"Ministros, para que ministros?"
Carlos Chagas
Tribuna da Imprensa
Fenômeno no mínimo curioso acontece esta semana, reta final das eleições municipais de domingo. Nada menos do que doze ministros, entre os que divulgaram, podendo ser muitos mais, pediram licença ou entraram de férias. Estão participando ativamente das campanhas de seus candidatos, nos respectivos estados. Entre eles Edison Lobão, das Minas e Energia, no Maranhão; Tarso Genro, da Justiça, no Rio Grande do Sul; Paulo Bernardo, do Planejamento, em Santa Catarina; Helio Costa, das Comunicações, em Minas; Dilma Rousseff, da Casa Civil, em diversos estados. Não haveria nada a opor porque a lei assegura férias e licenças (sem vencimentos) para todo funcionário público. Sendo políticos, ou pretendendo ser, Suas Excelências têm direito de ajudar os correligionários. Só que há um problema para os ministros hoje desaparecidos de seus gabinetes. Seus ministérios continuam funcionando com os substitutos. O governo não parou, pelo contrário, sua performance pode até ter melhorado um pouquinho pela ausência de deputados, senadores e lobistas nas ante-salas. Sendo assim, aquele menininho que um dia denunciou a nudez do rei pode desembarcar na Esplanada dos Ministérios e indagar com toda inocência: "Ministros, para que ministros?" Talvez por essa razão o presidente Lula tenha, no último fim de semana, encerrado sua participação nas campanhas. Mantém agenda protocolar, até viajando a Manaus para encontrar presidentes de países da Bacia Amazônica. Assinou o novo acordo ortográfico dos países de língua portuguesa e despacha rotineiramente, senão com todos os ministros, ao menos com aqueles que permaneceram em Brasília. Se o tiro não sair pela culatra, quer dizer, se os candidatos apoiados pelos ministros não forem derrotados, pelo menos um sinal de alerta acende diante de cada um deles. Afinal, se seus ministérios funcionam sem eles, serão mesmo supérfluos? No reverso da medalha vale lembrar um episódio de décadas atrás. No auge do prestígio internacional por conta do Sputnik, de Yuri Gagarin e outras conquistas espaciais, o poderoso czar de todas as Rússias, Nikita Kruschev, pôs-se a viajar pelo mundo. Numa de suas passagens por Nova York, foi interpelado pelos jornalistas a respeito de quem governava a União Soviética, se ele permanecia quase sempre ausente. Resposta: "Quem governa? Ora, quem governa é o governo...". Os ministros ausentes de Brasília poderão parafrasear Kruschev: quem ministra é o ministério...
Carlos Chagas
Cultura agressiva
Mauro Braga/Fato do Dia
Tribuna da Imprensa
A política do punho forte sempre foi uma constante nos cursos de formação de militares. A cultura agressiva que mantém viva a idéia de que aqueles que pretendem ingressar nessa vida devem ser guerreiros acostumados a viver no limite de suas forças atravessa décadas. Entre os ensinamentos, práticas que somente o interior dos quartéis, por vezes, testemunha. Vez ou outra, notícias vazam e surpreendem a sociedade. Ontem, o presidente interino da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Marcelo Freixo (PSol), acertou por telefone uma reunião, em breve, com o secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e com o presidente da Associação de Praças da PM e do Corpo de Bombeiros, sargento Vanderlei Ribeiro, para ouvir os depoimentos de uma das vítimas e de testemunhas das torturas praticadas contra alunos do curso de formação da Polícia Militar do Batalhão da Polícia Rodoviária Militar (BPRV) de Niterói, em agosto deste ano, por um tenente do batalhão. Tentam evitar que mais um caso de impunidade caia no esquecimento. As torturas incluiram desde agressões verbais e maus tratos até humilhações. Agora, imaginem onde e contra quem tanta raiva contida durante meses de "ensinamentos" pode explodir. Claro que os agentes precisam ser firmes e preparados. Entretanto, não precisam necessariamente passar um estágio tão trágico. Esse foi um caso, apenas. O "cursinho" e seus métodos são comuns, infelizmente.
Fato do Dia
Na ABL, Lula esqueceu de lembrar Aparecido
Pedro do Coutto
Tribuna da Imprensa
Na tarde de segunda-feira, na Academia Brasileira de Letras, durante a bela comemoração dirigida pelo jornalista Cícero Sandroni pela passagem dos cem anos de morte de Machado de Assis, o presidente Lula destacou a importância da obra extraordinária do artista e sancionou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, resultado de um trabalho que se estendeu por anos a fio. O presidente da República referiu-se ao encontro do Brasil consigo mesmo e ressaltou que o acordo dará novo impulso às relações entre nosso País e Portugal. Perfeito. Mas esqueceu de citar José Aparecido de Oliveira, que foi embaixador do Brasil em Lisboa e se tornou, sem sombra de dúvida, a principal figura que levou à criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e à unificação da ortografia. Foi uma lacuna, uma falha. Mais uma vez, no curso da História, um desbravador é esquecido exatamente quando se consolida a obra que idealizou e que, em grande parte, conseguiu concretizar em sua vida. Mereceria uma referência de parte de Luís Inácio da Silva. E não só do presidente da República, mas também dos acadêmicos. Afinal, tudo começa em um ponto, tudo parte da iniciativa de alguém. Assim são os projetos que, no correr do tempo, depois incorporam novas contribuições, aperfeiçoamentos, mas nem por isso deixam de ter um autor original. A obra de Machado é um exemplo.
Pedro do Coutto
Alex Costa
Tribuna da Imprensa
O observador atento ficou sabendo da reunião que ocorreu em fins de maio passado na Groelândia, quando EUA, Rússia, Dinamarca, Canadá e Noruega começaram a decidir entre eles o futuro da exploração do continente Ártico, rico em petróleo e gás, matérias-primas de alto valor estratégico para o planeta. Desde a iniciativa russa, no ano passado, de fazer explorações submarinas na região e fincar uma bandeira de titânio no fundo do mar gelado, reivindicando, claramente, sua soberania sobre aquele importante e pouco conhecido pedaço da Terra, analistas estratégicos em todo mundo iniciaram uma grande discussão a respeito do tema. Isso mostra que, enquanto alguns países executam movimentos de clara antecipação estratégica, outros reagem aos gritos ou sussurros, contra a "ousadia" desses países. Hora, nem mesmo a ONU se manifestou, ou melhor, reserva sua manifestação para 2014, por meio da Comissão de Limites da Plataforma Continental das Nações Unidas, que vai definir quem terá direito a explorar aquelas riquezas geladas. No entanto, baixo o estímulo da real expectativa de degelo gradual e constante daquele continente, ao que parece, o Pólo Norte já está sendo loteado, bem como estão claras as intenções exploratórias dos "proprietários". Aqui em baixo, no entanto, o negócio não está congelado como se pensa... Embora o Tratado da Antártida, assinado em primeiro de dezembro de 1959 e já prorrogado até o ano de 2041, pelo qual as várias nações que reivindicavam soberania sobre o continente abriram mão desse pleito em favor da exploração científica mundialmente compartilhada com outros signatários, hoje já se começa a ouvir outros discursos.
O Ártico já tem dono...
McCain, o fim da farra e o legado de Reagan
Argemiro Ferreira
Tribuna da Imprensa
O aparente desespero do presidente Bush ao se dirigir ontem ao país devia servir ao menos para refrescar a memória para a obsessão desregulamentadora dos governos republicanos, desde Ronald Reagan. Mas não convém alimentar ilusões, já que o candidato do partido é John McCain, que só este ano já repetiu 18 vezes sua frase predileta: "Os fundamentos de nossa economia são sólidos". Quem tomou a iniciativa de lembrar o papel de Reagan foi a colunista Arianna Huffington. Disse ela: "Já no discurso de posse ele fez a declaração célebre de que 'o governo não é a solução do nosso problema; o governo é o problema'. Vinte e sete anos depois, no meio da pior crise econômica desde a Grande Depressão, (...) aquele grito de guerra anti-governo devia estar sendo julgado. Mas, por incrível que pareça, não está". Felizmente a ênfase e a eloqüência da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, deu o recado no dia 29: "A farra acabou. Acabou o tempo dos `pára-quedas dourados' e gordas compensações para executivos de Wall Street, da disparidade dos salários obcenos de CEOs, das instituições financeiras privatizando e ampliando ganhos, depois nacionalizando os riscos e mandando a conta para os contribuintes."
Argemiro Ferreira
Bovespa tem o pior setembro
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Bolsa teve queda de 11,03%, a maior para um mês desde 2004. Ontem, o dia foi de alta nos mercados mundiais
A expectativa de retomada hoje da votação do pacote de socorro de US$ 700 bilhões a bancos em dificuldades pelo Congresso dos Estados Unidos e a possibilidade de um Proer mundial para salvar os mercados no caso de nova derrota do governo americano guiaram os ânimos dos investidores ontem. Com exceção das bolsas de valores asiáticas, ainda impactadas pela decisão da Câmara dos Deputados dos EUA de rejeitar a ajuda às instituições atoladas em créditos podres, todos os pregões computaram altas mundo afora. “Houve uma recuperação, mas não a ponto de zerar as fortes perdas de segunda-feira, porque as incertezas ainda são grandes”, disse o analista da Corretora XP Investimentos, Rossano Oltramari.
...o Mercado reza...
Servidores da Casa terão aumento
Lilian Tahan
Correio Braziliense
Reajuste será de no mínimo 10% e vale-alimentação pode ser acrescido em R$ 50. Impacto da elevação nas despesas deve deixar os gastos muito próximos do limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal
O Natal chegará antecipado na Câmara Legislativa. A partir deste mês os servidores da Casa terão um aumento no salário de, pelo menos, 10%. Mas a Mesa Diretora da instituição estuda elevar esse patamar para 20%, desde que o impacto não ultrapasse a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Além disso, está sendo negociado um acréscimo de R$ 50 no vale-alimentação, que hoje é de R$ 620, quase o dobro do valor pago na Câmara Federal. Ao todo, o impacto do aumento dos benefícios será de R$ 1,5 milhão ao mês.
Papai Noel chega antes na Câmara
Entrevista - Joseph E. Stiglitz
Correio Braziliense
Rodrigo Craveiro
Aos 65 anos, o norte-americano Joseph Eugene Stigliz já foi vice-presidente e economista-chefe do Banco Mundial. Crítico voraz da globalização e do livre mercado, o Prêmio Nobel da Economia em 2001 falou sobre a crise por telefone ao Correio Braziliense, de Copenhague (Dinamarca). Direto e incisivo, culpou os bancos dos Estados Unidos, o presidente George W. Bush e o Federal Reserve (Fed), gestão Alan Greenspan, pela catástrofe que assola a economia imperialista. Stiglitz acredita que as instituições bancárias norte-americanas pagam o preço da incompetente administração de ativos podres e de péssimas tomadas de decisões. Nem mesmo Alan Greenspan, o homem que gerenciou o Fed entre 1987 e 2006, escapou das críticas do economista. Para o Prêmio Nobel, Greenspan escolheu pessoas erradas para gerenciar a política financeira dos Estados Unidos. Apesar de elogiar a “impressionante” performance econômica do Brasil, Stiglitz alerta que a economia mundial é interdependente e, por isso, o país não está a salvo de sofrer as conseqüências da recessão.
Entrevista - Joseph E. Stiglitz
Ari Cunha - Brasil treme com a inflação
Correio Braziliense
A cidade amanheceu pessimista com as notícias da economia mundial. Onda de apreensão fez esfriar o ardor da campanha eleitoral. Entusiasmo nos comícios, publicidade dos candidatos nos jornais. O assunto passou a dominar as conversas entre empresários e eleitores. As atenções se voltaram para o insucesso da proposta do presidente Bush. Adiada a votação sob cuidados tanto dos democratas quanto dos republicanos. Opiniões contrárias acusavam de favorecimento aos gananciosos. Tiradentes foi lembrado. Esquartejaram o herói com o pescoço dos contribuintes. Quem trabalha com o pensamento de produzir caminha para choque do desespero. O Brasil diz que vai ser leve o sofrimento do país. O próprio presidente do Banco Central está com as barbas de molho. Morou nos Estados Unidos, presidiu banco de posses naquele país. Conhece as entranhas da economia e sente que a débâcle americana que arrasta o mundo está nos piores caminhos. A Europa reuniu bilhões de euros para sobreviver à crise. Comércio e indústria do Mercado Europeu já não se sentem confortáveis com os países pagando o erro do sistema bancário dos EUA. Os imóveis fartos dos americanos se resumem em golpe que envolve todos os países.
Ari Cunha - Brasil treme com a inflação
Eles brigam. Nós pagamos
Coluna - Nas Entrelinhas
Correio Braziliense
Os americanos não estão debruçados sobre uma crise mundial. Disputam, na verdade, votos no próprio quintal e não parecem dispostos a cooperar em escala planetária
Tal qual Lula, acordei invocado. Mas não liguei para o Bush. Em vez disso, resolvi olhar pelo buraco da fechadura da política do império. Que visão perturbadora, meus amigos! Ao fim e ao cabo, comecei a torcer secretamente por um evento fantástico e solitariamente capaz de resolver a nova crise mundial: o sobrevôo de uma nave extraterrestre em Mannhatan. Explico-me, explico-me. Antes, porém, um resumo panorâmico do que está em jogo. Num passado recente, naquela grande nação ao norte, o Banco Central deixou a taxa de juros menor do que a inflação. Queria estimular a economia para evitar uma recessão. Com a margem de lucro limitada pela política monetária, os bancos tiveram que ampliar a escala. Começaram a emprestar dinheiro a quem lhe passasse na porta. Os tomadores nem sempre tinham o perfil aconselhado pela boa técnica bancária para receberem o crédito. Mas fazer o quê? Pegaram o capital e foram às compras. Onde? No mercado imobiliário.
Ontem, há 20 anos
Artigo - Jorge Fontoura
Correio Braziliense
As duas décadas que nos separam da quarta-feira em que o Congresso Constituinte encerrou as atividades parecem conformar eternidade, não só pelas profundas mudanças ocorridas no país, mas também pelas transformações radicais verificadas em todo o mundo. Vivíamos os tristes anos de 1980, depois designados “década perdida”, com sucessivas crises internacionais, com a derrocada do socialismo, e com a perplexidade do mundo que se desatrelava das certezas precárias da guerra fria.
Ontem, há 20 anos
Separando o joio do trigo
Artigo - Nelson Brasil de Oliveira
Correio Braziliense
Separando o joio do trigo
Governo estuda suavizar custo para exportadores
VALDO CRUZ e SHEILA D"AMORIM
Folha de S. Paulo
Uma das medidas seria o Tesouro bancar parte do dispêndio com o crédito mais caro
Outra medida é dar mais recursos ao BNDES para reforçar as linhas de crédito destinadas a financiar as exportações brasileiras. O governo deve usar recursos do Tesouro Nacional para bancar parte do aumento de custo que os exportadores estão tendo com o encarecimento e a escassez dos empréstimos externos provocados pela crise no sistema financeiro dos EUA. Além disso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode ganhar novos recursos do governo para reforçar suas linhas de crédito destinadas a financiar as exportações brasileiras.
Brasil estuda ajuda do Tesouro a exportadores
Minc admite erro na divulgação de lista
Folha de S. Paulo
Ministro diz que não checou os dados sobre desmatadores; ministro Guilherme Cassel ficou contrariado
Um dia após ter divulgado uma lista que incluía assentamentos da reforma agrária no topo dos cem maiores desmatadores da Amazônia Legal, o que provocou uma reação da área agrária do governo, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) admitiu que não produziu os dados nem os checou. Minc atribuiu ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) a responsabilidade pela lista e deu ao órgão um prazo de 20 dias, "improrrogáveis" e "impreteríveis", para verificar uma a uma as contestações, o que, na prática, pode esvaziar o material divulgado.
Planalto mandou investigar Dantas, afirma Protógenes
ALAN GRIPP
Folha de S. Paulo
Delegado afastado da Operação Satiagraha depôs ao Ministério Público Federal
Segundo ele, determinação da Presidência teria sido dada a Paulo Lacerda; o ex-diretor-geral da PF nega ter recebido tal ordem. A investigação que culminou na Operação Satiagraha foi aberta por determinação da Presidência da República ao então diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, afirmou o delegado Protógenes Queiroz, responsável pelo inquérito, em depoimento ao Ministério Público Federal. De acordo com Protógenes, que chefiou os trabalhos até julho deste ano, quando foi afastado por suspeitas de irregularidades na condução do caso, o ponto de partida da investigação foram informes repassados ao Planalto pela Abin (Agência Brasileira de Investigação). Protógenes não revelou o nome de quem teria dado a ordem.
Protógenes fala que Presidência deu ordem para investigar Dantas
Clóvis Rossi - O cassino e a chantagem
Folha de S. Paulo
O valor das ações de uma empresa na Bolsa de Valores (ou do conjunto das empresas nela listadas) deveria ser determinado pelo desempenho corrente da companhia e/ou pelas expectativas a respeito de sua performance futura. Perdão pelo óbvio, e sigamos. Na segunda-feira, por essa lógica, o desempenho das empresas listadas na Bolsa de São Paulo e suas perspectivas eram tão ruins, mas tão ruins, que o índice caiu 9,36%. Mas, no dia seguinte, desempenho e perspectivas melhoraram tanto, mas tanto, que subiu 7,63%. Como é simplesmente impossível que haja tal mudança em tão curto espaço de tempo, os fatos dão ao presidente Lula toda a razão quando diz que se trata de cassino.
Clóvis Rossi - O cassino e a chantagem
Fernando Rodrigues - Cronologia possível da crise
Folha de S. Paulo
O único consenso no mercado ontem era sobre a falta completa de consenso a respeito de qual pode ser o desfecho da crise financeira originada nos EUA. No meio de incertezas, chutes e torcidas, foi possível identificar algumas observações recorrentes. 1) pacote: algum tipo de resgate estatal será aprovado pelo Congresso nos próximos dias. A extensão e a eficácia desse plano de socorro são incógnitas; 2) ações: até a véspera do anúncio do pacote, os índices das Bolsas de Valores ficarão andando de lado ou até subindo, como ontem. É um vício mundial dos mercados de valores. Os preços das ações sobem no boato e caem no fato; 3) falta de liderança: George W. Bush é um acidente histórico. Tornou-se o presidente mais frágil em final de mandato de toda a história recente dos EUA. Abriu-se um vácuo não preenchido pelos dois candidatos presidenciais. Barack Obama e John McCain foram inábeis e incapazes de liderar o Congresso no meio da tormenta;
Fernando Rodrigues - Cronologia possível da crise
Mercado Aberto - BC deve baixar compulsório, diz Austin
Folha de S. Paulo
O Banco Central deveria reduzir os compulsórios bancários (parte dos depósitos que bancos têm de manter retida no BC) para contornar a crise de crédito no mercado e resolver o problema da falta de liquidez no Brasil, segundo o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini. Para Agostini, o governo deve usar todos os mecanismos ao seu dispor para aumentar a liquidez no setor financeiro. De acordo com o economista, a flexibilização nas regras para os compulsórios bancários na semana passada não é suficiente para enfrentar o problema. "O compulsório no Brasil é o maior do mundo. O ideal é sairmos de 53% de depósitos compulsório para 40% a 45%. Para que manter um compulsório tão restritivo neste momento?", diz Agostini.
Mónica Bérgamo - PETRODÓLAR 1
Folha de S. Paulo
A Andrade Gutierrez assinou ontem contrato para a construção de uma siderúrgica na Venezuela. A obra custa, no total, U$ 1,8 bilhão. Destes, U$ 1 bi vão para o bolso da empreiteira brasileira.
PETRODÓLAR 2
Hugo Chávez, por sinal, morre de amores pelos empreiteiros brasileiros. Em um jantar que ofereceu para Lula no ano passado, o presidente venezuelano interrompeu a ceia para prestar homenagem a Emílio Odebrecht. "Este homem está salvando a Venezuela", disse Chávez, de acordo com um dos ministros presentes. Além da Odebrecht, têm obras no país as brasileiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão.
Mónica Bérgamo - PETRODÓLAR 1
Painel - PSDB saudações
Folha de S. Paulo
Depois de muita insistência de Geraldo Alckmin, os presidentes do PSDB nacional, estadual e paulistano divulgam hoje uma nota conjunta de "apoio" ao candidato que, na verdade, já faz parte da dança do acasalamento com o DEM no agora provável segundo turno entre Gilberto Kassab e Marta Suplicy (PT). A nota servirá para dar uma satisfação a Alckmin. "Ele não vai poder reclamar do partido", diz um grão-tucano. Certamente reclamará, mas o objetivo deste e de outros gestos que estão por vir é evitar que Alckmin o faça em público, dificultando o apoio do PSDB a Kassab. Apoio integral? "Na integralidade possível", responde, realista, um dirigente do DEM.
