Fale, governador, fale ou mande alguém falar. Ou: pegar o avião e viajar não é política de comunicação
Nos quatro anos em que estive na Comunicação Social, como Secretário de Estado e Porta-Voz, jamais deixei de responder aos questionamentos da imprensa local ou nacional sobre as denúncias que existiam contra o governo Joaquim Roriz, no período 2002/2006. Em algumas ocasiões pedia – por absoluta falta de tempo – que a matéria fosse publicada posteriormente para que pudéssemos saber quais as razões dos atos governamentais, seja de um administrador regional ou de um secretário ou mesmo de funcionário não graduado.
Isso ocorria naqueles casos em que o repórter ligava às 20 horas para ouvir o governo sobre uma denúncia que seria a manchete do jornal no dia seguinte. Ás vezes, era atendido, às vezes não. Fazia parte do jogo político e da relação de Poder entre governo e veículos de comunicação. Mesmo assim, por diversas vezes, ouvi e rebati a acusação de que o então governo "controlava" a mídia local, o que era desmentido diariamente pela plena liberdade que os veículos tinham de informar a população sobre eventuais "malfeitos", para usar uma expressão da moda.
O que espanta, nos dias de hoje, é como o atual Governo do Distrito Federal, petista, supostamente "democrático e aberto à sociedade" esconde o governador Agnelo Queiroz e também se esconde, se omite em dar as necessárias explicações sobre o processo que responde no Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a chamada "Operação Shaolin". Isso, em tempos de twitter, facebook, smartphones e todo o tipo de I (pad, phone, pod)!
Desde a campanha eleitoral de 2010 existem as denúncias contra Agnelo Queiroz e o esquema montado em sua gestão no Ministério dos Esportes e desde então o então candidato deixou de dar explicações – na campanha eleitoral preferiu recorrer à justiça eleitoral para impedir a divulgação de depoimentos de dois envolvidos, que davam testemunho de como os recursos das ONGS eram desviados. Mas não adiantou. Como se costuma repetir, a Justiça tarda, mas não falha! As denúncias continuam sem explicação cabal contrária e criou-se no GDF uma política de comunicação em que a melhor saída é pegar um avião, sumir por uns dias e esperar que a mídia, a Justiça, e a sociedade esqueçam os fatos. Não resolve!
Paulo Fona foi Secretário de Comunicação e Porta Voz do GDF (2002/06) e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul (2007/09) e Coordenador da Comunicação da campanha de Joaquim e Weslian Roriz em 2010.
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