Por Alerta em Rede
No dia 1° de junho de 2006, entrou em atividade uma
organização não-governamental (ONG) virtual, que, desde então, tem se
apresentado como um instrumento para “mobilizar pessoas de todos os países,
para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria
das pessoas querem”. Com a proposta de mobilizar a opinião pública
internacional para pressionar governos nacionais, em diversos temas de grande
apelo sentimental, desde salvar crianças doentes em estado terminal até
proteger a Floresta Amazônica, a Avaaz (palavra que significa “voz” em diversos
idiomas) tem se especializado em pedir dinheiro a pessoas bem intencionadas de
todo o mundo, para custear as suas campanhas salvacionistas (Avaaz.org).
Todavia, surgem denúncias sérias que apontam que as reais finalidades de tal
projeto são bem menos nobres. A Avaaz faz uma série de pedidos de doações via
e-mail a pessoas de todo o mundo, sempre com base em textos apelativos que
exploram qualquer tema que esteja em destaque. Dentre as suas campanhas, de
interesse direto para o Brasil, destacou-se uma petição contra a construção da
usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Desde a sua fundação, de acordo com
a prestação de contas da Avaaz à Justiça dos EUA, disponíveis no seu sítio, a
entidade conseguiu arrecadar a expressiva cifra de 18 milhões de dólares, até
2010. Segundo os registros, a receita provém de doadores de todo o mundo, que
realizam as suas contribuições por meio de depósitos via cartões de crédito
internacionais. O valor das doações varia de R$ 15,00 a R$ 150,00 (em reais
no próprio sítio, para facilitar a tarefa dos doadores brasileiros), as quais
são remetidas para uma conta no exterior. Além disto, todas as mensagens da ONG
são enviadas de um computador com registro em Nova York (IP: 69.60.9.158). Segundo
as informações do sítio, a Avaaz é presidida por Ricken Patel, também fundador
das ONGs virtuais MoveOn.org, Res Publica e FaithInPublicLife.org, que se
baseiam na mesma estratégia: mobilizar pessoas de todo o mundo para fazer
doações, por meio de campanhas e petições sobre assuntos em destaque. É
significativo que Patel, de nacionalidade canadense, tenha um pedigree atestado
como operativo do aparato de ONGs do Establishment anglo-americano. De acordo
com o seu currículo apresentado no sítio da Res Publica
(www.therespublica.org), ele é mestre em Políticas Públicas pela Escola de Governo
John F. Kennedy da Universidade de Harvard, tem um bacharelado pela
Universidade de Oxford e passagens pelo International Crisis Group, Fundação
Rockefeller, Fundação Gates, CARE International e International Center for
Transitional Justice. O cv informa, também, que ele foi o primeiro de uma turma
de 350 alunos em Oxford. Talvez, por se considerar um diferenciado, Patel tenha
decidido iniciar uma carreira solo no mundo da militância internacionalista nas
causas determinadas pelo Establishment oligárquico. Como
presidente da Avaaz, no segundo semestre de 2008, Patel se atribuiu vencimentos
de 126 mil dólares, equivalentes a um salário mensal de R$ 40 mil. Nada mal
para um trabalho que consiste em enviar e-mails para os quatro cantos do
planeta, para o que não parece precisar de muita ajuda, pois a ONG só conta com
cinco funcionários, segundo a última prestação de contas, de 2010. O site
Avaaz.org está registrado em Paris, em nome de Matt Holland, embora a
organização esteja sediada em Nova York. Curiosamente, o nome de Holland sequer
consta dentre os membros listados nas prestações de contas da ONG. No Brasil,
país no qual se jactava de ter o poder de “persuadir” o então presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, a Avaaz já realizou campanhas de assinaturas eletrônicas
contra o Código Florestal, a construção de Belo Monte, a remoção da comunidade
quilombola Rio dos Macacos das proximidades da Base Naval de Aratu (BA) e
outras iniciativas, sempre vinculadas a temas de interesse da agenda
intervencionista do Establishment. Não por acaso, têm surgido na
Internet questionamentos à integridade da organização, acusando-a de lucrar
indevidamente com as informações pessoais que lhe são passadas pelos que
assinam as suas petições eletrônicas. Uma dessas denúncias foi publicada por
Adam Beecher, no site irlandês Verbo.se (14/06/2007), que afirmou que passou a
receber spams no seu e-mail que havia criado exclusivamente para se inscrever
na Avaaz. Beecher relata que chegou a entrar em contato com a ONG para relatar
o problema, que, por sua vez, lhe respondeu que investigaria sobre o ocorrido,
mas nunca mais emitiu qualquer informação sobre tais investigações. Com isso,
deixou patente uma grave falha no manuseio das informações pessoais de quem
resolve aderir às suas petições. Como seria de se esperar, nada disso é
relevante para a grande mídia, que tem dado uma significativa cobertura às
campanhas eletrônicas da Avaaz, inclusive, no Brasil – como esta do jornal O
Globo de 24 de maio de 2012: “ONG entrega 1,9 milhão de assinaturas
contra Código Florestal.” A Avaaz parece ser uma inovação no mundo das ONGs
internacionalistas, combinando o ativismo engajado com um claro propósito de
obtenção de polpudos ganhos pessoais por seu criador, Ricken Patel. Não
obstante, os “ruídos” que tem o potencial de causar não são menores que os
produzidos pelas ONGs tradicionais do aparato intervencionista do Establishment anglo-americano.
Por isso, não se devem subestimar as suas ações.
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