domingo, 4 de outubro de 2009

Mitos Brasileiros

Mulas sem cabeça
Hildegardes Viana

Em pleno século XX, quando as superstições deviam estar superadas, os problemas de assombrações e mulas sem cabeça reaparecem no Pelourinho. O velho Sebastião, que nasceu e se criou na Sé, diz que é resultado de se andar bulindo no que não se devia bulir. Ele pelo menos pensava que tudo estivesse resolvido, pois o bairro é pródigo em associações dedicadas a doutrinação de espíritos. Porque o que dá descanso a fantasma é missa ou sessão. Trabalho "do outro lado", em candomblé não serve. O que não acha bom é toda a publicidade a respeito das aparições. Quem viu, viu. Que não viu, não desfaça, nem articule sobre o que não pode explicar.
Sebastião sabe o que é uma mula sem cabeça. Leu um livro, depois que se aposentou, e aprendeu muito. Mula sem cabeça é a maldição que pesa sobre a mulher que ama padre ou frade e se deixa arrastar pelo pecado da carne. É sempre na noite de quinta para sexta-feira que ela se transforma num bicho de quatro patas que galopa, se espoja no chão, pincha, lançando chispas de fogo pela parte superior do pescoço. Não se pode garantir que tenha cabeça, pois a fogueira é tamanha que não deixa perceber coisa alguma.
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Veja também:

Mulas sem cabeça;

O caboclo d'água;

Folclore: O boitatá;

Lobizome;

Boi-tatá;

Macobeba ou boto;

Mãe-de-ouro de Ivoturuna;

A lenda do corpo seco na versão dos pescadores de Aparecida do Norte

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