sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Situação energética

Novas fontes de gás adiam crise
Geraldo Lino

(Alerta em Rede) - Além das recentes descobertas de petróleo e gás em águas ultraprofundas, como as da camada pré-sal das bacias de Campos e Santos, no golfo do México, na costa da África Ocidental e outros lugares do planeta, uma nova e promissora perspectiva energética se abre com novas técnicas de exploração de gás natural proveniente de folhelhos. Embora as novas tecnologias venham sendo desenvolvidas nos últimos anos, especialmente nos EUA, o tema não havia ainda obtido muita publicidade até a 24a. Conferência Mundial de Gás, realizada em Buenos Aires, entre 5-9 de outubro, onde foi a grande sensação. As ocorrências de petróleo e gás em folhelhos não são novidades para os geólogos, mas a sua exploração comercial é bastante dificultada pelas características das rochas, cuja granulometria fina e compactação tornam extremamente difícil e custosa a extração do material. Porém, uma combinação de técnicas de prospecção sísmica com imagens tridimensionais das formações geológicas e de fraturamento hidráulico das rochas, que vem sendo aplicada com sucesso por empresas estadunidenses, não apenas viabilizou a exploração em grande escala dos folhelhos, como também promete uma ampliação inusitada das reservas mundiais de gás natural.Nos EUA, as operações em curso na Louisiana, Pensilvânia e Texas já representam 8% da produção nacional de gás e foram suficientes para praticamente eliminar as importações de gás de Trinidad e Tobago e do Catar. O Departamento de Energia espera que a proporção atinja 50% ao longo das próximas duas décadas. O executivo-chefe da empresa britânica BP, Tony Hayward, afirmou que as atuais reservas mundiais de gás são da ordem de 1,2 trilhão de barris de petróleo equivalente, suficientes para mais de 60 anos aos níveis atuais de consumo, mas estão aumentando rapidamente. Um estudo da Universidade Texas A&M estima que os novos métodos poderão ampliar as reservas mundiais em até nove vezes.O editor de Negócios Internacionais do jornal Daily Telegraph, Ambrose Evans-Pritchard, expressou o impacto das novas tecnologias, em sua coluna de 11 do corrente: “A crise de energia foi adiada e novas reservas de gás salvam o mundo. Os engenheiros fizeram a sua mágica outra vez. O mundo não ficará sem energia tão cedo como se temia.“Os sucessos estadunidenses estão motivando uma corrida aos folhelhos em outros países, especialmente na Europa, onde já se fala abertamente em reduzir a dependência continental das importações da Federação Russa. Na avaliação de Amy Myers, especialista em energia da Universidade Rice: “É um surto que vai identificar recursos gigantescos em todo o mundo. Isto mudará a geopolítica do gás natural.“ (The New York Times, 10/10/2009)

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