Por Silvia Palacios/ Alerta em Rede
A
ideologia do gênero, fabricada por um poderoso lobby malthusiano internacional,
que logrou impô-la na Conferência Mundial sobre a Mulher, em Pequim (1995), foi
introduzida nos organismos especializados das Nações Unidas, 15 anos atrás.
Desde então, as nações e os seus poderes constituídos, em todo o mundo, têm
sido fortemente pressionados para adequar as suas leis e culturas às resoluções
neles aprovadas, tendo o tema entrado de fato no jogo das pressões
diplomáticas. Até o momento, a ONU tem servido como um palco privilegiado para
se forçar uma mudança cultural de alcance mundial, impondo-se novas convicções
que questionam a existência da família natural, as diferenças entre homem e
mulher e a gestação da vida. Por isso, é de grande relevância que um grupo de
nações, representando uma significativa fração da população mundial, tenha se
unido para confrontar aquela agenda supranacional, que representa uma ameaça à
existência da pessoa e da soberania dos Estados. Em 28 de junho, em Genebra,
Suíça, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução que
reconhece a família como o núcleo da sociedade. O texto afirma:
“Reconhecemos
a família como o núcleo natural e fundamental da sociedade, e com direito à
proteção por parte da sociedade e do Estado. (…) A família tem a
responsabilidade primária de nutrir e proteger as crianças. (…) Para o
desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, elas devem crescer
em um ambiente familiar e uma atmosfera de felicidade, amor e entendimento.” (ACI/EWTN Noticias,
28/06/2014)
Possivelmente,
quando a ideologia do gênero foi imposta, em Pequim, a maioria das pessoas
sequer imaginasse que, em algum momento, a afirmação da prevalência da família
natural viria a constituir um tema de discrepâncias mundiais. Mas, desde então,
aqueles grupos de poder que controlam os meios de comunicação, sistemas
educacionais, movimentos sociais e outros meios de propaganda e influência, se
puseram à frente de uma autêntica guerra cultural contra a civilização cristã. A
resolução foi aprovada por 26 votos a favor, 15 contra e seis abstenções. Os
votos favoráveis vieram da África do Sul, Arábia Saudita, Argélia, Benin,
Botswana, Burkina Faso, Cazaquistão, China, Congo, Costa do Marfim, Emirados Árabes
Unidos, Etiópia, Filipinas, Federação Russa, Gabão, Índia, Indonésia, Kuwait,
Maldivas, Marrocos, Namíbia, Paquistão, Quênia, Serra Leoa, Venezuela e Vietnã.
Os contrários foram: Alemanha, Áustria, Chile, Coreia, Estônia, EUA, França,
Irlanda, Itália, Japão, Montenegro, Reino Unido, República Checa e Romênia. Abstiveram-se:
Argentina, Brasil, Costa Rica, Macedônia, México e Peru. O representante de
Cuba não se apresentou para a votação. Como se pode constatar, os países
europeus – supostamente, o centro de gravidade da civilização cristã ocidental
-, uma vez mais, renegam as suas raízes históricas e persistem em se manter
afogados no pessimismo cultural do hedonismo da opção “sem filhos”, causadora
do “inverno demográfico” que os assola. No mesmo período, em 24 de junho, o
governo dos EUA deu uma contribuição para tal impulso, ao promover o Fórum da
Casa Branca sobre Direitos Humanos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e
transsexuais), apresentado por ninguém menos que o vice-presidente Joe Biden, a
assessora de Segurança Nacional Susan Rice e a assessora presidencial Valerie
Jarrett. Com a presença de centenas de participantes, o Fórum serviu para o
governo do presidente Barack Obama renovar o seu compromisso de “promover e
proteger os direitos humanos e a dignidade das pessoas LGBT, em todo o mundo,
onde quer que se vejam ameaçadas (Noticias Globales, 3/07/2014).
Quanto
à Ibero-América, as nações votantes, embora não tenham assumido um compromisso
ativo contra as imposições da “diplomacia do gênero”, pelo menos, se abstiveram
de coonestá-la. “A derrota [do conceito] dos vários tipos de família
demonstra que a ONU está cansada desse tipo de debates” — sintetizou
Austin Ruse, presidente do Instituto Família Católica e Direitos Humanos dos
EUA. “A maioria dos estados membros gostaria de promover temas que preocupem ao
mundo e não apenas às elites no Norte”, disse ele. No âmbito continental, a
Organização dos Estados Americanos (OEA) também foi palco de uma confrontação
sobre certos aspectos da ideologia do gênero. Na última assembleia geral da
entidade, realizada em Assunção, Paraguia, em 3-5 de junho, o secretário-geral
José Miguel Insulza reconheceu que a insistência no tema dos direitos do grupo
LGBT, como tem ocorrido nos últimos seis anos, somente tem produzido
“fricções”. Isto porque várias nações do continente se opõem veementemente à
aplicação vinculante de questões como o aborto, casamento homossexual e adoção
de crianças por tais casais, por temor de punições externas eventualmente
impostas pela desobediência a alguma resolução que, porventura, fosse rechaçada
por suas populações. Devido à controvérsia, não foi aprovada uma resolução
promovida pela Argentina, Brasil e Uruguai, sobre os direitos dos homossexuais.
Na ocasião, o representante da Guatemala sintetizou as posições daqueles
países, ao afirmar: “Meu país declara que promove e defende os direitos humanos
e, com relação às disposições desta resolução, não discrimina por qualquer
razão, por motivos de raça, credo, sexo etc. Não obstante, a Guatemala
considera que, legalmente, não reconhece o casamento entre pessoas do mesmo
sexo e isto não constitui uma prática discriminatória.”
Créditos ➞ Este artigo foi apresentado no
Boletim Eletrônico MSIa INFORMA, do MSIa – Movimento
de Solidariedade Íbero-americana, Vol. V, No 46, de 03
de julho de 2014.
MSIa INFORMA➞é uma publicação do Movimento
de Solidariedade Ibero-americana (MSIa). Conselho Editorial: Angel Palacios,
Geraldo Luís Lino, Lorenzo Carrasco (Presidente), Marivilia Carrasco e Silvia
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