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1. Nova e profunda crise abate-se sobre o povo brasileiro,
enquanto seus fabulosos recursos minerais e a produção agropecuária são
exportados a preço vil.
2. Aumentam os lucros reais dos carteis no País, e os
salários caem, com a alta dos preços e a elevação das tarifas dos degradados
serviços públicos. Os empregos desaparecem, especialmente os qualificados.
3. O povo, atado em novas armadilhas, é condenado à pobreza
e ao subdesenvolvimento permanentes. As pessoas sentem o baque, cada vez mais
forte, pois os concentradores financeiros exigem arrochos do governo, diante,
inclusive, do desequilíbrio nas transações correntes com o exterior, acima de
US$ 90 bilhões/ano.
4. Desorientado pela grande mídia, o público sofre e ignora
que as desgraças, agora mais nítidas, decorrem da estrutura de mercado formada
ao longo de 60 anos, concentrada e desnacionalizada.
5. Os próprios causadores disso aproveitam-se do
descontentamento para assestar mais um golpe sobre as vítimas, condicionadas a
ver na corrupção o maior problema do País. Elas não percebem que os
desnacionalizadores comandam a mega-corrupção, a sistêmica.
6. Com o objetivo de apropriar-se, ao custo mais baixo
possível, da exploração das reservas de petróleo da Petrobrás - de 200 bilhões
de barris, uma das três maiores do mundo - o cartel transnacional do petróleo
dirige os ataques da mídia contra a estatal.
7. O caminho passa por enfraquecer a Petrobrás e as empresas
nacionais de engenharia. Assim, fragilizam a economia, já combalida, e,
juntamente com ela, a atual presidente, podendo derrubá-la em favor de alguém
convictamente vinculado aos concentradores estrangeiros.
8. A enviesada campanha mediática transparece nos editoriais
do Globo, contumaz promotor da desnacionalização - a reclamar a revogação das
leis que asseguram à Petrobrás parte da exploração do Pré-Sal, e exigir
contratos de concessão.
9. Os vazamentos de informações da “Lavajato” são ilegais e
seletivos, abusados pela mídia corruptíssima. Nas licitações e encomendas da
Petrobrás só estão sendo investigados ou trazidos à tona os delitos cometidos
na era PT.
10. A grande mídia oculta, ademais, que os envolvidos
ingressaram na Petrobrás pelas mãos do governo do PSDB, quando já cometiam seus
crimes.
11. É imperioso cessar as nomeações políticas na Petrobrás, e isso exigirá um
sistema político no qual o dinheiro e as TVs comerciais deixem de ser os
fatores preponderantes das eleições.
12. Enquanto isso não ocorre, a atual presidente teria de
impor medidas de emergência para recuperar a estatal (tarefa tecnicamente
fácil) e só o poderia fazer apoiada em expressivas manifestações populares. Ou
seja: estas têm de ser conscientes e não teleguiadas por golpistas a serviço do
império.
13. São também necessários os acordos de leniência com as
empresas de engenharia, sobre as quais se têm lançado os raios fulminantes da
Operação “Lavajato”. As ações dos falsos moralistas conduzem a: 1) a entrega do
mercado brasileiro a empreiteiras estrangeiras; 2) o desemprego em massa, já em
curso.
14. Afora esses resultados e de abalar indevidamente o
crédito da Petrobrás, a Lavajato, como tem sido conduzida, abusa de
ilegalidades.
15. É contra a Lei manter presos diretores das empresas de
engenharia, para forçá-los a confissões e delações. A delação premiada é
condenável, pois dá vantagens imorais a corruptos contumazes, e desnecessária:
a Polícia Federal e o MP têm meios técnicos para apurar os fatos, sem recorrer
a esse expediente.
16. Há que punir os diretores e gerentes, cuja culpa for
provada, mas tirar as empresas do mercado é um tiro no pé do País. Ademais, os
acordos em nada obstam a punição dos responsáveis, nem a imposição de multas
adequadas às empresas, além de fazê-las ressarcir os sobrepreços.
17. Em suma, nosso povo precisa entender que a maior das
corrupções e fonte das demais é a corrupção sistêmica, intrínseca ao modelo
desnacionalizante e concentrador.
18. Como mostra Paulo Cesar Lima, a Petrobrás tinha tudo
para entrar numa era de grandes resultados financeiros, não fosse a operação
Lavajato. Então, é o modo como esta se realiza que a impede de colher os frutos
suas magníficas descobertas de reservas.
19. Ele assinala que os custos de extração do pré-sal são
inferiores a US$ 20 por barril. Ora, o valor da produção supera US$ 50, mesmo
com os preços, neste momento, deprimidos pela pressão da agressiva geopolítica
dos EUA. Lima aponta também: “de 2005 a 2014, o preço médio de realização da
gasolina nas refinarias da Petrobras foi de R$ 1,085; no porto de Nova Iorque,
R$ 1,207.”
