A "força demoníaca" contra Belo Monte
Nilder Costa
(Alerta em Rede) – Na terça-feira passada, Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgou os estudos e otimização da hidrelétrica de Belo Monte (11.231 MW, no rio Xingu) e estipulou em R$ 16 bilhões o custo total do empreendimento. [1]. As empresas de construção garantem que com esse orçamento restante não é possível fazer o projeto, que inclui a construção dos canais de derivação, junção e transposição, que juntos devem retirar 132 milhões de m³ de terra e 44,5 milhões de m³ de rocha. O volume é maior do que a soma da construção de todas as hidrelétricas brasileiras nos últimos 20 anos e, segundo consta, seriam volumes similares aos realizados na construção do Canal do Panamá. Além disso, as empresas terão que construir um porto, reparar estradas e criar infraestrutura nas cidades vizinhas para receber 20 mil trabalhadores. Tanto a Camargo Correa quanto a Odebrecht acenam que só seria possível levantar o empreendimento com R$ 30 bilhões, valor classificado por Tolmasquim como “choro”.O modelo de venda da energia também foi revelado pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Segundo ele, o mercado livre só terá 10% da energia. O cativo poderá ficar com no mínimo 70%. Os autoprodutores poderão disputar até 20%. Caso estes não comprem, o mercado das distribuidoras ficaria com esta parcela. Já o superintendente de infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Nelson Siffert, divulgou aos investidores que o financiamento da usina de Belo Monte se dará em condições melhores se comparadas àquelas que foram estabelecidas para as usinas do Madeira. Uma das mudanças poderá ser o alongamento do prazo para amortização, que poderia chegar a 25 anos para abatimento da dívida, com cinco anos de carência; outro ponto interessante é que o banco está tentando junto ao Ministério da Fazenda uma liberação para que a Eletrobrás utilize seu balanço contábil como garantia na fase de construção da usina, o que atualmente está proibida de fazer. Outro valor que chamou a atenção foi o chamado “custo ambiental”, estimado em R$ 3,5 bilhões, o que corresponde a nada menos que 22% do investimento previsto. A estimativa é do diretor-presidente da CNEC Engenharia, José Ayres, empresa responsável pelos estudos do projeto da usina. [2]. De fato, todos esses números superlativos decorrem, em grande medida, da nova configuração de Belo Monte que prevê um regime operacional praticamente a fio d´água (4.600 MW médios). O antigo projeto da usina tinha uma capacidade estimada de 14 mil MW e, mais importante, possuía reservatório e contaria ainda com outras usinas a montante. Tudo isso foi abandonado porque o País cedeu às pressões do movimento ambientalista-indigenista internacional, ainda em 1989, conforme já foi amplamente documentado por este Alerta [3]. Assim, não foi por acaso que o ministro de Minas e Energia Edison Lobão tenha classificado tal oposição como “força demoníaca puxando para baixo o país, não querendo que o país avance”. Para se ter uma idéia do estrago, basta imaginar como teria sido o desenvolvimento socioeconômico brasileiro se, por exemplo, nas bacias dos rios Grande e Paraná tivessem sido construídas apenas umas duas ou três hidrelétricas e assim mesmo sem reservatórios. Contudo, mesmo com todas essas concessões “socioambientais” descabidas que causaram e causarão enormes prejuízos ao País, a construção de Belo Monte ainda não está assegurada devido a questionamentos pendentes de ONGs e do Ministério Público. Espera-se que o caso sirva de alerta e reflexão para autoridades e dirigentes do setor elétrico para que as próximas hidrelétricas que precisam ser construídas na Amazônia façam prevalecer os interesses maiores da nação e abandonem de vez a “síndrome do fio d´água”.
Nilder Costa
(Alerta em Rede) – Na terça-feira passada, Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgou os estudos e otimização da hidrelétrica de Belo Monte (11.231 MW, no rio Xingu) e estipulou em R$ 16 bilhões o custo total do empreendimento. [1]. As empresas de construção garantem que com esse orçamento restante não é possível fazer o projeto, que inclui a construção dos canais de derivação, junção e transposição, que juntos devem retirar 132 milhões de m³ de terra e 44,5 milhões de m³ de rocha. O volume é maior do que a soma da construção de todas as hidrelétricas brasileiras nos últimos 20 anos e, segundo consta, seriam volumes similares aos realizados na construção do Canal do Panamá. Além disso, as empresas terão que construir um porto, reparar estradas e criar infraestrutura nas cidades vizinhas para receber 20 mil trabalhadores. Tanto a Camargo Correa quanto a Odebrecht acenam que só seria possível levantar o empreendimento com R$ 30 bilhões, valor classificado por Tolmasquim como “choro”.O modelo de venda da energia também foi revelado pelo secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Segundo ele, o mercado livre só terá 10% da energia. O cativo poderá ficar com no mínimo 70%. Os autoprodutores poderão disputar até 20%. Caso estes não comprem, o mercado das distribuidoras ficaria com esta parcela. Já o superintendente de infraestrutura do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Nelson Siffert, divulgou aos investidores que o financiamento da usina de Belo Monte se dará em condições melhores se comparadas àquelas que foram estabelecidas para as usinas do Madeira. Uma das mudanças poderá ser o alongamento do prazo para amortização, que poderia chegar a 25 anos para abatimento da dívida, com cinco anos de carência; outro ponto interessante é que o banco está tentando junto ao Ministério da Fazenda uma liberação para que a Eletrobrás utilize seu balanço contábil como garantia na fase de construção da usina, o que atualmente está proibida de fazer. Outro valor que chamou a atenção foi o chamado “custo ambiental”, estimado em R$ 3,5 bilhões, o que corresponde a nada menos que 22% do investimento previsto. A estimativa é do diretor-presidente da CNEC Engenharia, José Ayres, empresa responsável pelos estudos do projeto da usina. [2]. De fato, todos esses números superlativos decorrem, em grande medida, da nova configuração de Belo Monte que prevê um regime operacional praticamente a fio d´água (4.600 MW médios). O antigo projeto da usina tinha uma capacidade estimada de 14 mil MW e, mais importante, possuía reservatório e contaria ainda com outras usinas a montante. Tudo isso foi abandonado porque o País cedeu às pressões do movimento ambientalista-indigenista internacional, ainda em 1989, conforme já foi amplamente documentado por este Alerta [3]. Assim, não foi por acaso que o ministro de Minas e Energia Edison Lobão tenha classificado tal oposição como “força demoníaca puxando para baixo o país, não querendo que o país avance”. Para se ter uma idéia do estrago, basta imaginar como teria sido o desenvolvimento socioeconômico brasileiro se, por exemplo, nas bacias dos rios Grande e Paraná tivessem sido construídas apenas umas duas ou três hidrelétricas e assim mesmo sem reservatórios. Contudo, mesmo com todas essas concessões “socioambientais” descabidas que causaram e causarão enormes prejuízos ao País, a construção de Belo Monte ainda não está assegurada devido a questionamentos pendentes de ONGs e do Ministério Público. Espera-se que o caso sirva de alerta e reflexão para autoridades e dirigentes do setor elétrico para que as próximas hidrelétricas que precisam ser construídas na Amazônia façam prevalecer os interesses maiores da nação e abandonem de vez a “síndrome do fio d´água”.
Notas:
[1] EPE muda projeto de Belo Monte e estima custo em R$16 bilhões, Jornal da Energia, 22/09/2009
[2] Custo ambiental de Belo Monte supera 20% do investimento, Jornal da Energia, 25/09/2009
[3] Belo Monte e a síndrome do "facão ao apagão", Alerta Científico e Ambiental, 11/06/2005
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