Os bancos e os ribeirinhos
Numa demonstração de sensibilidade e atenção às especificidades regionais e às demandas gritantes da economia do beiradão amazônico, a Caixa Econômica Federal acaba de abrir licitação para a construção de agências-barco, uma iniciativa pioneira, socialmente ousada, economicamente oportuna e ambientalmente sustentável. Nas premissas estipuladas a agência-barco deve oferecer serviços e soluções bancários com padrões de segurança, vigilância armada, sistema de monitoramento de imagens, controle de acesso e sistema de localização e rastreamento. Alguns benefícios elementares da era digital dos quais o ribeirinho ainda é excluído. É o ensaio da esperada inclusão bancária, dentro de parad igmas de modernidade e acatamento às premissas da cidadania. Na etapa inicial, os barcos-agência atenderão a população do Médio Solimões, de 9 municípios, com população aproximada de 260 mil habitantes, numa área de 125 mil quilômetros quadrados, quase uma vez e meia o território de Portugal. Abertura de contas, pagamento de PIS, FGTS, seguro-desemprego, defeso, bolsa-família, micro-crédito produtivo, construcard, para a construção civil, moradia e por aí vai... Serviços básicos e até aqui inimagináveis para milhares de ribeirinhos. De quebra, a agência-barco dará suporte a programas sociais de saúde e educação, além de proteção ambiental. Com ousadia, criatividade e responsabilidade social, fica provado, é só querer fazer e avançar. Enquanto isso, o Banco da Amazônia, criado com o dinheiro da exploração da borracha, continua anunciando recursos pródigos, porém, burocraticamente inacessíveis para quem de fato precisa. Segue, ainda, prometendo aos ribeirinhos do Amazonas a interiorização de suas agências que, infelizmente, sob as mais desconcertantes justificativas, permanecem no papel. Prestes a completar 70 anos, o BASA não conseguiu implantar agência em 7 municípios do interior. Os diretores das entidades da indústria e do comércio local não disfarçam o riso da ironia com as repetidas promessas de novos recursos. A última beirou R$ 800 milhões “para enfrentar a crise” e praticamente nada significou para micro e pequeno s empresários que se meteram a disputar modestas fatias de repasses. A burocracia do financiamento se mostra tão intrincada e intransigente que desestimula a ousadia de empreendedores em apuros no primeiro bloco das formalidades. Há exceções, é claro, de barcos de inexigibilidades de licitação e agências que manipulam recursos públicos para sucatas de ônibus com fachada de novos e fazendas-fantasmas de políticos oportunistas a zombar das demandas de quem realmente precisa dessa lendária instituição. Até quando?
Zoom-zoom
Assassinato de mulheres – Impõe-se uma gritaria cívica para brecar essa onda sinistra de assassinato de mulheres. E não me refiro apenas às notícias de pessoas destacadas de Manaus ou do goleiro Bruno do Flamengo. A onda pode ser aferida nas Delegacias de Mulheres, onde as estatísticas crescem e descrevem essa anomalia social inaceitável.
Álcool e obesidade – O consumo de álcool aumentou substantivamente entre mulheres e jovens no Amazonas e as taxas de obesidade no Estado está entre as mais elevadas do país. É preciso utilizar as verbas publicitárias dos governos para disseminar informações a respeito desses dois graves problemas de saúde pública.
Apreensão das entidades – Com a proximidade do Dia das Crianças e das festas de final de ano, as entidades do comércio e da indústria já começam a manifestar suas preocupações com movimentação de cargas na estrutura portuária e aeroportuária local. Com a realização da Copa, só na indústria foi contabilizado R$ 1,2 bilhão com a retenção de insumos e produtos.
CBA, o começo do fim – Diversas vezes nesta Mira manifestamos nossa inquietação com a indefinição institucional e operacional do Centro de Biotecnologia da Amazônia, o embrião do pólo de bioindústria da ZFM. Pois é. Se nada for feito, só há recursos para funcionar até setembro. Depois, será o fim. Uma verdadeira tragédia.
Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
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