Painel - PSDB saudações
APÓS PÂNICO, SENADO VOTA HOJE PACOTE
SÉRGIO DÁVILA
Folha de S. Paulo
Com perspectiva de avanço no projeto, mercados recuperam parte das perdas; Câmara pode voltar a analisar projeto amanhã. Obama e McCain, que são senadores, vão a Washington para votação; garantia de depósitos bancários pode aumentar. Após o susto de anteontem, em que a rejeição do pacote do governo pela Câmara dos Representantes dos EUA espalhou o pânico nos mercados globais, líderes do Congresso anunciaram que a medida será levada à votação no Senado hoje à noite. O aparente avanço animou os mercados (leia textos nesta página), que recuperaram parte das perdas. Ambos os candidatos majoritários à sucessão de George W. Bush, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, senadores, anunciaram que vão a Washington hoje, para a votação, prevista para depois do pôr-do-sol, em respeito ao fim do feriado de Ano Novo judaico. A possibilidade de a medida ser aprovada nessa Casa é maior, o que tende a aumentar a pressão em nova votação na Câmara, que pode acontecer amanhã.
EUA VOTAM PACOTE NO SENADO HOJE
A nostalgia da catástrofe
Artigo - Vinícius Torres Freire
Folha de S. Paulo
Em dias, país deixa otimismo abilolado e passa a ver sinais de crise ruim em números que já vinham em baixa faz meses
A GORA QUE a crise americana se tornou assunto "pop" e teve efeitos mais imediatos no Brasil, parece que se desatou uma nostalgia da catástrofe no país. Bastaram três semanas para que se fosse do otimismo abilolado para a ansiedade de ver prenúncios de ruína em qualquer indicador, dados porém ignorados até setembro.
A nostalgia da catástrofe
Não intervir não é opção
FERNANDO CARDIM
Folha de S. Paulo
O PLANO Paulson naufragou na percepção generalizada do público americano de que se tratava de uma tábua de salvação para banqueiros, um dos grupos sociais menos apreciados pela sociedade em geral. Em relação ao texto originalmente proposto, essa percepção não estava muito longe da realidade. O Plano Paulson realmente aliviaria a situação presente das instituições financeiras, adquirindo seus ativos desvalorizados, sem praticamente exigir nada em troca. Não havia qualquer restrição, por exemplo, à fixação de preços desses ativos muito superiores aos de mercado. Na realidade, preços superiores aos de mercado seriam quase obrigatórios, porque o valor que o mercado reconhece atualmente nesses ativos é exatamente o que está ameaçando a solvência de tantas instituições financeiras.
Artigo: Não intervir não é opção
Clássicos da ditadura
Artigo - Ruy Castro
Folha de S. Paulo
Foi anteontem, há 40 anos, na final de um festival da canção. A vitoriosa "Sabiá" estava sendo vaiada por 15 mil bocas no Maracanãzinho -e aplaudida por, se tanto, 10 por cento disso. A malta não se conformava com que a guarânia de Geraldo Vandré, "Caminhando", com sua letra explosiva, perdesse para "aquela modinha" de Tom Jobim e Chico Buarque. Alguém soltou dois sabiás quando o aturdido Tom e a dupla Cynara e Cybele entraram para cantar. A intenção era boa, mas as pobres aves voaram em direção às luzes e, desorientadas, deram uma rasante sobre a platéia -foram capturadas e despedaçadas. Naquela noite, os sabiás eram a alienação, o conformismo, a passividade diante da ditadura. Vandré, pouco antes, tentara consolar o público com uma frase de efeito: "A vida não se resume a festivais" -embora estes fizessem grande parte da sua, porque ele disputava dois ou três por ano. Nelson Rodrigues, assistindo pela TV, constatou que o rosto de Vandré, em close, não disfarçava o travo pela derrota. "Fosse outro", escreveu Nelson, "ligaria empolgado para a mãe: "Mamãe! Mamãe! Tirei o segundo lugar!"".
Clássicos da ditadura
Eleições e segurança - uma agenda vazia
Paula Miraglia
Folha de S. Paulo
O que encontramos hoje nos diferentes planos de governo apresentados é um conjunto de frases de efeito sem lastro gerencial ou político
O espaço reservado ao tema da segurança pública no discurso dos candidatos à Prefeitura de São Paulo deveria ser reconhecido e festejado como um avanço. No entanto, no sentido exatamente contrário, o que encontramos hoje nos diferentes planos de governo apresentados, quase que integralmente, é um conjunto de frases de efeito sem nenhum lastro gerencial ou político.
Eleições e segurança - uma agenda vazia
Papel do Congresso
Artigo - Antonio Delfim Netto
Folha de S. Paulo
O comportamento do Congresso dos EUA em relação ao programa de socorro ao mercado financeiro envolve uma disputa entre poderes que, no futuro, vai ter conseqüência na execução da política monetária e no aperfeiçoamento da regulação do setor financeiro. No final de 2007, por exemplo, o Senado solicitou ao "Congressional Budget Office" um estudo sobre a política fiscal do Executivo (a devolução de impostos). Nesse relatório, o CBO levanta a hipótese de que o problema dos "subprimes" poderia ser mais profundo do que parecia. Sugere o seu enfrentamento com algumas políticas até já usadas nos EUA (em 1933, com a "Home Owners Loan Corporation" -HOLC-, e, nos anos 80, com a "Resolution Trust Corporation" -RTC): a compra das hipotecas duvidosas por uma agência do governo, vendidas depois que se restabelecesse a sua precificação. É razoável supor, portanto, que o Congresso, pelo trabalho do CBO, talvez tivesse uma idéia mais clara da gravidade do problema do que o próprio Fed, sob cuja política laxista as coisas aconteceram.
Papel do Congresso
Oi pagará mais caro pelo dinheiro que falta
Thaís Costa
Gazeta Mercantil
A Oi/Telemar surge no meio da crise do mercado financeiro americano como uma das maiores prejudicadas no setor de telecomunicações. A companhia está em vias de captar recursos elevados para concluir a compra da Brasil Telecom. Se a negociação de compra de controle for adiante - e ela é muito importante para o negócio -, seus executivos certamente vão se arrepender muito de não terem captado os recursos de forma integral com antecedência, livrando-se dos efeitos que se seguirão às próximas medidas do governo dos Estados Unidos.
AGORA, BANCOS NEGAM CRÉDITO A AGRICULTORES
Fabiana Batista
Gazeta Mercantil
Os bancos internacionais fecharam as portas para a elite da agricultura brasileira. Grandes produtores que foram buscar financiamento já pré-aprovado nos bancos estrangeiros voltaram de mãos vazias ou com apenas parte do dinheiro para plantar nesta safra. São empresários rurais que eram clientes dessas instituições há mais de cinco anos e agora estão vendendo seus estoques às pressas - e com deságio - para concluir o custeio da safra. A escassez do dinheiro a esse público pode trazer fortes impactos à área plantada de algodão, cujos custos de produção equivalem a três vezes os custos da soja.
Agora, bancos negam crédito a Agricultores
Acordo entre Petrobras e PDVSA deve sair este ano
Gazeta Mercantil
O acordo de acionistas e o estatuto social da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco - projeto conjunto da Petrobras e PDVSA, tratado desde o primeiro encontro bilateral entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez - devem ser fechados até o fim do ano, informou ontem a estatal brasileira. Os dois documentos, essenciais para a constituição legal da empresa responsável pela refinaria, vêm sendo negociados desde 2006 pelas duas petroleiras. Ontem, em Manaus, mais um passo foi dado em direção a um acordo. Petrobras e PDVSA assinaram um termo de compromisso com as diretrizes do acordo de acionistas e do estatuto social. Segundo o diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a demora se deve à complexidade do negócio.
