terça-feira, 6 de abril de 2010

Helio Fernandes

Enquanto o Rio era devastado e inundado pela chuva, Eduardo Paes, em casa, “não quero ser incomodado”

Há muito não se via nada igual nesta cidade maravilhosa. Começou a chover forte a partir de 5 horas da tarde de ontem, segunda-feira, daí em diante tudo se agravou. Nenhuma providência. 16 mortos até a meia-noite, o Rio continua intransitável, tirando a Polícia Militar, nenhuma providência.
Pela primeira vez nos últimos 50 anos, vejo a Lagoa Rodrigo de Freitas transbordar, em todos os seus 7 mil e 400 metros. O Rio Maracanã inundou mais uma vez, isso é rotina de sempre, sem solução.
As Linhas Amarela e Vermelha cobertas de água, carros parados por horas e horas. Os ônibus desapareceram, um pouco por impossibilidade de trafegar e outro pouco por ordem da Fetranspor, o órgão mais poderoso da cidade.
Em consequência, milhares de pessoas durante essas horas, foram se acumulando nas ruas, não havia como chegar em casa, e lógico, hoje, como ir ao trabalho. Enquanto isso, o prefeito confortavelmente acomodado em casa, não queria saber de nada. Quando foi para casa, a cidade já era um caos, assim mesmo foi para o seu refúgio e não saiu.
“Recorram à Defesa Civil”, recomendou o prefeito, concluindo, “mas não me telefonem mais, não posso fazer nada”. Um dos prefeitos mais populares de Nova Iorque, (La Guardia, eleito e reeleito) saía de casa tarde da noite para tomar providências sobre um grave acidente de trânsito, incêndio, auxiliares recomendavam: “Pode ir para casa, resolveremos”. E La Guardia, convicto: “Tenho que ficar aqui, ninguém me pediu para ser prefeito, eu é que me apresentei, tenho que enfrentar os problemas”. Exatamente o contrário de Paes e Cabral.
Pela manhã, Eduardo Paes aparecia na televisão (abrigado) e dizia: “O Rio não está preparado para nada disso. De zero a dez, a nota do Rio é zero”. E o que ele faz para melhorar essa nota vergonhosa? Vai continuar chovendo, e o prefeito refugiado no seu conforto, que é o desconforto de toda a população.
O número de mortos deve aumentar, as aulas em todo o Rio foram suspensas, rios continuam inundando. O prefeito não está sozinho no descaso e desinteresse, cabralzinho também não saiu de casa, apesar do temporal ter atingido regiões que não são apenas da capital, pertencem ao estado, como toda a Baixada e Niterói.
Eduardo e cabralzinho, KI-DUPLA, parecem sorvete da Kibon.

O descuidado e displicente prefeito Eduardo Paes

Durante toda a manhã, ficou falando na televisão, repetitivo e dizendo bobagem. Perguntado sobre a Praça da Bandeira, “que sempre inunda e fica intransitável com qualquer chuva”, respondeu: “Esse é um problema crônico, não há o que fazer”. Um prefeito que diz que “problemas não têm soluções”, devia acompanhar a declaração com o pedido de renúncia.
Tatibitati, repete inúmeras vezes: “O problema se agravou por causa da maré alta”. É um primário, as mais diversas regiões não têm nada a ver com a “maré alta”.
O prefeito insistiu no “apelo”, para que “as pessoas não saiam de casa, fiquem em casa, para diminuírem as dificuldades”. Isso seria possível se as pessoas tivessem opções de conforto e facilidade como Sua Excelência.
Em relação ao “apelo” para não sair de casa, o prefeito poderia distribuir o livro de Bob Hope, grande sucesso de uma época: “Eu nunca saí de casa”. Bestial, prefeito.
Tribuna da Imprensa


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