Artur Xexéo, pelos cineastas Vladimir Carvalho, Carlos Reichenbach, Murilo Salles e Sergio Machado e pelas atrizes Sandra Corveloni e Maria Flor - contemplou todos os filmes em competição (ver abaixo.
"Tudo isso parece um sonho", que parte da "impossibilidade" de fazer um filme sobre um personagem histórico (Gal. Abreu e Lima) em relação ao qual não há imagens de arquivo, ganhou os Candangos de direção e roteiro. "À margem do lixo", de Evaldo Mocarzel, documentário sobre catadores de material reciclável em São Paulo, venceu no quesito fotografia, além do prêmio especial do júri e do prêmio do júri popular. "Fico muito satisfeito que um documentário árduo como este tenha conquistado o público de Brasília", disse Mocarzel. A produtora Assunção Hernandez complementou com contundência: "Esse filme vai chegar à população brasileira de qualquer jeito".
A solução encontrada pelo júri para distribuir os prêmios de atuação num festival marcado pela predominância de documentários foi juntar os Candangos de atriz e atriz coadjuvante e concedê-los ao elenco feminino de "Siri-Ará", de Rosenberg Cariry, que levou também o prêmio de ator coadjuvante para Everaldo Pontes.
Ele dedicou seu Candango a duas musas do cinema brasileiro, as atrizes Isabella, presente ao festival, e Helena Ignez. "O milagre de Santa Luzia", filme que une os muitos Brasis através da sanfona, levou o prêmio de trilha sonora e o Troféu Vagalume, dado pelos espectadores cegos. "Ñande Guarani", documentário que reivindica soluções comuns para os guaranis, espalhados por países da América do Sul, ficou com o de som.
A cerimônia de premiação, transmitida pela TV Brasil, foi marcada pela leitura de uma carta, a cargo do ator Murilo Grossi, reivindicando melhores condições para o cinema realizado em Brasília, que somou 51 produções só este ano. "A maior parte dos filmes foi feita com recursos próprios. Convidamos o governo e empresários do Distrito Federal para que nos ajudem a sair dessa situação vergonhosa".
Correndo por fora, "Se nada mais der certo", de José Eduardo Belmonte, longa vencedor da Première Brasil da última edição do Festival do Rio, ganhou os prêmios Saruê e da equipe do jornal Correio Brasiliense. "Esse trabalho fala sobre ver no outro alguém com quem se pode contar", disse Belmonte.
No terreno dos curtas-metragens em 35mm, dois trabalhos ganharam destaque: o interessante "Superbarroco", de Renata Pinheiro, no qual um personagem se reiventa através de objetos que encontra pelas ruas, e o arrojado "Cães", de Adler Paz e Moacyr Gramacho, escorado em refinado tratamento estético. "Na madrugada", de Duda Gorter, também foi lembrado através dos prêmios de melhor atriz para Ana Lucia Torre, em interpretação filigranada, e do Prêmio Vagalume.
Thiago Mendonça ganhou como melhor diretor por "Minami em Close-up", documentário que traça uma panorâmica da Boca do Lixo paulistana por meio de uma importante publicação ("Cinema em Close-up") editada por Minami Keizi. E a melhor fala da noite foi de Malu Valle, que ganhou o Candango de melhor atriz da mostra 16mm por "Alice". "Por que não podemos assistir com mais freqüência a curtas antes da exibição de longas?", perguntou, lançando, com elegância, uma questão que há muito tempo paira no ar.
O resultado foi recebido com aplausos e algumas vaias do público presente ao Cine Brasília, na noite da última terça-feira. Mas nada comparado à reação negativa causada por "Cleópatra", de Julio Bressane, ano passado.
O júri oficial - formado pelo jornalista Artur Xexéo, pelos cineastas Vladimir Carvalho, Carlos Reichenbach, Murilo Salles e Sergio Machado e pelas atrizes Sandra Corveloni e Maria Flor - contemplou todos os filmes em competição (ver abaixo.
"Tudo isso parece um sonho", que parte da "impossibilidade" de fazer um filme sobre um personagem histórico (Gal. Abreu e Lima) em relação ao qual não há imagens de arquivo, ganhou os Candangos de direção e roteiro. "À margem do lixo", de Evaldo Mocarzel, documentário sobre catadores de material reciclável em São Paulo, venceu no quesito fotografia, além do prêmio especial do júri e do prêmio do júri popular. "Fico muito satisfeito que um documentário árduo como este tenha conquistado o público de Brasília", disse Mocarzel. A produtora Assunção Hernandez complementou com contundência: "Esse filme vai chegar à população brasileira de qualquer jeito".
