sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Brasil exporta ditadura financeira constitucional

Por Cesar Fonseca

O deputado Ulisses Guimarães exibe a Constituição de 1988 como um triunfo democrático, porque estabelece, em seu artigo quinto, a expressão genuína das conquistas sociais que promovem, hoje, o avanço democrático nacional, sinalizando, já, democracia direta, como acontece com a Lei da Ficha Limpa. Mas, é preciso dizer, também, que a Constituição Cidadã tem, igualmente, seu caráter de Constituição Anti-Cidadã, ao fixar, no artigo 166, parágrafo terceiro, ítem II, letra b, que a prioridade número um da política econômica nacional não é o atendimento das demandas sociais, mas o interesse da agiotagem financeira em detrimento de toda a sociedade. É essa “conquista” maligna contida no texto constitucional a favor da bancocracia que os integrantes da troika européia – Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comunidade da Europa – importaram da Constituição brasileira de 1988 para impor aos gregos as terríveis condições que escravizam-nos para que possam, com sacrificios inauditos, pagar os juros da dívida que o governo acumulou. Tomaram dinheiro especulativo emprestado dos banqueiros europeus, recicladores dos empréstimos americanos espalhados pelo mundo, como atributo do império de emitir moeda sem lastro, a fim de fazer valer os seus designos, ou seja, escravizar a humanidade em nome do lucro a qualquer custo. Eis uma contribuição nefasta do Brasil à grande crise, depois de render-se ao FMI para inscrever na Constituição nacional uma tremenda indignidade anti-étca e anti-cidadã.

(...)

Ex-deputado constituinte do PMDB, ex-ministro de três governos neorepublicanos, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, uma intelegência privilegiada colocada a serviço da bancocracia, foi quem articulou, na Contituição de 1988, o artigo 166, parágrafo terceiro, ítem II, letra b, que garante prioridade absoluta da politica econômica ao pagamento dos juros da dívida pública, favorendo os banqueiros. Agora, é a troika europeia que copia essa malignidade constitucional brasileira que o FMI impõs como produto da pressão americana, em 1988, depois que Washington, em 1979, subiu brutalmente a taxa de juro básica nos Estados Unidos, a fim de enxugar a liquidez mundial em dólar que ameaçava a saúde da moeda de Tio Sam, afetada pelos deficits excessivos, impulsionados pela economia de guerra. É sempre assim: as crises, como disse Marx, nasce no capitalismo cêntrico e são espalhadas para periferia, que paga a conta, mediante sacrificios impostos às populações. Os gregos, agora, estão experimentado essa solução que foi imposta aos brasileiros, depois da ditadura militar, substituida pela ditadura econômica, em vigor até agora.

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