sexta-feira, 19 de junho de 2009

Na Mira do Belmiro

Obrigado, querido Edgar!

Existem pessoas que - por sua história e testemunho - conseguem demonstrar a imortalidade da alma como pregam todas as religiões. E fazem isso aos nos ensinar que esta vida não passa de um exercício passageiro e um desafio constante para consolidar o reinado da solidariedade entre as pessoas e da harmonia familiar e universal. Essas figuras não morrem... permanecem entre nós com suas atitudes e condutas. Uma dessas pessoas é Edgard Monteiro de Paula, um companheiro dileto e um cidadão grandiosamente excepcional. Foi simbólica a iniciativa anônima de quem convocou os batedores da Polícia Militar para acompanhar o féretro, saudado pelo silêncio respeitoso de uma cidade que lhe prestou a última e singela homenagem, retribuindo com gratidão emocionada a presença genero sa e cívica desta estrela fraterna de primeira grandeza. Edgard estava, nos meados dos anos 60, postado na linha de frente da comissão de empresários que exigiu do presidente Castelo Branco um projeto de recuperação sócio-econômica do Amazonas, quando vivíamos a mais sombria das estagnações financeiras da História. E assim começou o movimento para a criação da Zona Franca de Manaus, um modelo que resgatou a economia e a dignidade desta terra. Mais tarde, numa das visitas do presidente Sarney a Manaus, juntamente com Jorge Loureiro, seo Belmiro entre outros companheiros aguerridos da ACA - Associação Comercial do Amazonas , denunciou o contrabando das fronteiras e a prostituição infantil como distorções inaceitáveis da ação pública que precisavam de urgente intervenção das autoridades. Sempre na linha de frente da luta pelos interesses do Estado, usou o peso político da ACA para exigir da República a nomeação de José Lindoso, um advogado brilhante e gestor competente, para governar o Amazonas, um acerto a mais entre suas frentes de atuação cívica em favor de nossa gente.Co-fundador do Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, celeiro de tantas lideranças intelectuais, Edgard acreditava no Amazonas, na economia, na cultura e no esporte. A partir dos anos 60, nenhum atleta dos esportes amadores de Manaus deixou de treinar no ginásio de esportes em que transformou sua casa. Sua aposta e incentivo aos desportos como fator de cidadania era acompanhada de ações efetivas e compromissos concretos com os jovens, salvos dos descaminhos do mundo pelas mãos fraternas de Edgard. Com esse espírito conseguiu resgatar as tradições esportivas em geral e futebolísticas em particular, como o retorno consagrado do Olímpico Clube, entre tantas outras realizações e conquistas. Quando a Amazônia foi colocada na berlinda da Conferência da ONU em 1992, sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, e Manaus foi visitada pelos chefes de Estado que vieram conferir a pirotecnia das queimadas, Edgard disse certa vez ao então governador Gilberto Mestrinho. “Nós só temos uma chance de evitar a invasão da Amazônia: empunhar a arma do conhecimento da floresta!”. Obrigado, companheiro Edgard, pela imortalidade de sua lucidez e magnanimidade visionária de seu compromisso com as coisas do Amazonas.

Zoom-zoom

· BR 319 – Muitas mensagens prestigiaram a Mira da semana passada sobre a questão da BR 319, o que revela a importância, a preocupação, as possibilidades e oportunidades que a recuperação da rodovia representa. Quero destacar a posição da deputada Vanessa Grazziottin, ao reafirmar que se trata de uma questão de soberania popular, isto é, a vontade e o direito do povo que precisa ser respeitado. Vox populi... E aí resta a discussão da conservação do bioma amazônico, que muitos consideram ameaçado com a recuperação da estrada.

· The Economist – Na semana passada, a revista britânica The Economist trouxe matéria sobre a obrigatoriedade do Brasil e da Comunidade Internacional patrocinar a conservação da floresta, como forma de remunerar os benefícios e serviços necessários que ela cumpre para equilíbrio do eco-sistema global. Isso, no caso da BR 319, significa financiar e assegurar todas as recomendações propostas pelo Estudo e Relatório de Impacto Ambiental, onde estão previstas medidas de prevenção e controle ambiental arrojadas e imprescindíveis.

· Papel do MMA – Além de monitorar e fiscalizar o bioma da área de influência da BR 319, caberia ao Ministério do Meio Ambiente propor medidas proativas de ocupação e uso sustentável que o Sistema Nacional de Unidades de Conservação permite e que podem ajudar na formação de uma nova consciência nesta relação vital que se impõe entre Homem e Natureza, deixando para traz os traços predatórios que descrevem nossa civilização. O nome disso é Educação Ambiental.

· E as ONGs? – Financiada por corporações estrangeiras, e atuando dentro de um script previamente estabelecido pelosrespectivos interesses em vigor, resta saber agora se as grandes Organizações não-Governamentais topam substituir o discurso raivoso do preservacionismo maroto pela ocupação inteligente e racional do bioma amazônico, no caso d a BR 319, assegurando o que diz o principio basilar da Agenda 21 quando fala em sustentabilidade: reposição dos estoques naturais e atendimento às demandas sociais. Especialmente desse beiradão esquecido...

Belmiro Vianez Filho é empresário e membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
belmirofilho@belmiros.com.br

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