segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Justiça Eleitoral

Roseana comenta processo de cassação de Jackson Lago

Já no Maranhão para passar as festas de fim de ano, a senadora Roseana Sarney (PMDB) falou sobre o começo do julgamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do processo em que é pedida a cassação do mandato do governador Jackson Lago (PDT) e do vice-governador Luiz Porto por crime eleitoral.
Ela expôs seus pontos de vista sobre o assunto e explicou os motivos pelos quais até então permaneceu em silêncio sobre o caso. Na sua avaliação, houve crime eleitoral comprovado, mas a palavra final sobre isso é da Justiça Eleitoral, cujos membros merecem respeito. Ela prega serenidade durante a votação e acredita que a Corte reconhecerá que houve abuso de poder econômico, conforme demonstrado pelo Ministério Público Eleitoral e no voto do ministro Eros Grau.
Líder do governo Lula no Congresso Nacional, a senadora Roseana Sarney festeja o sucesso das articulações que conduziu e que resultaram na aprovação do Orçamento da União para o próximo ano. Diz estar preocupada com a crise mundial e revela como se sente em relação ao aneurisma cerebral descoberto no último exame de saúde, em novembro passado.

O Estado - Como a senhora viu a interrupção do julgamento do pedido de cassação do governador Jackson Lago?
Roseana - Era uma possibilidade, pois é um processo complexo. Acho que devemos manter a serenidade, aguardar o voto de cada um dos juízes, todos merecedores de respeito pelo que representam na magistratura brasileira. Até agora, conhecemos o parecer do vice-procurador geral do Ministério Público Federal, que recomenda, de forma clara e irrefutável, baseado nas peças processuais, a cassação do governador e do vice-governador; e o voto do ministro-relator, que também não deixou dúvidas sobre a natureza dos delitos praticados na eleição de 2006 e votou pela cassação da diplomação do governador e do vice-governador. Agora, o que me deixou realmente surpresa foi a reação do governador Jackson Lago à manifestação tanto do Ministério Público quanto do ministro Eros Grau: estampadas em alguns jornais, vi fotos do governador alegre e satisfeito com acusações tão graves feitas por duas autoridades do Tribunal Superior Eleitoral. Quando se é inocente, o que se quer é que o julgamento ocorra o mais rápido possível.

O Estado - A senhora nunca havia falado sobre esse processo. Isso era estratégico?
Roseana - Veja, exerço o mandato de senadora da República, sou líder do governo do presidente Lula no Congresso Nacional. Qualquer pronunciamento nesse sentido poderia ser interpretado como uma espécie de pressão. Com o início do julgamento, com as manifestações dos juízes, sinto-me desimpedida para manifestar minha opinião. Mas continuo achando que o melhor a fazer é aguardar o resultado final, com tranqüilidade.

O Estado - A defesa do governador Jackson Lago insiste em dizer que José Reinaldo apoiou o ex-ministro Vidigal...
Roseana - Há, no processo, depoimentos, gravações em vídeo de comícios e outros eventos que provam, à exaustão, que o candidato principal era o Jackson Lago. Os demais, como já foi amplamente divulgado e comprovado, foram usados com outros propósitos. Mas o que importa agora, após o início do julgamento, é esperar pelo final.

O Estado - Por que a insistência da defesa do governador Jackson Lago na tese de que as provas foram montadas?
Roseana - Montada, e com muito zelo, cuidado e ousadia, foi a estrutura governamental, a máquina do governo, para que o candidato Jackson Lago pudesse usufruir do dinheiro dos convênios, que movimentaram centenas de milhões de reais, em período vedado pela lei eleitoral. Convênios realizados sem nenhum cuidado com o que determinam as normas de boa gestão pública. As peças processuais demonstram claramente a irresponsabilidade e os crimes cometidos com o dinheiro do contribuinte para atingir seus objetivos, que não eram disfarçados: derrotar-me, a qualquer preço, e utilizando-se de todos os expedientes, repito, todos os expedientes.

O Estado - No TSE, ao invés do processo em si, os advogados voltaram a falar dos 40 anos de poder do grupo Sarney. A seu ver, isso toca os ministros?
Roseana - Não, primeiro porque isso não está em causa nesse julgamento. Falar de 40 anos seria delimitar o tempo em que se iniciou o governo do meu pai até o ano de 2006. Isso sim, seriam 40 anos decorridos. Agora pergunto: Pedro Neiva de Santana, que sucedeu meu pai, foi boneco de fantoche de Sarney? Acho isso um desrespeito à memória dele. Aliá, o ex-deputado Jaime Santana pode atestar se o seu pai era comandado pelo meu. O mesmo posso dizer do ex-governador João Castelo. Ele também pode atestar se foi boneco de fantoche de Sarney. E assim Luiz Rocha, o atual senador Cafeteira, que foi governador quando meu pai ocupava a Presidência da República. E o que falar do ex-governador José Reinaldo, outro boneco de fantoche? Recebeu um governo organizado, com mais de R$ 400 milhões em caixa, economia crescendo, acordos para implantação de novas grandes indústrias, e o que fez? O que sei é que não somente meu pai, mas todo o grupo político que ele lidera luta e trabalha pelo progresso do Maranhão. Isso ninguém pode negar.

O Estado - A senhora não se preocupa com o fato de carregar uma doença tão grave (aneurisma no cérebro) em meio a essa batalha?
Roseana - Eu já estou acostumada com a gravidade de algumas doenças que afetam temporariamente a minha saúde. Já estive à morte por duas vezes, já me submeti a 20 cirurgias, em quase todas as partes do meu corpo. Agora, vou abrir a única que ainda estava intacta: a cabeça. Graças a Deus, eu tenho muita fé, o apoio da minha família, dos meus amigos, e, o mais importante, o carinho e o reconhecimento do povo da minha terra, que me confortam e me enchem de coragem e forças para enfrentar a dor dessas horas. O meu aneurisma está com seis milímetros, e os médicos recomendam a operação, para evitar que algo mais grave aconteça no futuro. Como sou uma paciente disciplinada e confiante em Deus e nos profissionais que me assistem, vou realizar a cirurgia logo depois do Carnaval.

O Estado - No plano federal, como foi aprovar o Orçamento da União, apesar da crise mundial, dentro do prazo, o que não ocorria há muitos anos?
Roseana - Pela primeira vez, em 11 anos, conseguimos aprovar o Orçamento da União no prazo. Foi um grande esforço de entendimento entre governo e oposição. O esforço foi grande, mas traz grande tranqüilidade ao governo do presidente Lula, que está enfrentando a crise econômica mundial com muita competência e fazendo um grande esforço para que os brasileiros sofram o menor impacto possível diante do colapso do sistema financeiro mundial. Há uma crise de crédito e de confiança que já começa a atingir setores da economia real. Já estou mobilizando as forças políticas do Maranhão, deputados, senadores, prefeitos e vereadores para, juntamente com empresários e trabalhadores, possamos tomar medidas que protejam os investimentos e os empregos. Também já solicitei ao presidente Lula e ao ministro Edison Lobão (Minas e Energia) a manutenção dos investimentos previstos para refinaria da Petrobras, para que ela não sofra atraso no cronograma de implantação.

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