quarta-feira, 10 de março de 2010

Sarney fala sobre novas mídias e processo de transformação do modelo político


(Diário do Amapá) O fim da democracia representativa, a morte das grandes ideologias e o enfraquecimento dos partidos políticos são algumas das conseqüências do mundo virtual contemporâneo - capitaneado pela Internet – apontadas pelo presidente do Senado, José Sarney (foto), em palestra proferida no seminário de lançamento do programa Brasiliana.org, da TV Brasil. O evento, de iniciativa da Empresa Brasil de Comunicação e da Agência Dinheiro Vivo, foi realizado nesta terça-feira (9/03) no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados, sob a coordenação do jornalista e colunista Luís Nassif. Na avaliação de José Sarney, o Parlamento tem que conviver com a nova realidade - ouvindo a sociedade em suas diferentes formas de representação e de expressão - sob pena de perder legitimidade. Os parlamentos "estão envelhecendo com poucos dias de eleitos", porque a informação e as demandas mudam a todo o momento, inclusive as que motivaram a criação das leis: "Quando nascem, as leis também já são defasadas", dimensionou. Segundo Sarney, criou-se no Brasil, assim como em todo o mundo democrático, a distorção da aprovação de um volume enorme de leis, detalhadas, longas, e as conseqüentes dificuldades de sua aplicação.


Citou Montesquieu: "Beaucoup de loi, pás de loi ". Ou seja, traduziu, "quando temos muitas leis, não temos nenhuma lei".Parlamentos envelhecidos, leis defasadas em pouco tempo de existência, influência das pesquisas de opinião, da mídia e da sociedade com enorme velocidade e impacto, entre outros fatores, formam um novo quadro, na avaliação do presidente Sarney: "A democracia representativa está fadada a desaparecer. Não completamente, mas terá uma outra formatação, não temos como evitar isso".Para o presidente do Senado, a Internet trouxe mudança s "extraordinárias": "Ao mesmo tempo que ela foi em cima do Congresso e da democracia representativa, foi também em cima dos meios consolidados de informação. Isso porque ela pode abrir um leque de informações, um leque de verdades, um leque de contestações, e tirou o monopólio dos grande jornais, dos grandes sistemas de TV, das grandes organizações de mídia". Sobre os partidos políticos, Sarney afirmou que perderam a representatividade. "Os partidos passaram a ficar numa situação secundária". Contou ter ouvido de Bill Clinton, certa vez, que para divulgar idéias e opiniões mais valem dois minutos na televisão do que o esforço de todos os partidos. "Entretanto ele acrescentou que, independentemente disso, sem os partidos não era possível governar", recordou, sobre o pensamento do ex-presidente norte-americano.Sarney discorreu inicialmente sobre a introdução gradativa das tecnologias da escrita e da comunicação que, pouco a pouco, transformaram a sociedade mundial. "Passei por várias formas de se escrever – lápis, caneta de bico-de-pato, caneta tinteiro, caneta esferográfica... Hoje nem faz mais sentido escrever cartas. Escrevemos somente para confirmar o que já foi dito".
Para o presidente, vive-se hoje uma realidade sem volta, de um estilo que já morreu. Ele acredita que a rede mundial de computadores destruiu a forma linear de pensar o mundo, com causas e efeitos. "Com a rede não encontramos um ponto central gerador da causa, cada vez que o procuramos nos perdemos e caminhamos para o infinito", afirmou. No mundo digital tornou-se impossível distinguir o falso do verdadeiro, prosseguiu o presidente do Senado. Com a extraordinária velocidade de informação, o repique com que ela se expande em rede, torna praticamente inviável distinguir o virtual do real. Rememorou o impacto do aparecimento do rádio em sua cidade natal, Pinheiros, no Maranhão. "O sucesso foi tão grande que o dono do aparelho criou o Clube do Rádio, que de tanta gente que reuniu acabou sendo fechado", recordou. O salto no tempo, com o advento da Internet, trouxe uma realidade tão nova e impactante, que as facilidades introduzidas pela tecnologia ameaçam os direitos individuais. Assim, apontou, um momento de privacidade de qualquer pessoa pode virar um filmete postado no Youtube.

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Um comentário:

  1. Gostei do seu blog. Já estou seguindo-o e colocando na minha lista.
    Um abraço.

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