A solução encontrada pelo júri para distribuir os prêmios de atuação num festival marcado pela predominância de documentários foi juntar os Candangos de atriz e atriz coadjuvante e concedê-los ao elenco feminino de "Siri-Ará", de Rosenberg Cariry, que levou também o prêmio de ator coadjuvante para Everaldo Pontes.
Ele dedicou seu Candango a duas musas do cinema brasileiro, as atrizes Isabella, presente ao festival, e Helena Ignez. "O milagre de Santa Luzia", filme que une os muitos Brasis através da sanfona, levou o prêmio de trilha sonora e o Troféu Vagalume, dado pelos espectadores cegos. "Ñande Guarani", documentário que reivindica soluções comuns para os guaranis, espalhados por países da América do Sul, ficou com o de som.
A cerimônia de premiação, transmitida pela TV Brasil, foi marcada pela leitura de uma carta, a cargo do ator Murilo Grossi, reivindicando melhores condições para o cinema realizado em Brasília, que somou 51 produções só este ano. "A maior parte dos filmes foi feita com recursos próprios. Convidamos o governo e empresários do Distrito Federal para que nos ajudem a sair dessa situação vergonhosa".
Correndo por fora, "Se nada mais der certo", de José Eduardo Belmonte, longa vencedor da Première Brasil da última edição do Festival do Rio, ganhou os prêmios Saruê e da equipe do jornal Correio Brasiliense. "Esse trabalho fala sobre ver no outro alguém com quem se pode contar", disse Belmonte.
No terreno dos curtas-metragens em 35mm, dois trabalhos ganharam destaque: o interessante "Superbarroco", de Renata Pinheiro, no qual um personagem se reiventa através de objetos que encontra pelas ruas, e o arrojado "Cães", de Adler Paz e Moacyr Gramacho, escorado em refinado tratamento estético. "Na madrugada", de Duda Gorter, também foi lembrado através dos prêmios de melhor atriz para Ana Lucia Torre, em interpretação filigranada, e do Prêmio Vagalume.
Thiago Mendonça ganhou como melhor diretor por "Minami em Close-up", documentário que traça uma panorâmica da Boca do Lixo paulistana por meio de uma importante publicação ("Cinema em Close-up") editada por Minami Keizi. E a melhor fala da noite foi de Malu Valle, que ganhou o Candango de melhor atriz da mostra 16mm por "Alice". "Por que não podemos assistir com mais freqüência a curtas antes da exibição de longas?", perguntou, lançando, com elegância, uma questão que há muito tempo paira no ar.
Longas
Filme - "FilmeFobia"
Prêmio Especial do Júri - "À margem do lixo"
Prêmio Júri Popular - "À margem do lixo"
Direção - Geraldo Sarno ("Tudo isso parece um sonho")
Ator - Jean-Claude Bernardet ("FilmeFobia")
Ator coadjuvante - Everaldo Pontes ("Siri-Ará")
Atriz e atriz coadjuvante - Elenco feminino de "Siri-Ará"
Roteiro - Geraldo Sarno e Werner Salles ("Tudo isso parece um sonho")
Fotografia - Gustavo Hadba e André Lavenère ("À margem do lixo")
Direção de arte - Cris Bierrenbach ("FilmeFobia")
Trilha sonora - "O milagre de Santa Luzia"
Som - Fernando Cavalcante ("Ñande Guarani")
Montagem - Vânia Debs ("FilmeFobia")
Prêmio da crítica - "FilmeFobia"
Prêmio Vagalume - "O milagre de Santa Luzia"
Prêmio Conterrâneos - "Ñande Guarani"
Prêmio Saruê - "Se nada mais der certo"
Prêmio Correio Brasiliense - "Se nada mais der certo"
Curtas
Filme - "Superbarroco"
Prêmio Júri Popular - "Brasília (Título provisório)"
Direção - Thiago Mendonça ("Minami em close-up")
Ator - Hilton Cobra ("Cães")
Atriz - Ana Lucia Torre ("Na madrugada")
Roteiro - Clarissa Cardoso ("Ana Beatriz")
Fotografia - Pedro Semanovischi ("Cães")
Montagem - Ivan Morales Jr. ("Arquitetura do corpo")
Prêmio da crítica - "Cães"
Prêmio Aquisição Canal Brasil - "Superbarroco"
Prêmio Vagalume - "Na madrugada"
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