Acordo entre Petrobras e PDVSA deve sair este ano
Ipea vê risco de retração do mercado de trabalho
Márcio de Morais
Gazeta Mercantil
O rendimento real médio dos assalariados e as taxas de emprego registram avanço consistente do início desta década até 2007, principalmente nas regiões metropolitanas. No entanto, as análises e conclusões sobre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - a Pnad 2007 - revelam que os indicadores sobre mercado de trabalho podem estar perto de perder sustentação a partir de 2008, devido à desaceleração do ritmo de contratações identificada nas séries estatísticas recentes. A análise é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que ontem divulgou a segunda rodada de análise sobre os dados da Pnad, computados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A rodada tratou dos temas mercado de trabalho, exploração infantil e Previdência Social. Os estudos mostram que a oferta de postos de trabalho cresceu 2,1% entre 2006 e 2007, passando de 79,7 milhões para 81,4 milhões e que a renda média dos trabalhadores ocupados subiu 3,2% no mesmo período, o maior nível desde 1996.
Ipea vê risco de retração do mercado de trabalho
Superávit fecha agosto em R$ 10,18 bi
Ayr Aliski
Gazeta Mercantil
O Brasil encerrou o mês de agosto com um superávit primário do setor público de R$ 10,184 bilhões. A conta envolve os números do Governo Central, governos estaduais e municipais e empresas estatais, refletindo o total de arrecadação menos os gastos públicos, excluindo nessa conta as despesas com pagamento de juros. Em agosto do ano passado, o superávit primário somou R$ 8,091 bilhões. Os dados foram anunciados ontem pelo chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes.
Superávit fecha agosto em R$ 10,18 bi
Na crise, engenheiro também faz falta
Leonardo Trevisan
Gazeta Mercantil
Bem antes da tempestade financeira global desta semana, o governo já sabia que o País crescerá menos no ano que vem, talvez expansão de 3,5%, a conhecida "acomodação de atividade", na expressão do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Na comparação internacional, porém, o Brasil não fica tão mal na foto: os países ricos devem crescer bem menos que esse percentual e os emergentes devem perder velocidade de crescimento em proporção parecida com a brasileira. Desse modo, se o País vai crescer, apesar da crise, algum preparo é preciso. Mesmo com as tormentas, tragédias e os pessimismos de hoje. Sem esquecer que decisão de investimento, depois de executada, tem reversão muito difícil: a máquina comprada terá que ser paga ou a obra iniciada deve ser concluída. Não é por outro motivo que a falta de engenheiros voltou a ser assunto, com tanta força, com ou sem aprovação do pacote no Congresso americano.
Turbulência não se compara à de 1929
Rosana Hessel
Gazeta Mercantil
A atual crise financeira dos Estados Unidos e que se alastra pela a Europa com a quebra de bancos e financiadoras de hipotecas não se compara à Grande Recessão, apesar de superar as perdas em valores, avaliam alguns especialistas. "Algumas pessoas foram muito apressadas em comparar a queda dos mercados de anteontem com a Grande Recessão. A crise de 1929 foi muito pior do que a atual", afirma o economista e professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ernesto Lozardo. Para ele, o excesso de liquidez no mercado ajudará aos Bancos Centrais e aos governos socorrerem suas instituições e assim minimizar o impacto dessa crise financeira na economia real. "O que temos agora é mais um problema de governança das instituições financeira americanas", afirmou Lozardo, apostando em um forte movimento de fusões e aquisições no setor financeiro, como aconteceu esta semana com o secular banco Fortis, socorrido pelos governos da Bélgica, Holanda e Luxemburgo.
Turbulência não se compara à de 1929
Ponto do Servidor - Erros serão corrigidos
Coliuna - Maria Eugênia
Jornal de Brasília
A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público (Condsef) foi ao Ministério do Planejamento buscar informações sobre problemas na prévia dos contracheques de servidores que receberão reajustes contidos nas medidas provisórias (MPs) 440 e 441. Muitos relatos foram feitos sobre diferentes situações apontadas como erros nos contracheques. O Planejamento informou que os erros apurados serão corrigidos em folha suplementar a ser editada ainda em outubro, mas sem dia definido. A Condsef recomenda aos servidores que identificarem problemas em seus contracheques que procurem a Coordenadoria de Recursos Humanos nos locais de trabalho. O objetivo é dar conhecimento do problema aos gestores de RH para que o Planejamento execute as alterações necessárias. A Condsef acompanha o processo e cobra do governo que ninguém seja prejudicado por erros técnicos. A entidade cobra também a instalação de grupos de trabalho criados para continuar negociando planos de carreira para diversos setores. Muitas reivindicações aguardam a instalação desses grupos para dar continuidade ao processo de negociação.
Cumprimento de acordo
Durante a reunião no Ministério do Planejamento foi cobrado, ainda, o cumprimento integral do acordo firmado com os servidores do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). A Medida Provisória 441 também trouxe itens não negociados e que prejudicam a categoria. Recebida por gestores da Secretaria de Recursos Humanos (SRH), a Condsef, acompanhada da associação dos servidores do Inmetro, cobrou a correção nas tabelas salariais que trouxeram valores menores dos que foram negociados e assinados em termo de acordo. O Planejamento garantiu que vai encaminhar um projeto de lei ao Congresso Nacional ajustando as tabelas salariais do Inmetro, mantendo eqüidade com as tabelas do INPI.
Terceira parcela para militares
Começa a vigorar hoje a terceira parcela do reajuste salarial para os militares das Forças Armadas. Os efeitos na conta do servidor, entretanto, só serão sentidos no início de novembro, quando sai o salário referente ao mês de outubro. O aumento foi dividido em cinco vezes, até julho de 2010. Desta vez, o índice varia de 4,94% a 3,71%, de acordo com a patente do militar. Recrutas, soldados e alunos das escolas militares ficam fora desta parcela. Eles só voltam a ter aumento em fevereiro do ano que vem. Depois de pagas todas as parcelas, os soldos terão reajuste total entre 35,31% (percentual dos oficiais) e 137,83% (recrutas). Agora, com os reajustes garantidos, a categoria se mobiliza para recuperar vantagens perdidas, como o auxílio-moradia e o anuênio. O sinal verde para os estudos já teria sido dado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Segundo o Ministério da Defesa, o aumento beneficiou mais de 600 mil pessoas, sendo 342 mil militares da ativa, 133 mil inativos e 135 mil pensionistas.
Ponto do Servidor - Erros serão corrigidos
Brasileiros conseguem avanço
Jornal do Brasil
Cientistas repetem no Brasil técnica criada nos EUA
Uma década depois de a primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas ter sido isolada nos EUA, o Brasil conseguiu reproduzir a técnica. A realização nacional foi confirmada há uma semana e meia no laboratório de Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho será apresentado pela primeira vez quinta-feira em um congresso científico em Curitiba. O domínio da técnica é importante porque essas células são hoje fundamentais para a pesquisa biomédica.
