"Tudo aquilo que a Fundação [Ford] fez pode ser considerado no âmbito de "tornar o mundo seguro para o capitalismo, diminuindo as tensões sociais ao ajudar a socorrer os angustiados, a proporcionar válvulas de segurança aos raivosos e a melhorar o funcionamento do governo" (McGeorge Bundy, conselheiro de Segurança Nacional dos Presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson (1961-1966) e Presidente da Fundação Ford (1966-1979).
"Ao pôr os fundos e o enquadramento político à disposição de muita gente preocupada e dedicada que trabalha no sector não lucrativo, a classe dirigente pode ir buscar líderes às comunidades de base,… e pode tornar o financiamento, a contabilidade e os componentes de avaliação do trabalho tão demorado e oneroso que o trabalho de justiça social é praticamente impossível nessas condições" (Paul Kivel, You Call this Democracy, Who Benefits, Who Pays and Who Really Decides, 2004, p. 122 )
"Na Nova Ordem Mundial, o ritual de convidar líderes da "sociedade civil" para os círculos interiores do poder – enquanto simultaneamente reprime os cidadãos comuns – satisfaz diversas funções importantes. Primeiro, diz ao Mundo que os críticos da globalização "têm que fazer concessões" para ganharem o direito de se misturar. Segundo, transmite a ilusão de que, embora as elites globais devam – no que eufemísticamente se chama democracia - estar sujeitas à crítica, governam legitimamente. E terceiro, diz "não há alternativa" à globalização: não é possível uma mudança radical e o mais que podemos esperar é negociar com esses governantes um ineficaz "dar e receber". Mesmo que os "Globalizadores" possam adoptar algumas frases progressistas para demonstrar que têm boas intenções, os seus objectivos fundamentais não são contestados. E o que esta "miscelânea da sociedade civil" faz é reforçar o coio da instituição empresarial, ao mesmo tempo que enfraquece e divide o movimento de protesto. A compreensão deste processo de cooptação é importante, porque dezenas de milhares dos jovens mais íntegros em Seattle, Praga e Quebec [1999-2001] estão envolvidos nos protestos anti-globalização porque rejeitam a noção de que o dinheiro é tudo, porque rejeitam o empobrecimento de milhões e a destruição da Terra frágil para que alguns fiquem mais ricos. Esta arraia-miúda e também alguns dos seus líderes merecem ser aplaudidos. Mas é preciso ir mais longe. É preciso contestar o direito dos "Globalizadores" a governar. Para isso é necessário repensar a estratégia do protesto. Poderemos mudar para um nível superior, desencadeando movimentos de massas nos nossos respectivos países, movimentos que transmitam a mensagem do que a globalização está a fazer às populações? Porque são eles a força que tem que ser mobilizada para contestar aqueles que pilham o Globo". (Michel Chossudovsky, The Quebec Wall, Abril 2001) A expressão "fabrico do consenso" foi inicialmente cunhada por Edward S Herman and Noam Chomsky. O "fabrico do consenso" descreve um modelo de propaganda usado pelos meios de comunicação corporativos para manipular a opinião pública e "inculcar valores e crenças nos indivíduos…" Os meios de comunicação de massas servem como um sistema de comunicação de mensagens e símbolos à arraia-miúda. É sua função divertir, entreter e informar, e inculcar nos indivíduos valores, crenças e códigos de comportamento que os integrarão nas estruturas institucionais da sociedade mais ampla. Para cumprir este papel num mundo de riqueza concentrada e de importantes conflitos de interesses de classe, é necessário uma propaganda sistemática. (Manufacturing Consent por Edward S. Herman e Noam Chomsky) O "fabrico do consenso" implica a manipulação e a modelação da opinião pública. Institui a conformidade e a aceitação à autoridade e à hierarquia social. Procura a obediência a uma ordem social instituída. O "fabrico do consenso" descreve a submissão da opinião pública à narrativa dos meios de comunicação predominantes, às suas mentiras e maquinações. "O fabrico da dissidência" Neste artigo, concentramo-nos num conceito relacionado, ou seja, o processo de "fabrico da dissidência" (em vez do "consenso") que desempenha um papel decisivo ao serviço dos interesses da classe dirigente. No capitalismo contemporâneo, tem que se manter a ilusão da democracia. É do interesse das elites corporativas aceitar a dissidência e o protesto como uma característica do sistema tanto mais que não ameaçam a ordem social instituída. O objectivo não é reprimir os dissidentes mas, pelo contrário, modelar e moldar o movimento de protesto, estabelecer os limites exteriores da dissidência. Para manter a sua legitimidade, as elites económicas favorecem formas de oposição limitadas e controladas, com vista a impedir o desenvolvimento de formas radicais de protesto, que podiam abalar as fundações e as instituições do capitalismo global. Por outras palavras, o "fabrico da dissidência" funciona como uma "válvula de segurança" que protege e sustenta a Nova Ordem Mundial. Mas, para ser eficaz, o processo do "fabrico da dissidência" tem que ser cuidadosamente regulado e monitorizado por aqueles que são o alvo do movimento de protesto. "Financiar a dissidência" Como é que se consegue fabricar a dissidência?
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