Ao pedir demissão do cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, em 19 de abril, o delegado federal Daniel Lorenz alegou não suportar “interferências políticas” na sua pasta. Lorenz estava havia apenas quatro meses no cargo. Fora indicado ao governador Agnelo Queiroz, do PT, pelo ex-diretor-geral da Polícia Federal Luiz Fernando Corrêa. O governador petista não se mexeu, é fato, para impedir que o trabalho de Lorenz, ex-chefe do Serviço Antiterrorismo (Santer) e ex-diretor de Inteligência da PF, fosse atrapalhado pelo histórico conflito corporativo das polícias Civil e Militar de Brasília, nem pelas bancadas policiais que se digladiam na Câmara Distrital. Deixou o secretário cair de podre, mas tinha um motivo para tanto. Lorenz não sabia, mas logo depois de indicado para o cargo, aliados petistas e da base do governo federal no Congresso Nacional fizeram chegar a Queiroz uma série de informações sobre as ligações do delegado com a CIA e com o ex-governador José Roberto Arruda, defenestrado do cargo, em 2009, por ter se metido no maior esquema de corrupção já documentado na história do Brasil. Queiroz foi avisado tardiamente que em 2008, também por indicação de Corrêa, Arruda havia tentado se blindar de investigações federais ao nomear o delegado federal Valmir Lemos, atual superintendente da PF no Rio de Janeiro, para a secretaria. À época, o ex-governador estava apavorado por conta da Operação Satiagraha, de julho daquele ano, na qual imaginava ter sido filmado e grampeado em conversas com Durval Barbosa, o delator do esquema de corrupção brasiliense apanhado na Operação Caixa de Pandora, realizada a partir de uma investigação do Ministério Público Federal, um ano depois. Mesmo sob suspeita, Arruda caiu nas graças de Corrêa ao dar posse a um subordinado do ex-diretor-geral. Eleito Queiroz, o ex-diretor da federal correu para emplacar Lorenz. Ao saber das relações anteriores de Corrêa, o governador petista ficou desconfiado.Mas a gota d’água foi a publicação, em 6 de abril, de uma “reportagem” na revista Veja sobre uma suposta rede de terrorismo na região de Foz do Iguaçu, no Paraná. Lorenz é o principal -suspeito de ter vazado os documentos da PF relativos a uma investigação na região, de 2009, tocada pela Divisão de Inteligência, então chefiada por ele. Suspeita-se que Lorenz também tenha sido a fonte que vazou à Folha de S.Paulo a existência de uma investigação contra o banqueiro Daniel Dantas. O vazamento obrigou o delegado Protógenes Queiroz a apressar o que viria a ser a Satiagraha. O secretário deixou a pasta na semana seguinte à publicação da “reportagem” da Veja.Em 17 de abril, dois dias antes de Lorenz pedir demissão, cerca de mil pessoas fizeram uma manifestação em Foz do Iguaçu, na sede da Sociedade Beneficente Islâmica, em repúdio ao texto da semanal da Editora Abril. O ato contou com a presença das principais lideranças islâmicas da região, entre elas o xeque sunita Mohsin Al-Husseini e o xeque xiita Mohamed Khalil. Ambos condenaram a tentativa de demonização da comunidade árabe no Brasil e nos países vizinhos e apontaram a CIA como a principal fomentadora desse movimento, sobretudo na mídia brasileira. A comunidade árabe afirma que a CIA reservou 1 bilhão de dólares para financiar o sistema de difamação da religião islâmica desde os atentados de 11 de setembro de 2001. Para o Brasil, de acordo com levantamento feito pela Federação Árabe-Palestina, apenas em 2011, a verba prevista para a mídia local, vinda dos cofres da agência de inteligência dos Estados Unidos, seria de 120 milhões de dólares.Teoria conspiratória? (...)
Confira na matéria completa na “Carta Capital”...
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