terça-feira, 16 de julho de 2013

Arapongagem norte-americana

Por Ten Cel Inf Gelio Augusto Fregapani 

Desde muito tempo conhecimento é poder. Evidente porque o conhecimento oportuno e adequado permite a prevenção de ameaças e o aproveitamento de oportunidades. Indica qual o adequado emprego do poder, seja por Estados, organizações ou indivíduos. A espionagem é uma atividade milenar. Existe desde priscas eras, continuando ao sabor dos ventos dos tempos históricos. Ninguém está a salvo da espionagem - ou, pelo menos, quase ninguém. Apenas quem consiga se resguardar. Os EUA, como todas as potências, buscam o conhecimento que permita o adequado emprego de seu poder para alcançar ou manter seus objetivos nacionais e conseguir vantagens econômicas, políticas, militares, tecnológicas e sociais. Talvez o Brasil seja a única nação no mundo que acredita que alguma outra vai lhe transferir conhecimentos sensíveis que possam acrescentar poder, e que não tentará monitorá-lo, mesmo quando seus interesses colidirem Um bom serviço de Inteligência não substitui as Forças Armadas, mas é quase tão importante com estas, até para a segurança da Pátria. Oportuno lembrar que o primeiro "briefing" diário do presidente Obama é com o assessor de Segurança Nacional e com o Diretor Geral da CIA, que lhe transmite a Estimativa Diária de Inteligência. Entre nós, a Presidente não recebe o Diretor Geral da ABIN, e nem adiantaria mesmo receber porque ele sabe muito pouca coisa. Tem como interlocutor o GSI, que faz questão de não se meter com a “arapongagem”, talvez para não se queimar. Mesmo que se informasse eficientemente ele não tem acesso, ou não força o acesso. Até no gabinete de crises instalado durante o pico das manifestações, assinala-se sua ausência. Não é de hoje, desde o Collor que o serviço é sub utilizado, mas desde o Lula está pior. O PT sempre julgou Inteligência "coisa de direita", (embora use para ações partidárias). O partido proibiu a Abin de monitorar os movimentos sociais. Não há como reclamar quando estes surgiram das trevas virtuais e surpreenderam o Governo. Quanto aos EUA, é claro que desenvolveram operações de Inteligência no Brasil, assim como o fizeram ou tentaram em todo o mundo. O que podemos (e devemos) fazer? Mostrar-se indignado é a atitude mais ridícula. Pode-se protestar (pro forma) e até retaliar, afinal, foram desmascarados, mas nesse jogo geopolítico não há leis nem ética, e a única regra é não ser apanhado. Devemos sim é criar um Serviço eficiente, como já foi o SNI, lamentavelmente só no âmbito de Guerra Fria. Não é possível ter um Serviço Secreto eficiente se ele não tem nem permissão de grampear, onde os Oficiais de Inteligência são selecionados em concurso público intelectual e onde o chefe pode ser escolhido pelo critério da acomodação. Assim nunca conseguiremos nem conhecimentos úteis nem impedir novas ações de Inteligência, não só dos EUA, m as de qualquer outro país que deseje algo do Brasil, a ABIN não devia existir apenas para servir de cabide de emprego e gerar gastos de milhões de reais anualmente, mas para descobrir o que os outros não querem que saibamos. Antes de tudo precisa receber missões, ou seja, que o Governo lhe diga o que quer saber, ou ao menos lhe dê liberdade para investigar o que achar conveniente. A guerra de “Inteligência” também é chamada de “O Grande Jogo”. Primeiro é preciso querer jogar. Depois, saber jogar. No nosso caso, aprender a jogar. Poderíamos começar ameaçando contratar o Snowden. Isto nos daria um imenso poder de barganha (e outros problemas também), mas afinal, Snowden ajudou ou prejudicou o Brasil? Se prejudicou, colocando a boca no trombone, que Dilma e Patriota expliquem. Se ajudou, merece ser ajudado, e não vítima de ingratidão. Alguém pode esperar que firmas estrangeiras não cooperem com seus governos? E quando essas firmas dominam a telefonia e a internet? É acreditar no coelhinho da Páscoa. Querendo se aprofundar no assunto, recomendo a leitura de livros especializados.

Biografia:

Segredos da Espionagem

Segredos da Espionagem

Gélio Fregapani

Nenhum comentário:

Postar um comentário