O jornalista Ricardo José Delgado, mais conhecido como “Ricardo Noblat”, colunista do jornal “O Globo” e autor de um blog de política, está muito preocupado com as mudanças que senador Sarney vem promovendo no Senado com vistas à modernização e melhor transparência da instituição. Ficou sabendo que Sarney mandou rever o contrato anual de R$ 40,3 mil que o pilantra tem com o Senado para a produção e apresentação de um programa semanal de jazz para a Rádio Senado. “Ricardo José Delgado” ficou fulo da vida simplesmente porque Sarney não vê razão nenhuma para se manter um programa com um contrato desses (R$40,3 mil/ano) quando se tem profissionais competentes e concursados na área de comunicação do Senado. Confira, no site do Senado, o “Contrato/Aquisição" número CC 20080024
Veja a "explicação" insólita do Noblat para manter “sua rádio” no Senado:
Em resposta a um dos leitores deste blog: Completou 10 anos no último dia 19 o programa semanal Jazz & Tal que faço para a Senado FM. Durante 113 meses, entre março de 1999 e agosto de 2008, paguei do meu bolso todos os custos do programa. Foram 493 programas ao custo mensal de R$ 1.200,00. Devo ser o único brasileiro que até hoje doou dinheiro ao Senado - 135.600,00 (113 meses x R$ 1.200,00). Fi-lo porque qui-lo. Na época, era medíocre a qualidade de produção da rádio Senado. Procurei uma produtora em Brasília - a Linha Direta. Ela cuida do programa. Gosto das coisas bem feitas e topo pagar por elas. Paguei pelo capricho de ter um programa de jazz. Pude pagar e paguei. Em setembro último, sugeri à direção do Senado que a rádio arcasse com os custos do programa pagando diretamente à produtora. Do contrário suspenderia o programa. Disseram-me que não era possível. Que seria possível me pagar como pessoa física para que então eu pagasse à produtora. Firmaram então um contrato comigo no valor mensal de R$ 3.360,00. Descontados pela própria rádio os impostos (R$ 560,00 de INSS e mais R$ 560,00 de IR), e abatido o que eu pago à produtora (R$ 1.750,00), restam-me por mês a fortuna de R$ 490,00. Preciso de mais 23 anos a R$ 490,00 por mês para recuperar os R$ 135.600,00 que gastei do meu bolso durante 9 anos e meio. Não viverei tanto tempo. E não imagino fazer o programa por mais 23 anos. Em tempo: assinei o contrato com meu nome completo - Ricardo José Delgado Noblat. Se o Senado publicou o contrato no seu site omitindo o Noblat, o problema é dele. Nada tenha a ver com isso.
Comentário importante:
O senhor Ricardo José Delgado, vulgo Noblat, é realmente um idealista. Como um dom Quixote, lutou para realizar um sonho: ter o seu próprio programa de rádio. Não bastava ter uma bela coleção de jazz, não bastava fazer uma dessas rádios da Internet, onde se posta a suas músicas prediletas para os amigos... Não, ele queria e lutou por mais: queria produzir uma rádio de verdade. E sabendo que tinha muito poder, que poderia melindrar políticos, conseguiu o que queria: transformou seu sonho em realidade à custa do Senado Federal, portanto, de dinheiro público. Seu gosto musical é considerado tão bom (por ele mesmo), que achou que não deveria ficar apenas para ele. Tinha que ser compartilhado. Foi bondoso com o Senado e conosco, a ponto de fazer o sacrifício de doar R$ 1.200,00, religiosamente, todo santo mês, durante quase 10 anos, à instituição Senado Federal. Sem considerar o "tempo perdido" e coisa e tal. Isto é que é bondade.Mas...em nome de boas intenções, senhor Noblat, o Inferno está cheiro. Quando o Senado faz um contrato, sobretudo sem licitação, para lhe pagar o R$ 3.360,00 por mês, estamos falando de dinheiro do Orçamento da União. Eu não conheço nenhum contribuinte que tenha sido consultado sobre a necessidade ou não de se ter o prazer de ouvir, numa rádio pública, os seu gosto musical, por mais qualificado que ele seja. A Rádio Senado tem por função cobrir as atividades legislativas da Casa e, para preencher a programação com atividades culturais e entretenimento, tem uma equipe suficientemente qualificada para produzir qualquer programa cultural. Ou poderia facilmente reproduzir programas das diversas outras rádios educativas. Aliás, seria até bom que se produzisse programas com músicas brasileiras, não necessariamente o jazz, um estilo estrangeiro.
Por outro lado, faço questão de reproduzir um comentário de um internauta no “Conversa Afiada’, do Paulo Henrique Amorim, que achei muito pertinente:
“Mas na explicação dada por Noblat, tem outras peculiaridades interessantes. Segundo ele o programa custava R$ 1.200,00. Logo, se estão pagando o ´mensalinho` de R$ 3.360,00, já há um claro superfaturamento aí, uma vez que a justificativa apresentada seria que a rádio arcasse com os custos, e estes seriam de R$ 1.200,00, segundo o próprio Noblat. Entendo que há impostos, etc, mas se sobra R$ 1.750,00 para a produtora e R$ 490,00 para ele, totalizando R$ 2.240,00 líquidos, há um superfaturamento de R$ 1040,00 sobre o custo. Se não é superfaturamento, então não é apenas arcar com os custos, é também arcar com os lucros. Outro exotismo, que não entendi, é por que o Senado faz o contrato com ele, e ele paga a produtora, quando o normal seria o inverso? Esse tipo de triangulação costuma ser empregado nas práticas popularmente conhecidas como “laranjas”, mas longe de mim pensar que seria o caso do abnegado mecenas do Senado. Da mesma forma, longe de mim pensar que tal mecenas seria capaz de fazer o repasse de R$ 1.750,00 à produtora de forma informal, naquilo que vulgarmente é conhecido como caixa-2”.
As questões levantadas são realmente muito pertinentes. E só há uma resposta: o senhor Noblat é daquela espécie canalha de pseudo-jornalista que fala mal de políticos e instituições apenas para chantageá-los e se darem bem. Noblat fala de patrimonialismo da classe política, mas qual o nome que se dá para a utilização da estrutura do Senado para realizar um capricho seu? É hora dos brasileiros ficarem mais atentos a figuras meãs como o senhor Noblat. As críticas e a atenção da imprensa junto ao Parlamento são sempre positivos, melhora o desempenho dos congressistas e ajuda a identificar ladrões. Mas, ataques sistemáticos da imprensa amestrada contra o Senado, a Justiça e o próprio Executivo, cheiram a nazismo e stalinismo da pior espécie. Estão preparando a população desavisada para se substituir as instituições brasileiras (bem ou mal, eleitas e constituídas pelo povo brasileiro), por tecnocratas associados às ONGs internacionais e entidades multilaterais.
Mas, para melhor compreensão do que ocorre, faço questão que o caro leitor dê novamente uma olhada no que já postei em março sobre o assunto:
Mídia e Congresso: fim do Jabá
Mídia e Congresso: a tranparência criada por Sarney e a Internet estão acabando com o jabá de colunistas pilantras
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