20. A Petrobrás ainda importa mais de 20% do petróleo e
derivados consumidos no Brasil. Com a forte queda dos preços mundiais, ela não
mais arca com os prejuízos que contribuíram para causar-lhe perdas de R$ 60
bilhões, segundo Silvio Sinedino da AEPET, forçada, durante anos, pelo governo
a reajustar derivados abaixo da inflação geral.
21. Tudo isso demonstra a inverdade de apresentar a
Petrobrás como problema, quando ela é a principal joia da coroa. Seu aparente
enfraquecimento é artificial e armado por inimigos do País.
22. A Agência de risco Moody’s calcula as dívidas da
Petrobrás em US$ 137 bilhões (US$ 110 bilhões com credores privados). R$ 40
bilhões seriam devidos ao BNDES. A dívida para 2015 (US$ 14 bilhões) é facilmente
administrável.
23. Ora, além de pouco expressivas em relação ao patrimônio
- subavaliado pelo “mercado” - as dívidas pouco significam independentemente de
prazos e juros. Ambos caem substancialmente, se o crédito da empresa se
recuperar da degradação, advinda da ação combinada do cartel mundial, da grande
mídia e autoridades movidas por conceitos enganosos.
24. A Petrobrás tem tido receitas anuais de R$ 300 bilhões.
Ademais, embora descapitalizada pela política de preços, determinada pelo
governo, a estatal adquiriu grande quantidade de blocos, além de investir
pesado na exploração. Com isso, só no pré-sal, já produz acima de 800 barris
diários.
25. Ela investe 100 bilhões de reais por ano, opera 326 navios, 35.000
quilômetros de dutos, 15 refinarias e 134 plataformas de produção de gás e de
petróleo. Fez ressurgir a indústria naval, com aumento de 2 mil empregados para
85 mil.
26. Para que a Petrobrás seja reconhecida como mais que viável só precisa pôr
ordem em sua administração, inclusive expurgando os imperiais infiltrados desde
os anos 90. E basta o Tesouro, como principal acionista, sinalizar que fará, se
necessário, novos aportes de capital, que lhe renderão incalculáveis ganhos a
curto, médio e longo prazos.
27. É isso que tem de fazer o governo, se não quiser cometer
suicídio e simplesmente entregar o País inteiro. Quanto mais ceder à chantagem
mais se debilitará.
28. A falsa crise torna-se real, à medida que o governo se
deixa acuar, e a Petrobrás desiste de rentáveis projetos produtivos. Ridiculamente,
proibida de captar recursos no mercado financeiro, por falta de publicação do
balanço auditado do 3º semestre de 2014, a empresa tem evitado contratações e
reduzido os investimentos em projetos contratados.
29. Em suma, a passagem da miséria para a riqueza, e a da
humilhação para a dignidade, depende apenas da percepção dos fatos e de
coragem.
30. Explica Geraldo Samor que as perdas devidas às propinas
ocorrem nos últimos 19 anos, desde os desmontes de FHC, quando nomeou diretores
da Petrobrás P.R. Costa (PRC), Duque, Barusco etc., desde 1996, ligados a
políticos. Eles receberam valores ilícitos (3%), entre 1996 e 2003, em parte
repassados a partidos.
31. Algum dinheiro captado por PRC já foi repatriado de
bancos suíços, e outros o estariam sendo pela ação da Justiça do Paraná. Nesse
Estado foram operadas pelo BANESTADO, já nos anos 90, as escandalosas contas
CC5 instituídas pelo BACEN, na gestão Gustavo Loyola, FHC.
32. Recorda Samor que a CPI do BANESTADO investigou desvios
de R$ 150 bilhões de reais, por 61 políticos e 30 colaboradores internos. A CPI
teve muita dificuldade para prosseguir entre 2001 e 2003, até a prisão do
doleiro Alberto Youssef pelo delegado Protógenes, relaxada em 2001 por decurso
de prazo e morosidade no Judiciário.
33. Permanece funcionando a rede de proteção criada por FHC,
para garantir a lavagem do dinheiro de propinas a políticos coniventes com as
privatizações: de empresas de energia; petroquímicas pertencentes ao Grupo
Petrobrás; telecomunicações; siderurgia; mineração.
34. Completando o lastimável cenário, o COPOM/BACEN elevou,
em 04.03.2015, de novo, a taxa de juros dos títulos do Tesouro (SELIC), agora
12,75% aa. A taxa efetiva é, na média, 3 pontos ainda maior. Moderadíssima
queda de 5 pontos faria o Tesouro economizar R$ 150 bilhões/ano (três vezes o
que a Petrobrás deve em 2015).
35. Se a política não for urgentemente revertida, o País
estará em depressão econômica, com sua grande população - na grande maioria já
muito pobre - e desprovido de infra-estruturas. Inviável, pois, a estabilidade
política: somente, radicalização da falência de qualquer ordem pública e
democrática.
36. Enquanto não surge o amadurecimento do povo,
só se poderiam conter pesadas perdas no curto prazo, com uma, até agora,
inexistente condução política hábil e firme, por parte do Executivo.
Adriano Benayon é Doutor em Economia pela Universidade de Hamburgo e Advogado (OAB-DF nº 10.613), formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi Professor da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”. abenayon@brturbo.com.br
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