quarta-feira, 27 de março de 2013

Chipre: exemplo máximo de dívida ilegítima



editorial do dia 21/03 do jornal Valor Econômico comenta a proposta de confisco dos depósitos do povo cipriota, para o pagamento do questionável empréstimo do FMI / União Européia, destinado a salvar os bancos e grandes investidores estrangeiros:

Além de semearem a desconfiança dos depositantes de todo o bloco monetário, os líderes europeus e o FMI voltaram a reafirmar sua preferência pelos investidores sofisticados e endinheirados e pelos privilégios dos acionistas. Cerca de US$ 1,7 trilhão em recursos públicos (13% do PIB da zona do euro) foram usados pelos governos para sustentar bancos em dificuldades, por meio de injeções diretas de capital, garantias de títulos etc., segundo estudo recém-concluído do FMI. Foram generosas operações de salvamento de instituições que fizeram a coisa errada e ajudaram a colocar a Europa em uma crise gigantesca. A mesma receita volta agora com uma vingança – além do dinheiro do contribuinte, é o dos depositantes que se busca.”

Dívida Pública prejudica finanças municipais

Os jornais comentam sobre a reunião de prefeitos com os presidentes da Câmara e Senado, onde foi reivindicada a revisão do endividamento dos municípios com a União – em especial da cidade de São Paulo – e um maior repasse de recursos federais. Sobre este tema, é importante relembrar que a dívida da cidade de São Paulo é bastante questionável, pois conforme comprovou o Relatório Final da CPI da Dívida do Município de São Paulo (realizada em 2001), ela decorre de fraudes na emissão de títulos (supostamente emitidos para o pagamento de precatórios) e das elevadíssimas taxas de juros estabelecidos pelo governo FHC, antes mesmo desta dívida ter sido assumida pelo governo federal, em 2000. Desde então, ela é reajustada pelo também questionável índice IGP-DI mais 9% ao ano, o que representou uma taxa total de juros de mais de 20% em 2010, gerando grande sangria de recursos do Município para a União. Tudo para que esta última destine estes elevadíssimos juros para o pagamento da também questionável dívida federal. Como resultado, desde 2000 até 2012, o município já pagou à União R$ 19 bilhões, e apesar disso, a dívida subiu de R$ 11 bilhões para R$ 53 bilhões no período. Caso as taxas de juros tivessem sido de 6% ao ano – mesma taxa cobrada pelo governo (BNDES) de mega-empresários – o município de São Paulo teria acabado de pagar a dívida em 2012, e ainda haveria um crédito a receber. Ou seja: devido à questionável taxa de juros de 9% ao ano mais o IGP-DI, a cidade de São Paulo paga cerca de R$ 3 bilhões por ano para a União. Porém, os prefeitos presentes na reunião apenas reivindicam a mudança na taxa de juros a partir de agora, sem questionar o enorme estoque da dívida, resultante de operações ilegais, e da aplicação de “juros sobre juros” (anatocismo), já considerada ilegal pela Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal. Outra reivindicação equivocada dos prefeitos é a destinação de parte das contribuições CSLL e COFINS para os municípios, contribuições estas que pertencem à Seguridade Social (saúde, previdência e assistência). Esta reivindicação dos prefeitos ressuscita a proposta de reforma tributária apresentada pelo governo federal em 2008, e que foi fortemente rechaçada por inúmeros movimentos sociais defensores da Seguridade Social. Na realidade, os prefeitos deveriam defender a auditoria da dívida federal, cujos juros e amortizações consomem 9 vezes mais que todas as transferências constitucionais da União para os mais de 5.000 municípios brasileiros.

Coordenadora do Núcleo Mineiro da Auditoria Cidadã participa de evento da FENAFISCO

Portal da FENAFISCO divulga a participação da economista Eulália Alvarenga no 2ºSeminário de Diretores de Aposentados e Pensionistas dos Sindicatos Filiados à FENAFISCO, ocorrido anteontem, em Brasília:

Aqui no Brasil, o que se vê, na prática é a privatização da previdência, entregando-a aos “Fundos de Pensão”, cujos recursos são administrados pelos grandes bancos. Estas instituições financeiras receberão as contribuições previdenciárias dos servidores e do governo, e as aplicarão em ativos que poderão se mostrar podres, especialmente nesse momento de grave crise global, onde o setor financeiro se encontra abarrotado de ”micos” e procura empurrá-los para frente. O exemplo mais recente é a ilha de Chipre, que está revelando uma nova face desta crise, com as inéditas medidas de confisco (para os europeus) adotadas.”

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DividômetroVeja quanto o governo federal pagou de dívida em 2013

R$ 164.242.380.918 = 2,5 bi / dia

Em 2013, até 6/3, a dívida consumiu R$ 164 bilhões = 52% do gasto federal

Estoque da dívida - dez/2012Veja o montante da dívida interna (em reais) e da dívida externa (em dólares)

Interna: R$ 2.823.336.278.341,86

2 TRILHÕES, 823 BILHÕES, 336 MILHÕES, 278 MIL, 341 REAIS E 86 CENTAVOS.

Externa: US$ 441.757.289.145,05

441 BILHÕES, 757 MILHÕES, 289 MIL, 145 DÓLARES E 5 CENTAVOS

Entenda esses números

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