Foto: memoria.ebc.com.br
Apenas em janeiro, gastos com juros somaram R$ 30,4 bilhões
Por Valdo Albuquerque (Hora do Povo)
Em janeiro, o desperdício de recursos públicos com
juros totalizou R$ 30,399 bilhões, cifra recorde para o mês. Em 12 meses, foram
desviados para o cofre dos bancos nada menos que R$ 256,606 bilhões, o
equivalente a 5,30% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo números do Banco
Central. Não se pode dizer que a equipe econômica não tenha caprichado em
favorecer o setor rentista. Afinal, desde abril do ano passado os juros já
foram elevados oito vezes, atingindo o patamar de 10,75% ao ano, no mês
passado. Aliás, uma diretriz que vem de cima. Após as manifestações de junho de
2013, em um simulacro de satisfazer “as vozes das ruas”, em reunião com
governadores e prefeitos, Dilma anunciou cinco pactos, que não foram avalizados
por ninguém, dos quais o primeiro ponto era exatamente o de “Responsabilidade
fiscal e controle da inflação”. E apenas este foi cumprido à risca. Todos sabem
que a tal da “responsabilidade fiscal” – também pode ser “robustez fiscal”,
“consolidação fiscal” etc. – nada mais é que o “belo primário” do ministro
Mantega. Ou seja, o desvio de recursos orçamentários para garantir o pagamento
dos juros estratosféricos, estabelecidos pelo próprio governo, para os bancos.
O que por si só já era contraditório com os três últimos pontos (Saúde,
Educação e Transporte). O segundo item era o “Plebiscito para formação de uma
constituinte sobre reforma política”. Pois bem, no ano passado, o setor público
gastou com juros a astronômica quantia de R$ 248,856 bilhões (5,18% do PIB), a
maior de todos os tempos. Não foi à toa a declaração do presidente do Bradesco,
Luis Carlos Trabuco, de que o setor financeiro “está confortável com Dilma”. Se
os bancos estão confortáveis, o mesmo não se pode dizer da indústria, nem dos
trabalhadores, que entregaram em 2010
a então candidata Dilma a “Agenda para o
Desenvolvimento” – reapresentada para a já presidente, após a 7ª Marcha da Classe
Trabalhadora - e até hoje não tiveram nenhuma reivindicação atendida. Já a
indústria, assolada pelos juros mais altos do mundo, por um câmbio
desequilibrado e pela desnacionalização galopante vive o pior dos mundos. Para
encobrir o seu fracasso, o governo tem recorrido ao marketing puro e simples.
Depois de ver o PIB levar sucessivos tombos, com a institucionalização do
pibinho, o governo resolveu espalhar que a variação do PIB do Brasil no ano
passado (2,3%) foi o terceiro maior do mundo. Não foi (v. matéria nesta
página). O resultado pífio de 2013 se deveu em muito ao péssimo resultado da
indústria (1,3%), que nem compensou a queda de mais de 2% de dois anos
anteriores. O desempenho maior ficou por conta da agropecuária (7%). Um grande
sucesso esse, de retroceder ao modelo agro-exportador de antes da Revolução de
30. Afinal, a desindustrialização, consequência da desnacionalização, está aí e
o governo ao invés de combatê-la a estimula, com sua política de atração de
investimento direto estrangeiro (IDE) e de capitais especulativos para cobrir o
rombo das contas externas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário