Egito acusa pilantras do Louvre de roubo e rompe laços com museu
AE-AP - Agencia Estado
CAIRO - O departamento de antiguidades do Egito anunciou hoje que rompeu laços com o museu francês do Louvre, pois a entidade se recusou a devolver artefatos que, segundo os egípcios, foram roubados. A decisão significa que não será permitida a realização de expedições arqueológicas ligadas ao museu francês no Egito. Uma palestra no país de uma ex-curadora do Louvre também foi cancelada."O Museu do Louvre se recusou a devolver ao Egito quatro artefatos arqueológicos roubados durante os anos 1980 da tumba do nobre Tetaki", perto do famoso templo de Luxor, afirma o comunicado, citando o chefe do setor de antiguidades do país, Zahi Hawass. A ex-diretora do departamento de Egiptologia do Louvre Christiane Ziegler adquiriu as quatro peças no ano passado e as colocou em exibição, segundo o comunicado. A palestra dela no Egito foi cancelada.Desde que assumiu o cargo, Hawass tem feito da recuperação de peças roubadas uma prioridade. Ele pretende reaver o busto de Nefertite - mulher do faraó Akhenaton - e a Pedra de Roseta, fundamental para a descoberta dos significados dos hieróglifos. O busto está no Museu Egípcio, em Berlim, e a Pedra de Roseta, no British Museum de Londres. Recentemente, Hawass conseguiu trazer de volta para o Egito fios de cabelo roubados da múmia de Ramsés II.
Pilhagem e tráfico de bens culturais em pleno desenvolvimento no mundo
A pilhagem de bens culturais sempre esteve presente na história da humanidade, como no período das Cruzadas, no descobrimento da América ou na chegada dos europeus ao Egito, por exemplo. Contudo, esse velho hábito apresenta, nos dias de hoje, um desenvolvimento perturbador, evidenciado, por exemplo, pelos roubos arqueológicos no Iraque.
Essas informações foram dadas em tom de alerta nesta terça-feira por especialistas do tema de todo o mundo, reunidos em Atenas no segundo dia de uma conferência sobre o assunto coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)."Com as situações de guerra em curso e o desenvolvimento de um crime organizado - antes, era o país conquistador que saqueava os bens - estamos diante do ressurgimento da pilhagem cultural", disse à AFP Udo Göbwald, diretor para a Europa do Conselho Internacional de Museus (ICOM)."O fato é que a cultura é vendida cada vez mais, e cada vez mais cara, o que resultou em um 'boom' no tráfico nas zonas de ilegalidade", observou igualmente Françoise Rivière, subdirector-geral da UNESCO.O roubo de material histórico não prejudica apenas o país em questão, mas provoca o risco de apagar períodos inteiros do seu passado com a saída de objetos arqueológicos, assinalaram diversos participantes da conferência, diretores de museus, arqueólogos e juristas.O caso iraquiano é um bom exemplo, de acordo com Rivière: além das escavações selvagens, às vezes com a utilização de tratores, "chegamos em um ponto que tememos que os traficantes destruam prateleiras cuneiformes, porque há tantas peças no mercado que seu valor está em queda".Das cerca de 14.000 peças roubadas do museu de Bagdá de abril de 2003, menos da metade foi recuperada, afirma o coronel americano Matthew Bogdanos, responsável pelo inquérito sobre esses crimes.
Brasil: biopirataria é o nosso maior problema
É claro que este é um problema também do Brasil. O que já foi perdito só em patrimônio cultural das igrejas barrocas mineiras, por exemplo, não tem preço. Mas, o nosso problema maior hoje não é apenas com as perdas do patrimônio cultural, mas também com o nosso patrimônio genético. O Brasil deixa de ganhar cerca de US$ 2,4 bilhões todos os anos por conta de uma política ineficiente de controle do patrimônio genético e de estímulo às nossas próprias pesquisas. É essa a quantia movimentada pela biopirataria, responsável pelo contrabando de plantas e animais, como o sapo e a aranha, que dão origem a produtos desenvolvidos, patenteados e comercializados por empresas internacionais, as maiores financiadoras desse tipo de crime e que, hipocritamente, financia as ongs internacionais pilantras que se dizem preocupadas com a nossa biodiversidade. As substâncias retiradas desses organismos vivos servem, por exemplo, para a fabricação de medicamentos e cosméticos. Os dados são de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), realizada em 2006.Segundo o jornal "O Liberal", do Pará, por exemplo, três essências aromáticas oriundas daquele estado foram transformadas em perfume de sucesso nos salões da elite européia - a priprioca, o breu branco e o cumaru. A empresa "Natura do Brasil", outra transnacional sediada no Sudeste e que vive fazendo propagandas belíssimas sobre ecologia, comercializa produtos de beleza e perfumes e é acusada por seis vendedoras de ervas medicinais do mercado "Ver-o-Peso", em Belém, de enganá-las, gravando com elas longas entrevistas filmadas onde aparecem revelando seus segredos de manipulação das essências. O que elas ensinaram nas entrevistas são conhecimentos adquiridos de seus antepassados, como o processamento de raízes vegetais e extração das essências brasileiras de odor agradável, vendidas a preços irrisórios para turistas nas 80 barraquinhas de ervas da feira - um vidrinho com priprioca custa R$2. A mesma priprioca submetida a sofisticado processo industrial pela Natura é vendida a R$ 162 o frasco, com 30ml. Ou seja, com a agregação de valor.Agora, na comunidade de Boa Vista, a 70 km da capital paraense, a Natura compra toda a produção da planta. Um segundo centro de produção está sendo aberto pela empresa em uma comunidade do município de Benevides, a 30 km de Belém. A OAB chamou a atenção para alguns fatos que vem ocorrendo com ervas e frutos típicos da Amazônia, como o açaí, o cupuaçu a andiroba e a copaíba, cujas patentes chegaram a ser registradas por empresas japonesas, americanas e alemãs.Não precisa dizer que tanto a priprioca, quanto a andiroba - e outras matérias-primas - já começam a faltar no mercado do Ver-o-Peso. A transnacional está comprando tudo para levar para a Europa. O pau-rosa, por exemplo, já não se acha facilmente. Quando encontrado é muito caro. Levaram tudo do Pará. Já não existe mais. Transformaram o pau-rosa no famoso e caro perfume Channel, capricho para nove entre dez dondocas do mundo todo.
Produtos tipicamente brasileiros circulam no mercado internacional "patenteados" ilegalmente por outros países
O cupuaçu é nosso
Depois de cinco anos de batalha com o governo brasileiro, a empresa japonesa Asahi Foods teve cassado o registro da patente do cupuaçu. O registro e o direito de uso exclusivo do nome conseguidos pelos japoneses mobilizou protestos do governo e de organizações não governamentais em todo o mundo, sob o argumento de que o fruto, típico da Amazônia, é conhecido há milênios por índios no Brasil e no Peru. O mesmo problema foi encontrado com empresas alemãs e norte-americanas, que perderam o direito pela patente em 2004.
Frutinha valiosa
O açaí, fenômeno recente nas academias de ginástica país afora por conter propriedades antioxidantes e energéticas, é conhecido das comunidades tradicionais da região amazônica há séculos. Mas também foi alvo da indústria alimentícia japonesa ao descobrir o fruto há seis anos e patentear o nome. Um esforço conjunto entre os ministérios do Meio Ambiente, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio conseguiu trazer a marca para o Brasil.
Patrimônio nordestino
Até o doce típico mais famoso no Nordeste, a rapadura, entrou na moda da especulação estrangeira. Há aproximadamente 20 anos a empresa alemão Rapunzel Naturkost AG se apoderou do nome do doce, enquanto que os Estados Unidos seguiu o mau exemplo sete anos depois. A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, no Ceará, região de onde o doce é tradicional, entrou na briga e mandou um documento ao Itamaraty e às embaixadas alemã e norte-americana no Brasil reforçando a tese de que "o doce é tipicamente nordestino, subproduto da cana-de-açúcar, produzido pelo Brasil desde os tempos do império". Ambos os casos foram solucionados pelo governo brasileiro
Com informações do Correio Braziliense
AE-AP - Agencia Estado
CAIRO - O departamento de antiguidades do Egito anunciou hoje que rompeu laços com o museu francês do Louvre, pois a entidade se recusou a devolver artefatos que, segundo os egípcios, foram roubados. A decisão significa que não será permitida a realização de expedições arqueológicas ligadas ao museu francês no Egito. Uma palestra no país de uma ex-curadora do Louvre também foi cancelada."O Museu do Louvre se recusou a devolver ao Egito quatro artefatos arqueológicos roubados durante os anos 1980 da tumba do nobre Tetaki", perto do famoso templo de Luxor, afirma o comunicado, citando o chefe do setor de antiguidades do país, Zahi Hawass. A ex-diretora do departamento de Egiptologia do Louvre Christiane Ziegler adquiriu as quatro peças no ano passado e as colocou em exibição, segundo o comunicado. A palestra dela no Egito foi cancelada.Desde que assumiu o cargo, Hawass tem feito da recuperação de peças roubadas uma prioridade. Ele pretende reaver o busto de Nefertite - mulher do faraó Akhenaton - e a Pedra de Roseta, fundamental para a descoberta dos significados dos hieróglifos. O busto está no Museu Egípcio, em Berlim, e a Pedra de Roseta, no British Museum de Londres. Recentemente, Hawass conseguiu trazer de volta para o Egito fios de cabelo roubados da múmia de Ramsés II.
Pilhagem e tráfico de bens culturais em pleno desenvolvimento no mundo
A pilhagem de bens culturais sempre esteve presente na história da humanidade, como no período das Cruzadas, no descobrimento da América ou na chegada dos europeus ao Egito, por exemplo. Contudo, esse velho hábito apresenta, nos dias de hoje, um desenvolvimento perturbador, evidenciado, por exemplo, pelos roubos arqueológicos no Iraque.
Essas informações foram dadas em tom de alerta nesta terça-feira por especialistas do tema de todo o mundo, reunidos em Atenas no segundo dia de uma conferência sobre o assunto coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)."Com as situações de guerra em curso e o desenvolvimento de um crime organizado - antes, era o país conquistador que saqueava os bens - estamos diante do ressurgimento da pilhagem cultural", disse à AFP Udo Göbwald, diretor para a Europa do Conselho Internacional de Museus (ICOM)."O fato é que a cultura é vendida cada vez mais, e cada vez mais cara, o que resultou em um 'boom' no tráfico nas zonas de ilegalidade", observou igualmente Françoise Rivière, subdirector-geral da UNESCO.
Brasil: biopirataria é o nosso maior problema
É claro que este é um problema também do Brasil. O que já foi perdito só em patrimônio cultural das igrejas barrocas mineiras, por exemplo, não tem preço. Mas, o nosso problema maior hoje não é apenas com as perdas do patrimônio cultural, mas também com o nosso patrimônio genético. O Brasil deixa de ganhar cerca de US$ 2,4 bilhões todos os anos por conta de uma política ineficiente de controle do patrimônio genético e de estímulo às nossas próprias pesquisas. É essa a quantia movimentada pela biopirataria, responsável pelo contrabando de plantas e animais, como o sapo e a aranha, que dão origem a produtos desenvolvidos, patenteados e comercializados por empresas internacionais, as maiores financiadoras desse tipo de crime e que, hipocritamente, financia as ongs internacionais pilantras que se dizem preocupadas com a nossa biodiversidade. As substâncias retiradas desses organismos vivos servem, por exemplo, para a fabricação de medicamentos e cosméticos. Os dados são de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), realizada em 2006.
Produtos tipicamente brasileiros circulam no mercado internacional "patenteados" ilegalmente por outros países
O cupuaçu é nosso
Depois de cinco anos de batalha com o governo brasileiro, a empresa japonesa Asahi Foods teve cassado o registro da patente do cupuaçu. O registro e o direito de uso exclusivo do nome conseguidos pelos japoneses mobilizou protestos do governo e de organizações não governamentais em todo o mundo, sob o argumento de que o fruto, típico da Amazônia, é conhecido há milênios por índios no Brasil e no Peru. O mesmo problema foi encontrado com empresas alemãs e norte-americanas, que perderam o direito pela patente em 2004.
Frutinha valiosa
O açaí, fenômeno recente nas academias de ginástica país afora por conter propriedades antioxidantes e energéticas, é conhecido das comunidades tradicionais da região amazônica há séculos. Mas também foi alvo da indústria alimentícia japonesa ao descobrir o fruto há seis anos e patentear o nome. Um esforço conjunto entre os ministérios do Meio Ambiente, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio conseguiu trazer a marca para o Brasil.
Patrimônio nordestino
Até o doce típico mais famoso no Nordeste, a rapadura, entrou na moda da especulação estrangeira. Há aproximadamente 20 anos a empresa alemão Rapunzel Naturkost AG se apoderou do nome do doce, enquanto que os Estados Unidos seguiu o mau exemplo sete anos depois. A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, no Ceará, região de onde o doce é tradicional, entrou na briga e mandou um documento ao Itamaraty e às embaixadas alemã e norte-americana no Brasil reforçando a tese de que "o doce é tipicamente nordestino, subproduto da cana-de-açúcar, produzido pelo Brasil desde os tempos do império". Ambos os casos foram solucionados pelo governo brasileiro
Com informações do Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário