Desde o início de 2009, um novo movimento político tem agitado os EUA, com ruidosas manifestações públicas contra os pacotes de estímulo concedidos aos grandes bancos, novos impostos, o “grande governo” e o descumprimento das promessas políticas feitas pelo presidente Barack Obama. O movimento se autointitula Tea Party, ou Festa do Chá, em referência à chamada Festa do Chá de Boston de 1773, episódio em que cidadãos enraivecidos com os impostos cobrados pelo governo colonial britânico sobre o produto atiraram ao mar a carga de chá de três navios ancorados no porto da cidade. Até agora, o movimento não havia atraído a atenção da mídia de fora dos EUA, mas a realização da sua primeira convenção nacional, na semana passada, começou a mudar este fato.
Realizada em Nashville, Tennessee, a convenção do Tea Party proporcionou uma oportunidade para que as propostas do movimento fossem melhor conhecidas. E o que se viu ficou longe de entusiasmar. Ao contrário, misturada com causas louváveis, como a defesa dos valores familiares e uma certa rejeição ao rentismo, está a velha propensão ao excepcionalismo estadunidense, a noção de que o país representa o pináculo da Humanidade civilizada e, por conseguinte, teria a “missão divina” de impor seus valores ao resto do mundo.
(...)
A rejeição a Obama é, aliás, o principal traço de união dos militantes do Tea Party, segundo o analista John Zogby, presidente da empresa de pesquisas Zogby International (Center for Research on Globalization, 6/02/2010), o que tem levado o movimento a inclinar-se para as posições defendidas pelo Partido Republicano. Em Nashville, a grande estrela foi a ex-governadora do Alasca e ex-candidata à vice-presidência Sarah Palin, que está trabalhando ativamente para disputar a sucessão de Obama em 2012.
No final das contas, embora sejam uma consequência da corrupção rampante da vida política estadunidense e a sua ostensiva conversão em uma plutocracia com uma pátina “democrática”, os “rebeldes do chá” não representam qualquer alternativa séria a esse processo. Uma das melhores definições sobre eles foi proposta pelo ativista político Joel S. Hirschhorn, em um artigo divulgado no sítio canadense Center for Research on Globalization (10/02/2010):
“[...] O apoio persistente a um governo federal menor e tantas outras platitudes abertamente manifestas revelam inconsistências e uma hipocrisia aberta sobre o que os zelotas do Tea Party estão dispostos a fazer para mostrar as suas crenças verdadeiras... Eu quero ouvir deles um apoio muito maior às necessárias funções de governo. Menos governo não significa, necessariamente, melhor governo.
“Com pensamento crítico, os zelotas do Tea Party devem reconhecer que não foi ação governamental excessiva que causou a Grande Depressão, mas menos ação governamental para restringir as ações rapaces entre os bancos e outras instituições financeiras. O problema central não é o governo excessivo, mas a corrupção do governo pelo setor corporativo privado e outros interesses especiais. Mesmo assim, ouço muito pouco por parte daquela gente sobre as maneiras que empregariam para eliminar a corrupção abrangente da plutocracia bipartidária. A sua conversa mole sobre liberdade e respeito à Constituição não se baseia em mais que retórica vazia.”
Leia este editorial completo na revista do “Movimento de Solidariedade ibero-americana”, clicando aqui...
Realizada em Nashville, Tennessee, a convenção do Tea Party proporcionou uma oportunidade para que as propostas do movimento fossem melhor conhecidas. E o que se viu ficou longe de entusiasmar. Ao contrário, misturada com causas louváveis, como a defesa dos valores familiares e uma certa rejeição ao rentismo, está a velha propensão ao excepcionalismo estadunidense, a noção de que o país representa o pináculo da Humanidade civilizada e, por conseguinte, teria a “missão divina” de impor seus valores ao resto do mundo.
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A rejeição a Obama é, aliás, o principal traço de união dos militantes do Tea Party, segundo o analista John Zogby, presidente da empresa de pesquisas Zogby International (Center for Research on Globalization, 6/02/2010), o que tem levado o movimento a inclinar-se para as posições defendidas pelo Partido Republicano. Em Nashville, a grande estrela foi a ex-governadora do Alasca e ex-candidata à vice-presidência Sarah Palin, que está trabalhando ativamente para disputar a sucessão de Obama em 2012.
No final das contas, embora sejam uma consequência da corrupção rampante da vida política estadunidense e a sua ostensiva conversão em uma plutocracia com uma pátina “democrática”, os “rebeldes do chá” não representam qualquer alternativa séria a esse processo. Uma das melhores definições sobre eles foi proposta pelo ativista político Joel S. Hirschhorn, em um artigo divulgado no sítio canadense Center for Research on Globalization (10/02/2010):
“[...] O apoio persistente a um governo federal menor e tantas outras platitudes abertamente manifestas revelam inconsistências e uma hipocrisia aberta sobre o que os zelotas do Tea Party estão dispostos a fazer para mostrar as suas crenças verdadeiras... Eu quero ouvir deles um apoio muito maior às necessárias funções de governo. Menos governo não significa, necessariamente, melhor governo.
“Com pensamento crítico, os zelotas do Tea Party devem reconhecer que não foi ação governamental excessiva que causou a Grande Depressão, mas menos ação governamental para restringir as ações rapaces entre os bancos e outras instituições financeiras. O problema central não é o governo excessivo, mas a corrupção do governo pelo setor corporativo privado e outros interesses especiais. Mesmo assim, ouço muito pouco por parte daquela gente sobre as maneiras que empregariam para eliminar a corrupção abrangente da plutocracia bipartidária. A sua conversa mole sobre liberdade e respeito à Constituição não se baseia em mais que retórica vazia.”
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