Brasileiros conseguem avanço
Relator assegura que a Carta continua atualizada
Andrezza Queiroga, Fernanda Bompan Leda Rosa
Jornal do Brasil
País ficaria ingovernável, lembra Cabral. Não ocorreu
"Esta Constituição terá cheiro de amanhã e não de mofo". A frase, de Ulysses Guimarães, foi usada pelo relator da Assembléia Nacional Constituinte e jurista Bernardo Cabral, para resumir o significado da Constituição 20 anos depois. Criticada pela sua extensão, com 245 artigos, ele relembra que, inicialmente, havia 2.500. Para ele o maior mérito da Constituição "é a consagração do respeito aos direitos humanos como princípio fundamental". Entre outras virtudes citadas pelo jurista estão a garantia da ampla defesa e o fortalecimento do Ministério Público e do Judiciário no combate à corrupção.
Cabral questionou, ainda, a acusação de ingovernabilidade que a Carta teria para alguns. Como o país ficou ingovernável com esta Constituição, se foi ela que permitiu a passagem democrática dos governos entre Fernando Collor de Mello e Itamar Franco disse no segundo e último dia do Congresso Vinte Anos de Constituição, da Academia Internacional de Direito e Economia, em São Paulo.
O evento teve apoio da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), que edita a Gazeta Mercantil e o Jornal do Brasil. O jurista, apesar de ter sido o relator, não se eximiu de criticar o sistema tributário, a reforma agrária e a manutenção e existência da medida provisória, já que ela foi elaborada para um sistema para um sistema parlamentarista e não presidencialista. Hoje qualquer que seja presidente usurpa o poder do Congresso e legisla justifica.
Direitos
A Constituição garante direitos, como da propriedade, que são, muitas vezes, infringidos por movimentos sociais, os quais se julgam vítimas do estado de direito afirmou o professor e filósofo Denis Lerrer Rosenfield. Ele acredita que órgãos do Estado, como Incra e Funai, dão força e legitimidade para abusos de movimentos sociais. Por meio de estudo, ele explica que sua afirmação tem por base dados dos órgãos, como por exemplo, o fato de existir mais de 320 mil índios sendo que, a maioria, mora nas cidades para 108 milhões de hectares de terra. Para ele, os direitos humanos são usados para cometer abusos.
TCU encontra irregularidades em 48 obras, 13 do PAC
Jornal do Brasil
Sobrepreço foi o motivo detectado em todas as auditorias realizadas
O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou, ontem, a paralisação de 48 obras por apresentar indícios de irregularidades graves. A maior parte das construções sob suspeita são de rodovias e de recursos hídricos, e estão sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), com 20 empreitadas e do Ministério da Integração Nacional. Do universo de obras condenadas pelo TCU, 13 estão incluídas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). É o caso da usina nuclear de Angra 3, da ferrovia Norte-Sul e do Rodoanel paulista. Em Angra 3, o tribunal recomendou retenção de R$ 469,3 milhões destinados para a construção da usina por ter verificado sobrepreço no contrato assinado para a retomada da obra. O mesmo problema foi encontrado na Ferrovia Norte-Sul, que teve bloqueio de R$ 500 milhões.
TCU encontra irregularidades em 48 obras, 13 do PAC
Brasileiro tem Natal garantido
Regiane de Oliveira José Pacheco Maia Filho Caio Cigana
Jornal do Brasil
Enquanto a crise americana torna nebuloso o horizonte nas bolsas, no varejo, grandes redes de supermercado apostam no consumo aquecido: o Wal-Mart projeta o melhor Natal da sua história no país e o Pão de Açúcar mantém metas de crescimento. O governo lembra, porém, que está pronto para agir se necessário. Supermercados: crise não terá reflexos no consumo
NATAL SEM CRISE
Encontrado mais óleo no pré-sal
Jornal do Brasil
Primeira descoberta de empresa estrangeira no Brasil
A petroleira norte-america- na Anadarko anunciou ontem a descoberta de petróleo na camada pré-sal do Brasil, a primeira realizada por uma empresa estrangeira como operadora em bloco de exploração no país. A empresa informou que as perfurações foram realizadas no poço chamado Wahoo, na bacia de Campos, distante cerca de 40 quilômetros do campo de Jubarte operado pela Petrobras , o primeiro a extrair petróleo do pré-sal. O poço 1-APL-1-ESS está no bloco BM-C-30 em uma profundidade média de 4.650 pés (1,4 km), a cerca de 25 milhas ao sudeste e separado da descoberta anunciada anteriormente pela Petrobras no campo gigante de Jubarte informa a empresa operadora.
Encontrado mais óleo no pré-sal
A campanha agüenta a crise
Artigo - Villas-Bôas Corrêa
Jornal do Brasil
A campanha agüenta a crise
A nova e subversiva latinidade
ARTIGO - Candido Mendes
Jornal do Brasil
Desdobram-se as visões da América Latina, no desponte da quebra hegemônica e, de vez, de um governo diferente em Washington. A recém-terminada conferência da Academia da Latinidade em Mérida, na província de Yucatán, no México, debruçou-se sobre, ao mesmo tempo, o futuro das dominações de há menos de um lustro frente às novas multipolaridades e, sobretudo, a crise do Estado-nação entre nós, expressa pelos riscos do establishment da Bolívia e da mesma ameaça que começa no Equador. Essas quebras possíveis nascem das assincronias históricas, em que o subdesenvolvimento sofre também tardiamente da consciência de suas recaídas, no impasse da mudança. A Bolívia de Morales e dos governadores da "Media Lune" sofre de duas defasagens históricas simultâneas. Cristalizou-se a prosperidade de Santa Cruz e de províncias vizinhas, num regime de economia semicolonial, responsável pela riqueza nacional num aparelho de produção rudimentar e de aguda concentração de suas rendas. O paraíso latifundiário extrativista não suportou uma primeira carga tributária e, sobretudo, a aplicação de seus recursos em bem do outro lado do país e da política assistencial aos desmunidos do Altiplano.
A nova e subversiva latinidade
Auditoria mostra rombo de R$ 200 mi em fundos de pensão
Sônia Filgueiras
O Estado de S. Paulo
Investigação conjunta realizada pelo Ministério da Previdência e pelo Banco Central detectou nova fronteira de ataque aos cofres públicos que já causou prejuízos de quase R$ 200 milhões a fundos de pensão de pelo menos de três Estados e 112 prefeituras. As auditorias realizadas entre 2003 e o segundo semestre de 2007, e só agora reunidas, mostram que os fundos de pensão do chamado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), destinados a bancar as aposentadorias dos funcionários de prefeituras e Estados, foram alvo de operações financeiras suspeitas.
Relatório aponta fraude em fundos de 3 Estados e 112 municípios
Dora Kramer - Imunidade preventiva
O Estado de S. Paulo
Tímido na abordagem e lento na solução de problemas objetivos, o presidente Luiz Inácio da Silva em mais de uma oportunidade também já mostrou o quanto é ligeiro e destemido quando o assunto é política. Se a questão em jogo for eleitoral, então, não há ninguém mais alerta e pragmático. Já sentiu de longe o aroma do perigo e, por isso, muito antes de se materializar a preocupação no governo com a extensão da crise econômica mundial para os dois últimos anos de seu mandato, o presidente começou a construir o discurso preventivo à eventualidade de o bolso do brasileiro vir a ser atingido em cheio pelos efeitos da dura conjuntura.
Dora Kramer - Imunidade preventiva
BNDES terá reforço de R$ 7 bilhões do FGTS
Lu Aiko Otta e Christiane Samarco
O Estado de S. Paulo
Governo quer assegurar que não faltará dinheiro para exportação, agricultura, BNDES e . Preocupado com o “sumiço” das linhas de crédito no mundo inteiro, em decorrência da crise, o governo decidiu reforçar ainda mais a posição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco deverá receber R$ 7 bilhões que hoje estão no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Esse fundo usa parte dos recursos do FGTS para financiar a infra-estrutura. O aporte de R$ 7 bilhões será adicional aos R$ 15 bilhões que o Tesouro já vem entregando ao banco em parcelas, com base em medida provisória editada no fim de agosto. O reforço do BNDES faz parte da estratégia definida pelo governo quando a crise começou a se agravar.
BNDES terá reforço de R$ 7 bilhões do FGTS
Mais fechado ao exterior, Brasil sofrerá menos
Ribamar Oliveira
O Estado de S. Paulo
Exportações equivalem a 12,1% do PIB, ante 37,4% da China, por exemplo, o que pode reduzir o impacto da crise
A relativamente pequena exposição da economia brasileira ao comércio exterior vai limitar, na avaliação da equipe econômica do governo, os efeitos sobre o Brasil de uma maior desaceleração dos países ricos, onde está localizado o epicentro da crise financeira. Segundo essa avaliação, a China sofrerá mais os efeitos da crise do que o Brasil, pois tem uma elevada integração com as economias dos Estados Unidos, Japão e União Européia (UE), conhecido como G3. As exportações chinesas para o G3 representaram 48,8% das vendas externas totais da China em 2007, de acordo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Isso significa que as exportações chinesas para esses três países corresponderam a 18,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da China, calcula o Banco Central (BC).
Mais fechado ao exterior, Brasil sofrerá menos
Tolo é quem pensa que o povo é bobo
José Nêumanne
O Estado de S. Paulo
Tendo apenas as próprias ambições pessoais a apresentar como argumentos para convencer o eleitor a votar neles, alguns políticos, como papagaios, repetem lemas e estratégias cegamente, sem prestar atenção em sua óbvia inutilidade. Membro de um grupo apelidado de “raposas felpudas” - os pessedistas mineiros -, exatamente pelo talento para lidar com o gosto e a preferência populares, o falecido Tancredo Neves costumava avisar a seus correligionários que “a esperteza, quando demasiada, é um bicho que acaba por devorar o dono”. Eis uma frase que os pressurosos assessores que voam rumo a seus candidatos nos intervalos dos debates eleitorais na televisão deveriam ter sempre na ponta da língua para impedir que estes venham a cometer tantos erros infantis. Afinal, como já sabiam os antigos romanos, errar não é um bicho de sete cabeças. Mas insistir no erro seria diabólico, se o diabo fosse burro.
Tolo é quem pensa que o povo é bobo
Segurança ameaçada
Coluna - Ilimar Franco - Panorama Político
O Globo
O comandante do Exército, Enzo Peri, avisou que vai dispensar recrutas por falta de dinheiro. Ele cobra do governo a liberação de R$ 445 milhões, afirmando que não há dinheiro para gastos com alimentação da tropa e com a segurança das eleições, informa Ilimar Franco. O comandante do Exército, Enzo Peri, enviou e-mail ontem para a rede de comando de sua Força informando que, por falta de recursos, haverá "comprometimento das ações destinadas à segurança das eleições municipais". Diz que recursos do TSE cobrem a operação, mas são insuficientes para garantir o apoio das organizações militares. O Exército reivindica liberação imediata de R$445 milhões, que estão contingenciados.
Exército vai reduzir expediente
O general Enzo Peri diz ainda que "informações da Secretaria de Orçamento Federal indicam que o volume de recursos (da área) a ser descontingenciado não será expressivo". Com isso, a partir de novembro, não haverá dinheiro para gastos com saúde, e serão afetados os estoques mínimos para alimentação da tropa. Haverá falta de combustível para operações, de verba para treinamentos e agravamento da situação dos estoques de munição. Para enfrentar a situação, serão tomadas as seguintes providências: licenciar, no mais curto prazo, os recrutas incorporados este ano e reduzir o expediente nas organizações militares.
Exército dispensa recrutas por falta de verbas
'Brasil pode se resguardar'
O Globo
GONZAGA BELLUZZO
A crise hoje é muito pior que a de 1929, diz o professor e economista Luiz Gonzaga Belluzzo, da Unicamp. O governo brasileiro, alerta ele, precisa agir para reduzir os impactos, adotando medidas que evitem o estrangulamento do crédito.
Qual o efeito da crise financeira?
BELLUZZO: A crise chegou ao coração da economia, o sistema de crédito, afetado pela desconfiança que tomou conta das instituições que geram crédito. Isso provavelmente vai desatar um processo de ajustamento da renda e do emprego, ou seja, da produção. Normalmente, isso se chama recessão, e não se sabe a intensidade desse processo recessivo.
E como fica o Brasil?
BELLUZZO: A economia global já está em recessão. Resta saber a rapidez com que o governo americano restabelecerá o crédito para impedir que se aprofunde. Se for muita rápida e profunda, dificilmente o Brasil vai deixar de sentir os efeitos. Só que o Brasil tem formas para se resguardar. O Brasil tem um sistema financeiro que não se envolveu na loucura dos créditos hipotecários, é um sistema bem mais regulado que o americano, e o nível de reservas internacionais é alto.
Para o presidente do BC, o governo está preparado para a crise.
BELLUZZO: Ele pode ter uma intervenção mais estrita no mercado de crédito, fazendo bancos públicos atuarem para contrabalançar a retração do crédito no setor privado, canalizando recursos para pequenas e médias empresas, garantindo parte para o consumo. E o governo deve abastecer o mercado de liquidez, não mexer no juro. (Lino Rodrigues)
'Brasil pode se resguardar'
'Lamento toda essa cortina de fumaça num momento dramático como este'
Catarina Alencastro
O Globo
CRISE AMBIENTAL: "É o ministério em carreira solo correndo atrás do prejuízo"
Marina acusa Minc de pirotecnia para esconder gravidade do quadro na Amazônia
Acabou a política dos panos quentes para esconder as divergências. Isolada no interior do Acre, sem televisão ou acesso às notícias, a senadora Marina Silva (PT), ex-ministra do Meio Ambiente, fez ontem pela primeira vez críticas pesadas à maneira como seu sucessor, Carlos Minc, divulgou anteontem a lista dos cem maiores desmatadores da Amazônia - no mesmo dia em que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgava o crescimento de 133% no desmatamento da Amazônia. Evitando citar o nome de Minc, Marina classificou de pirotecnia tornar pública uma lista sem sequer tê-la lido, como Minc alegou ontem, diante das reações do Incra. Ela disse também que a força-tarefa anunciada por Minc para processar os criminosos ambientais já existe desde março.
'Lamento toda essa cortina de fumaça num momento dramático como este'
Ancelmo Gois - Leão corre perigo
O Globo
Este Darf de R$654 milhões que Eike Batista recolheu em impostos, na segunda-feira, chama a atenção para um eventual reflexo negativo da crise financeira na arrecadação da União.
- É que, quanto mais a bolsa bombava, mais o Leão coletava - diz o economista José Roberto Afonso, para quem o governo brasileiro também ganhava muito com a dita "exuberância financeira".
É que...
O setor financeiro, sozinho, explicou 32% dos R$71 bi que a Receita ganhou a mais até junho último - não computada a CPMF, pelas contas de Zé Roberto. As montadoras responderam por 14% do recorde. Diz ele:
- Ora, se a bolsa despencar, os ganhos financeiros desaparecerem e o crédito para carro novo escassear, a crise poderá atingir a veia do Leão brasileiro mais rápido que em outros países. É hora de redobrar a cautela com as contas fiscais.
Ancelmo Gois - Leão corre perigo
Élio Gaspari - "Nosso negócio é salsicha"
O Globo
Tomara que Nosso Guia esteja certo: "Acabou a era dos economistas governarem o país e voltou a era dos engenheiros." Há nesse desejo uma ponta de simplificação, pois são os economistas encarregados de cuidar do cofre quem arrumam um jeito de pagar as contas das obras dos engenheiros. Mesmo assim, os últimos 50 anos da História brasileira registraram um desprestígio, quase má vontade, em relação aos governantes que fazem coisas. Essa urucubaca foi acompanhada pela sacralização da turma do papelório. O último tocador de obras transformado em símbolo do progresso nacional foi o veterinário Bernardo Sayão, morto em 1959 enquanto comandava a abertura da estrada Belém-Brasília. (Foi atingido por uma árvore, ou massacrado pelos índios, talvez assassinado pelos peões, sempre punido pelos espíritos da floresta.) Depois dele, veio o coronel Mário Andreazza, mas o triunfalismo e as denúncias de corrupção da ditadura tisnaram sua principal obra, a Ponte Rio-Niterói.
Élio Gaspari - "Nosso negócio é salsicha"
Merval Pereira - A grande vítima
O Globo
São muitas as vítimas da crise que abala a economia dos Estados Unidos, mas a principal delas até o momento, sem dúvida, é o candidato republicano à Presidência, senador John McCain. Da semana em que a crise eclodiu até ontem, ele perdeu toda a dianteira que havia colocado sobre o adversário democrata, Barack Obama, depois da escolha de Sarah Palin para vice-presidente, e está agora até nove pontos percentuais atrás, numa das maiores distâncias entre os dois já detectada pelas pesquisas de opinião.
Merval Pereira - A grande vítima
APERTANDO O CINTO
Gustavo Paul
O Globo
Crise financeira mundial fará governo rever Orçamento para 2009 e cortar despesas
A crise internacional levará o governo a rever os números do Orçamento de 2009, reduzindo a perspectiva de receitas, cortando despesas previstas e podendo até aumentar o superávit primário. O tema ainda é tratado discretamente dentro da equipe econômica, mas já começaram as discussões em torno da revisão de projeções do projeto de lei orçamentária enviado no fim de agosto ao Congresso. Na ocasião, o Ministério do Planejamento baseou a proposta num cenário otimista, que prevê expansão da economia de 4,5%, taxa média de câmbio de R$1,71 e inflação em 4,5%, no centro da meta.
GOVERNO ABANDONA OTIMISMO E DECIDE MUDAR ORÇAMENTO
Lobby dentro do Planalto
Luiza Damé
O Globo
Companhias aéreas dão passagens e brindes a secretárias
Enquanto o presidente Lula e a ministra Dilma Rousseff tratavam de política externa em Manaus, no Planalto o dia da secretária foi comemorado com festa e distribuição de presentes patrocinados por empresas reguladas pelo governo, incluindo cinco passagens aéreas. Da festa, organizada pela Coordenadoria de Relações Públicas do Planalto, participaram cerca de 300 secretárias que trabalham no Palácio e nos quatro anexos. O Salão Oeste, local de cerimônias, virou palco de sorteio de brindes, desfile de modas e apresentação de dança flamenca, além de comes e bebes. Os prêmios mais comemorados foram as passagens aéreas para qualquer lugar do país e Buenos Aires, patrocinadas por Ocean Air (duas), Gol (duas) e WebJet (uma) e negociadas pela agência de turismo que atende o Planalto. As secretárias deixaram o evento levando uma rosa e brindes da TAM. Algumas receberam presentes de outras empresas. A Petrobras doou 96 brindes; a Coca-Cola, 62; a WebJet, 140; a Academia Runway, quatro; e o Mundo da Lingerie, dois. O coquetel será bancado pelo governo e diluído no custo do contrato da empresa que administra os restaurantes do Planalto. A festa foi organizada pela coordenadora de Relações Públicas, Evanise Santos, namorada do ex-ministro José Dirceu. O Código de Conduta da Presidência limita em R$100 o valor de brindes que podem ser recebidos por servidores. A Casa Civil, não se manifestou.
Lobby dentro do Planalto
Bancários: greve será por tempo indeterminado
Danielle Abreu
O Globo
Alguns bancos conseguiram na Justiça decisão que impede paralisações nas agências, mas sindicato recorre
A greve dos bancários continua hoje no Rio e em outras regiões do país, como Brasília e São Luís. Os trabalhadores decidiram, em assembléias ontem à noite, manter a greve por tempo indeterminado. Eles reivindicam reajuste de 13,23% - inflação acumulada em 12 meses, mais aumento real de 5%. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu 7,5%. O Sindicato dos Bancários do Rio informou que cerca de 24 mil trabalhadores cruzaram os braços no primeiro dia de greve, o que representa 80% de adesão. No Centro, o índice chegou a 100%. Os sindicalistas fizeram manifestações bem-humoradas na Avenida Rio Branco. Um homem anão representava o salário do trabalhador e um perna-de-pau, o lucro dos banqueiros.
Bancários: greve será por tempo indeterminado
Violência
Kátia Tavares
O Globo
Há cerca de dois anos, entrou em vigor no Brasil a lei (nº 11.340) que trata da criação de mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, prevendo até pena de prisão ao agressor em casos graves. Ela foi batizada como Lei Maria da Penha em homenagem a uma cearense que se tornou símbolo da luta contra a violência doméstica no país. A lei, respaldada por forte movimento de defesa dos direitos humanos da mulher, foi bem-vinda, pois resultou da necessidade de se repensar as relações de gênero, construída sobre uma cultura secular de dominação machista, cuja perversa marca tem sido a violência doméstica. O compromisso do Estado de atuar na proteção dos direitos fundamentais das mulheres vem previsto no art. 226, § 8º da Constituição Federal, que estabelece a assistência à família, além de mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Violência
Correa: 'sem tempo' de ler carta da Odebrecht
Chico de Gois
O Globo
Presidente do Equador mantém medidas contra empresa, mas pode rever decisão. Embate o ajudou a aprovar referendo
Em um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Manaus, o equatoriano Rafael Correa afirmou ontem que, pelo menos por enquanto, manterá as medidas contra a construtora brasileira Odebrecht. Em um tom mais ameno do que o adotado na semana passada, o presidente do Equador disse que tomará uma decisão nos próximos dias, com base em "novos elementos" que surgiram, como uma carta que teria sido enviada a ele pela empreiteira "quarta ou quinta-feira passada". Correa disse não ter tido tempo de ler a carta. A informação causa estranheza, uma vez que a briga com a Odebrecht ajudou o equatoriano politicamente no referendo do domingo, quando foi aprovada a nova Constituição.
- Não tivemos tempo de estudar o caso - disse ele.
Correa: 'sem tempo' de ler carta da Odebrecht
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