quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Mídia em Foco


Data:02.10.09
Veículo:O Estado de S. Paulo

Relatório a pedido de Sarney isenta Mesa por atos secretos

Quase quatro meses depois da revelação da existência de atos secretos no Senado, um relatório feito por dois funcionários, a pedido do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), isenta os parlamentares de qualquer responsabilidade pela prática ilegal de esconder medidas administrativas(...)

(...)No dia 10 de junho, o Estado revelou a existência de centenas de boletins sigilosos e o conteúdo desses documentos, abrindo uma crise no Senado que levou colegas a pedirem a renúncia de Sarney após a descoberta de que seus parentes e afilhados, além de aliados políticos, haviam sido beneficiados (...)

E S C L A R E C I M E N T O

Relatos que não correspondem aos fatos

Caro editor,

A matéria “Relatório a pedido de Sarney isenta Mesa por atos secretos”, publicada hoje (02.10) por este jornal, possui impropriedades, a saber:

  • O relatório final sobre os ditos atos secretos não foi “feito a pedido de Sarney”, mas por comissão designada pela Primeira-Secretaria.
  • Não foi O Estado de S.Paulo que revelou a existência dos atos secretos, no dia 10 de junho, mas o primeiro relatório da Fundação Getúlio Vargas, contratada pelo presidente José Sarney para realizar a reforma administrativa, divulgado em 12 de maio. O texto informava, pela primeira vez, que havia atos não publicados.
  • A lista de nomeados atribuída ao senador Sarney não procede e desconsidera sistematicamente as explicações dadas por ele.
Data:10/2009
Veículo:Revista Super Interessante

Uma idéia para nos livrar de Sarney

Protesto na rua não adianta muita coisa. Pra sufocar a corrupção, precisamos vigiar o passo dos políticos. E acabar com o pequeno poder. O caminho para isso? (...)

E S C L A R E C I M E N T O

Desinformação, desrespeito e injustiças.

Caro Editor,

A matéria “Uma idéia para nos livrar de Sarney” peca pelo volume impressionante de desinformação. Basta dizer que foi o governo Sarney (1985-1990) que criou o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), que acabou com a conta movimento do Banco do Brasil e instituiu a Comissão de Defesa dos Direitos do Cidadão, apelidada pela imprensa de Ouvidoria, para apurar denúncias contra o governo. Foi igualmente o senador José Sarney, na presidência do Senado, que criou todo o sistema de comunicação da Casa, TV, rádio e agência, para viabilizar o acompanhamento direto dos trabalhos dos senadores, o Portal da Transparência e o Siga Brasil, que dão acesso ao público a todas as informações administrativas do Senado.

Pior, no entanto, que a desinformação é o desrespeito a um princípio básico do jornalismo, qual seja o respeito pela pessoa e o cuidado de ouvir o outro lado, direitos estes ignorados pelos tribunais de exceção. Fosse essa a postura, a revista poderia ter evitado a injustiça que cometeu. Bastaria ler, no site da Secretaria de Imprensa da Presidência do Senado, o documento em que está consolidada, com documentos, a defesa do senador contra as acusações que lhe fizeram – todas elas, diga-se, sem qualquer prova. Lá, o repórter poderia descobrir, por exemplo, que foi a Fundação Getúlio Vargas, contratada por José Sarney para preparar um projeto de reforma administrativa do Senado, que descobriu a existência dos ditos atos secretos. Informar-se-ia, ainda, de que o próprio presidente abriu comissão de sindicância e depois inquérito administrativo para apurar as irregularidades, tendo convidado o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União para acompanhar as investigações.

Muitas injustiças já se cometeram neste país, tendo a imprensa incorrido em grave erro de julgamento, como foram os casos de Ibsen Pinheiro e Alceni Guerra, dentre outros. É de se lamentar que, com tal experiência norteadora, uma revista da credibilidade da Super Interessante se preste a novo linchamento.


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