Por Antonio Pimenta
A carnificina cometida por Israel em águas internacionais, com 19 civis mortos e 60 feridos, no assalto a uma frota de ajuda humanitária a Gaza, na madrugada de segunda-feira dia 31, provocou no mundo inteiro uma onda de condenações por parte da ONU e dos mais diversos governos. O ataque foi condenado por reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, em meio a numerosas manifestações de rua, em vários continentes.
O comboio humanitário havia zarpado de Chipre no domingo, com centenas de civis a bordo, inclusive crianças, mulheres e idosos, de cerca de 50 países. Presentes ainda parlamentares europeus e personalidades como a norte-irlandesa Mairead Corrigan Maguire, Prêmio Nobel da Paz de 1976, o ex-subsecretário da ONU para assistência humanitária, Denis Halliday, o escritor sueco Henning Mankell, a cineasta brasileira Iara Lee, uma senhora judia que sobreviveu à ascensão de Hitler, Heidy Epstein, e líderes religiosos islâmicos. A bordo estavam jornalistas da TV Al Jazeera, de um canal iraniano e outro canal turco, que transmitiram ao vivo a abordagem do barco por comandos israelenses de elite, e inclusive mortes, até serem silenciados.
A ajuda transportada: 10.000 toneladas em alimentos, remédios, brinquedos, material escolar, cadeiras de rodas, sistemas de tratamento de água, e material de construção. Sob o bloqueio que vigora desde junho de 2007, o governo de Israel mal permite a entrada, por semana, de 25% do mínimo necessário à sobrevivência dos 1,5 milhão de pessoas de Gaza.
O massacre agravou o já profundo isolamento de Israel e causou comoção internacional, com grande parte dos governos dizendo-se “chocados” com ataque tão brutal e estúpido a um comboio civil humanitário. O termo foi usado em condenações manifestadas pelo Brasil, França, China, Espanha e inclusive pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que cobrou a apuração do “banho de sangue”.
Israel, que no início tentou alegar que a ação havia sido em suas águas, teve depois de admitir que ocorrera em águas internacionais. Ou seja, além de chacina, pirataria. O próprio governo Obama, após “lamentar” os assassinatos, pediu a Netanyahu “esclarecimentos” sobre “as circunstâncias” o mais rápido possível, enquanto o primeiro-ministro de Israel, que estava no Canadá, se viu forçado a deixar para outro dia a ida a Washington.
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