Alberto Goldman (PSDB-SP) recebeu dinheiro da Editora Abril, que edita a Revista VEJA
Com o título “Um velho comunista no comando de São Paulo”, o Estadão deste domingo (4/4) estampa:
“O ex-comunista Alberto Goldman (PSDB), de 72 anos, assume o governo de São Paulo com a intenção de não cometer erros, para ajudar a candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência. “Tudo que for feito corretamente vai reverter em benefício dele”, afirmou a Christiane Samarco e Julia Duailibi. Ele pretende imprimir um estilo de governo diverso do de Serra, a começar pela pontualidade. “Sou pontual doentiamente. Deve ser uma doença, algo que eu mesmo não me dou conta”, disse Goldman.” (OESP, pág. 1, Nacional e pág. A8)
A VEJA São Paulo oferece ao leitor a visão de um homem tradicional, refinado (leia aqui):
“Goldman acorda sem despertador às 5h30, joga basquete três vezes por semana, é apaixonado por piano, odeia o Twitter e deixa jujubas sobre a mesa do gabinete (…) 72 anos, oferece à pequena plateia três opções de degustação de um erudito cardápio. Pergunta se alguém quer ouvir Liszt, referindo-se ao húngaro Franz Liszt (1811-1886), virtuose e compositor cujo nome estampa ao menos duas brochuras de partituras acumuladas ao lado do piano. Sem dar tempo para a resposta, lança então ao diminuto público algo mais “popular”: Frédéric Chopin (1810-1849), com quem compartilha a origem polonesa (…)” (VEJA SP, Edição-2159)
E quem é Alberto Goldman (foto)? Ex-comunista? Admirador de música clássica? Classificaríamos de outro modo:
“Dados do TSE mostram que Editora Abril, proprietária da Veja, financiou campanhas de candidatos tucanos em SP, entre elas, a de Alberto Goldman. Nada ilegal, mas não custa avisar ao leitor. Ajuda a entender a linha editorial. E o que tudo isso tem a ver com Marcos Valério?
As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foram obtidas pelo gabinete do deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). A Editora Abril S/A, proprietária da revista Veja, entre outras publicações, doou, nas eleições de 2002, R$ 80,7 mil a dois candidatos do PSDB e a um candidato do PPS. O deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP) recebeu doações de R$ 34,9 mil da editora naquele ano.
O deputado federal licenciado Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, recebeu uma quantia mais modesta, R$ 15,8 mil. Ferreira é hoje secretário de governo do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB). Já o candidato Emerson Kapaz (PPS-SP), que já exerceu mandatos pelo PSDB antes de trocar de partido, recebeu R$ 30 mil. Segundo a assessoria do deputado Dr. Rosinha, essas foram as únicas doações a políticos feitas pela Editora Abril em 2002.” (Revista NOVAE, original aqui)
Agora, o mais interessante:
“A Editora Abril também foi identificada como responsável por um depósito de R$ 303 mil reais em uma conta da DNA Propaganda, empresa de Marcos Valério, segundo dados obtidos pela CPI dos Correios e divulgados pela mídia. Os integrantes da CPI também identificaram dois depósitos da TV Globo, somando R$ 3,6 milhões, e dois da Globosat, somando R$ 180 mil. Segundo a assessoria da DNA, nestes dois últimos casos, os depósitos correspondem ao pagamento de comissões e bônus pela veiculação de publicidade em emissoras de televisão aberta e a cabo. Em princípio, também não há nada de ilegal nisso. Mas será interessante ver qual será o tom da cobertura destes veículos sobre tais depósitos. Merecerão manchetes e destaques de capa?
(…) Nenhuma linha sobre o depósito de R$ 303 mil reais feito pela Editora Abril na conta de uma das empresas de Valério. Em nota oficial, não publicada pelo site de Veja na tarde de quarta, o Grupo Abril afirma que “mantém relacionamento comercial com a grande maioria das agências de publicidade do país e que pagamentos de comissões em nome de agências fazem parte das práticas normais da atividade”. De fato, fazem parte, mas a discrição e o silêncio no site da revista são duas características estranhas à linha editorial da publicação quando se trata de alguma denúncia contra qualquer coisa que tenha “cheiro de esquerda”. Neste caso, qualquer denúncia ganha destaque imediato.”
Você acha que acabou, né? Não. Há mais sobre o novo governador de São Paulo, Alberto Goldman:
“Além de ter relatado a Lei Geral de Telecomunicações durante o governo FHC, Goldman também presidiu a comissão que tratou da flexibilização do monopólio do petróleo. O principal beneficiado pelas doações da Editora Abril foi ainda ministro dos Transportes, quando deu início ao processo de privatização das rodovias e portos brasileiros”, informa material produzido pela assessoria do parlamentar. E vai mais além. “Uma das maiores editoras do Brasil, a Abril possuía um endividamento líquido, em 2002, de R$ 699,5 milhões. Em julho de 2004, fundos de investimento em empresas de capital privado da Capital International Inc. associaram-se ao grupo Abril, beneficiando-se da Lei Geral de Telecomunicações, relatada por Goldman”.
(…) essa negociação permitiu à editora um aumento de capital de R$ 150 milhões – parte desse valor teria sido utilizada no abatimento da dívida. “O negócio corresponde a 13,8% do capital da Abril. A dívida atual da editora chega a R$ 485,9 milhões”, acrescenta, concluindo: “Como se vê, mesmo endividada, a empresa não deixou de contribuir com campanhas tucanas. Onde fica o princípio de imparcialidade e a independência jornalística dos veículos ligados à editora?”, questionou o parlamentar [Dr. Rosinha].
Artigo completo do jornalista Marco Aurélio Weissheimer, clique aqui.
Fica aqui nossa breve contribuição para o perfil do nobre governador, já que a imprensa não vai publicar esse “complemento”.
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