sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Na Mira do Belmiro*

Manaus, urgente!

Permito-me, hoje, acercar-me um pouco mais do eleitor manauara, e compartilhar inquietações e palpites para a celebração da Democracia em que começam a ser escolhidos os representantes da cidade no poder legislativo e executivo municipal. Um momento privilegiado de participação direta do homem das ruas na definição de quem vai levantar as bandeiras da cidadania no cotidiano da gestão da cidade. Ou não é mais esta a função prioritária da classe política? Refiro-me, especialmente àqueles que mais precisam do poder público, dos equipamentos de educação, saúde, transporte, lazer e moradia, numa palavra, os excluídos, lembrados com estardalhaço agora e freqüentemente negligenciados ao longo dos respectivos mandatos. E, de quebra, este momento traduz uma oportunidade única para rever escolhas passadas e avaliar seus efeitos na solução dos graves problemas que afligem o cidadão, por exemplo, o caos dos transportes e do trânsito e os efeitos devastadores da privatização açodada da distribuição da água para a população de Manaus. Um estrago que ninguém se dispõe a ajustar...
Tivemos, recentemente, a instalação de algumas comissões parlamentares para investigar, no âmbito da Câmara Municipal, problemas, entre outros, como o apagão elétrico, o lobby do cimento que afetam gravemente interesses de empresas e do cidadão em geral. Com a temporada eleitoral, em que os candidatos topam tudo na busca da decisiva visibilidade política, os vereadores deram um show de investigação em alguns momentos em que chegaram perto dos problemas crônicos que explicam a falência do sistema de geração e distribuição de energia em Manaus. Um ensaio de uma atitude miseravelmente oportunista que bem poderia ser adotada em outro contexto, na captura diária e permanente do interesse coletivo nos quatro anos de delegação popular. Isso é, provavelmente, um visão altruísta e ingênua mas bem poderia tornar-se um bom critério para nortear escolhas. Fica a sugestão...
É preciso, portanto, prestar atenção nos currículos dos candidatos, comparar seus discursos com sua prática cotidiana e trajetória, cobrar-lhes experiência e intimidade com os problemas e desafios da cidade. Só quem estuda a história de Manaus nos livros de seus desafios e entende seus dramas urbanos tem condição de juntar proposta com atitude e representar o cidadão. É um ponto de vista e uma convicção. Falar, ou escrever, é quase sempre um exercício sem maiores esforços, fácil e freqüentemente inconseqüente, usado por muitas pessoas para dizer exatamente o contrário das reais intenções que povoam seus corações e mentes. Daí todo cuidado sempre se revelar insuficiente para escolher com precisão e sabedoria aqueles que vão manipular o suado recurso do contribuinte.
Vale a pena considerar na escolha dos candidatos aqueles que decididamente tem propostas para a educação da juventude, que estão empenhados em assegurar a melhoria da qualidade de vida dos nossos jovens e crianças pela única via possível de transformação: a educação e a qualificação rigorosa de nossos recursos humanos. É urgente identificar candidato que tenha compromisso com a origem de Manaus, sua memória e respectivo resgate... Que tenha propostas para seu trânsito caótico, para a ambulância comercial incontrolável, o combate decidido da imundície generalizada que adoece a todos nós, pela falta de saneamento e efetiva vigilância sanitária. E que essa vigilância se estenda a um outro combate, urgente e emergencial, da pirotecnia e da enganação oportunista de quem anuncia solução e alimenta a embromação e uso da máquina pública para outros fins. Às urnas, pois, agora e sempre, em favor de Manaus!

Zoom-zoom

· A crise – O fracasso até aqui da proposta de intervenção do governo americano para debelar a crise do mercado com US$ 700 bilhões sinaliza o tamanho da decadência do Império Americano, sua recessão, desemprego em massa e reflexos por todo o planeta. O Brasil, com absoluta certeza, incluído. É a agonia de um sistema baseado na especulação financeira, comandado pelos banqueiros gananciosos, os mesmos aos quais o país se submete.

· A reflexão – No mês passado, sem maiores repercussões na mídia, o vice-presidente José de Alencar denunciou que nos últimos 6 anos pagamos R$ 1,4 trilhão para esses vampiros da modernidade. E o Brasil acaba de bater mais um recorde na acumulação do superávit primário, com danos substantivos para os programas sociais e de geração de emprego. A Suframa que o diga.

· Erros da burocracia – E por falar em Suframa, o Tribunal de Contas da União recomendou a revisão/suspensão do contrato/convênio da autarquia com o Centro das Indústrias – CIEAM - para a recuperação das vias do Distrito Industrial. Uma solução alternativa e transparente, encontrada pela atual superintendência, para contornar o imbróglio da União com relação aos problemas locais. O CBA ilustra essa anomalia... E ambos os exemplos precisam vir a público para ilustrar os estragos do burocratismo e eventuais distorções que provocam.

· Lula em Manaus – Mais uma vez desembarcou por aqui o presidente da República e, no auge de seus mais de 90% de adesão popular, não quis qualquer prosa com a querela eleitoral local. Sua vinda, entretanto, não deixa de ser essencialmente política, ponderando a cada dia a possibilidade real e factível do terceiro mandato ou, na pior das hipóteses, a justificativa da disputa por uma das vagas do Amazonas no Senado Federal em 2010. Anote aí...
(*) Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.

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