Minc teve que se desculpar com agricultores, mas deputado exige sua demissão
Em audiência da Comissão de Agricultura, ministro do Meio Ambiente diz que chamou produtores rurais de "vigaristas" no "calor" do carro de som. Para Giovanni Queiroz, Minc "envergonha o País".
Em audiência da Comissão de Agricultura, ministro do Meio Ambiente diz que chamou produtores rurais de "vigaristas" no "calor" do carro de som. Para Giovanni Queiroz, Minc "envergonha o País".
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, teve que pedir desculpas aos deputados ligados aos produtores rurais por tê-los chamado de "vigaristas", durante manifestação na Esplanada dos Ministérios no mês passado. Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (24) pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, o ministro afirmou que as declarações não representam seu pensamento e foram feitas no "calor" do carro de som. "Todos aqui já subiram em carro de som e sabem que as pessoas se empolgam e vão além do que gostariam. E foi o que aconteceu", disse.Ele lembrou que já havia se desculpado anteriormente com a divulgação de uma nota oficial e acrescentou que também recebeu declarações "ofensivas" de deputados da bancada ruralista: "Me chamaram de traficante para baixo", declarou.Demissão
O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) chegou a pedir a demissão do ministro. Para ele, Minc "envergonha o País", pelo fato de ter acusado os produtores rurais de serem "vigaristas" e depois ter dito que essa declaração não "corresponde ao seu pensamento". "Olha que vergonha, o País ter um ministro que diz o que não pensa. Acho que o senhor deveria sair daqui e pedir demissão", disse Queiroz. "O verdadeiro vigarista é aquele que tapeia, engana, que fala demais", acrescentou.Minc respondeu que é direito dos deputados pedir a demissão dele e que caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva acatar ou não o pedido dos parlamentares.
O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) chegou a pedir a demissão do ministro. Para ele, Minc "envergonha o País", pelo fato de ter acusado os produtores rurais de serem "vigaristas" e depois ter dito que essa declaração não "corresponde ao seu pensamento". "Olha que vergonha, o País ter um ministro que diz o que não pensa. Acho que o senhor deveria sair daqui e pedir demissão", disse Queiroz. "O verdadeiro vigarista é aquele que tapeia, engana, que fala demais", acrescentou.Minc respondeu que é direito dos deputados pedir a demissão dele e que caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva acatar ou não o pedido dos parlamentares.
Puxão de orelhas
O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), também deu boas alfinetadas. “Vossa Excelência vem aqui e diz que usou expressões indevidas. Eu pergunto: Vossa Excelência se sente confortável se eu disser que foram expressões indevidas que nós produtores rurais defendemos a produção de arroz, de milho, de soja, de leite, de carne, e que Vossa Excelência defende a produção de cocaína e de maconha?”, ironizou Caiado. “Seria correto de minha parte dizer ‘fique tranquilo’ porque ninguém aqui vai querer um pedacinho da sua picanha, porque nós não comemos carne contaminada?”, provocou o líder do DEM, referindo-se à declaração de Minc de que os ruralistas estavam querendo “tirar uma picanha do Carlinhos”. Em sua explanação, Caiado disse ainda que o titular do Meio Ambiente é um ministro “maniqueísta” e que não tem propostas de governo. “Ele é maniqueísta. O que fica claro é que nós precisamos nessa hora entender que 'maniqueistamente' ele fez essa tese de brigar com os produtores rurais, para chegar para o Lula e dizer: ‘olha, se você me demitir, são os produtores rurais que estão me demitindo’”, disse. “A lógica que ele se apoia é isso. É um ministro que não tem proposta, que não tem como explicar Angra 3, que não tem como explicar a situação de contaminação das águas e dos mananciais da cidade. Ele tem que penalizar alguém. E esse alguém é o produtor rural”, concluiu Caiado sob aplausos dos colegas. Afirmou ainda que as declarações Minc contra a classe produtora, que vem salvando a balança comercial brasileira nos últimos 20 anos, foram feitas porque o ministro "não tem proposta e tem que criar factóides e acusações, satanizar alguém, para esconder a incompetência do ministério". Minc tentou rebater as declarações do líder Ronaldo Caiado. O ministro considerou como “falsas, injuriosas e que não correspondem à verdade” as insinuações de que ele defenderia o plantio de cocaína e maconha. “A última parte de suas intervenções [deputado Caiado], onde fez agressões injustificadas e descabidas, eu as refuto de forma direta e solene. Elas são absolutamente mentirosas e não correspondem à verdade. Eu, no Rio de Janeiro, sempre me dediquei ao combate do crime organizado. Essa parte de sua exposição, ela foi menos feliz e menos brilhante do que a parte que mostrou os méritos da agricultura brasileira”, disse Minc.
MP da Amazônia
Durante a audiência, o ministro anunciou que a Medida Provisória 458/09, que regulamenta a propriedade de terras na Amazônia, deve ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos dias. "A lei será aprovada com ou sem veto pelo presidente Lula nos próximos dias", disse. A MP foi aprovada pela Câmara no dia 13 de maio.Minc avaliou como "boa" a regularização fundiária, acompanhada de zoneamento econômico-ecológico (ZEE). "O Ministério do Meio Ambiente está empenhado nessa questão no Brasil todo: no Rio, em Goiás e na Amazônia em especial, onde deve ser concluído até o final do ano", estimou. Com a aprovação, o ministro acredita que será traçada a linha da legalidade no País. "Vejo que 95% dos produtores querem a realidade." Carlos Minc também foi questionado pelos deputados sobre a autonomia que os estados deveriam ter para fazer suas próprias legislações sobre meio ambiente. O ministro afirmou que é favorável à legislação federal referente aos biomas e a restringir a autonomia dos estados apenas à legislação complementar, sem diminuir o rigor da legislação federal.
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