domingo, 4 de abril de 2010

“Contaminação” radioativa das águas de Caetité: cadê o Greenpeace?

Nilder Costa

(Alerta em Rede) – Em clara e direta nota técnica, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) afirma de forma incisiva que os níveis de radiação nas águas da região de Caetité, na Bahia, não justificam o fechamento de alguns poços de abastecimento de água, como determinado pelo Instituto de Gestão de Águas da Bahia (INGA), em janeiro passado, sem levar em conta a portaria do Ministério da Saúde que, em casos de concentrações mais elevadas de urânio devem ser aplicados os valores estabelecidos pela CNEN. [1]
Os resultados das análises demonstram que as doses de radiação encontradas na região estão abaixo da Norma CNEN NN 3.01 para exposição pública, não havendo perigo para a população local.

A nota explica uma das causas da “confusão”: [2]

“O fechamento dos poços executados pelo INGA na região de Caetité foi feito com base na Portaria 518 de 25/3/2004 do Ministério da Saúde que preconiza que medidas de alfa e beta total sejam utilizadas como medidas de screening (que pode ser traduzido livremente como “primeira avaliação”) para avaliar riscos radiológicos para fins de potabilidade de água. A portaria MS 518/2004 que estabelece que:

'A água potável deve estar em conformidade com o padrão de radioatividade expresso na tabela 4 (Radioatividade alfa global: valor máximo permitido 0,1 Bq/L e Radioatividade beta total:VPM=1,0 Bq/L).Se os valores encontrados forem superiores ao VMP, deverá ser feita a identificação dos radionuclídeos presentes e a medida das concentrações respectivas. Nesses casos, deverão ser aplicados, para os radionuclídeos encontrados os valores estabelecidos pela legislação pertinente da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, para se concluir sobre a potabilidade da água.'"

E, adiante,

“Esta Portaria foi baseada nas Recomendações para a qualidade da água potável, 2ª edição, 1993, da Organização Mundial de Saúde. A nova edição deste documento Recomendações para a qualidade da água potável, 3ª edição, 2004, reviu os valores da edição de 1993, aumentando para: Radioatividade alfa global: valor máximo permitido 0,5 Bq/L, ou seja, 5 vezes o valor anterior e superior (ou igual) à média histórica da maioria dos poços de Caetité (incluindo os poços de abastecimento fechados pelo INGA)."
Ao final, a nota da Cnen diz entender que “as medidas tomadas pela INGA tiveram como base o princípio da precaução, buscando evitar que a população viesse a se expor à radiação de forma inadvertida”, mas todas as informações e recomendações da OMS já eram de domínio público desde 2004. Em outras palavras, o INGA preferiu seguir as “recomendações” desestabilizadoras do Greenpeace e caterva (que visam atingir a exploração de urânio na região pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB)) e não as das autoridades competentes e idôneas, submetendo assim a população local a sacrifícios desnecessários, restando-lhe agora a pergunta: cadê o Greenpeace?

Notas:
[1]CNEN: não há motivo para fechar poços em Caetité, Jornal da Energia, 25/03/2010
[2]“Nota de Esclarecimento a respeito das concentrações de urânio encontradas nas águas subterrâneas na região de Caetité/BA”, CNEN, 19/03/2010

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