quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Haiti

Comunidade internacional promete dinheiro para reerguer Haiti, mas manda também tropas de ocupação...

A comunidade internacional (?) anunciou doações ao Haiti que, só em três dias, chegou a mais do que 50% dos valores prometidos, em 2004, quando chegaram as tropas da “missão de paz” da Organização das Nações Unidas (ONU). Só o governo dos Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional (FMI) já avisaram que vão mandar US$ 200 milhões.De todos os cantos do mundo chegam notícias do envio de ajuda humanitária. "É um país em coma", dizia o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, quando deixou o comando da missão, em 2005. Primeiro comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah, na sigla em inglês), ele não chegou a completar vinte e quatro meses à frente do desafio. Sucumbiu não às balas dos inimigos, mas à visível indiferença dos países ricos em relação ao miserável país caribenho.
Um dos oficiais mais preparados e respeitados no Exército Brasileiro, o general Heleno não se conformava com o argumento dos países doadores França, Canadá, Estados Unidos e Comunidade Européia -, que condicionavam a liberação de recursos ao "aumento da segurança" no país. E já naquela época afirmava que o Haiti não precisava da força das armas, mas de recursos capazes de dar alguma perspectiva de futuro, de desenvolvimento ao país. Cerca de 80% dos haitianos vivem abaixo da linha da pobreza, com menos de US$ 2,00 (nem quatro reais) por dia.
Terra Brasil

"Recebo muita pressão para usar a violência, para ser mais robusto na utilização da força, principalmente dos países mais interessados na área e cuja atuação de força de paz difere da nossa", General Augusto Heleno Ribeiro, primeiro comandante da ONU no Haiti, apontando como autores dessa pressão os Estados Unidos, Canadá e França, em audiência na Câmara Federal, em 2 de dezembro de 2004.

"O grande risco do Haiti não é a falta de segurança. A ameaça é na área política, social e econômica, que pode voltar a gerar violência. Mas a realidade é que hoje não é a violência que está impedindo a governança. Hoje, é a falta de resultado econômico e social que ameaça gerar nova violência".
General Carlos Santos Cruz, então comandante da ONU no Haiti, em 19 de março de 2009.

"Não tem lógica que as tropas americanas estão pousando no Haiti, se o Haiti está pedindo é ajuda humanitária e não tropas. Seria uma loucura para todos começar a enviar tropas para o Haiti".
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, em 15 de janeiro de 2010.

"A revolução haitiana foi o maior movimento negro de rebeldia contra a exploração e a dominação colonial das Américas. Mesmo com o assassinato de Toussaint Louverture pelos franceses - que haviam substituído os decadentes espanhóis como colonizadores da ilha - a revolução triunfou e fez realidade, contra a França, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. A abolição da escravidão, não contemplada pelos revolucionários de 1789, foi conquistada pelos 'jacobinos negros' do Haiti".
Emir Sader, 4 de janeiro de 2004

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