sexta-feira, 10 de setembro de 2010

China constroi sua "Cidade Nuclear". Porque não o Brasil também?


Nilder Costa

(Alerta em Rede) – Em março passado, a China National Nuclear Corporation – poderosa estatal chinesa na área nuclear – lançou o projeto para construir a “Cidade da Energia Nuclear da China” visando fomentar e induzir um rápido desenvolvimento da indústria voltada para o setor. O local escolhido foi a cidade portuária de Haiyan, na província (Estado) de Zhejiang, a cerca de 120 km de Shangai. A região selecionada já possui cinco usinas nucleoelétricas operando, duas em construção e outras duas planejadas; em 2014, todas elas devem estar gerando 6.300 MW de eletricidade. Adicionalmente, estão em Haiyan as sedes das 18 principais empresas e fornecedores chineses de equipamentos nucleares, assim como escritórios das maiores projetistas chinesas para o setor. Haiyan goza ainda de vários benefícios fiscais e preferenciais como zona econômica industrial e de alta tecnologia. [1] O governo chinês anunciou que pretende investir 175 bilhões de dólares nos próximos 10 anos para implantar a Cidade Nuclear que terá quatro grandes segmentos de trabalho: desenvolvimento da indústria de construção de equipamentos, educação e treinamento nuclear, ciência nuclear aplicada (em medicina, agricultura, medição e monitoração radioativa) e promoção da indústria nuclear. A concepção da “Cidade Nuclear da China” inspirou-se em instalações similares existentes na região de Burgundy, na França, que se tornou no principal centro industrial do setor nuclear francês. Inúmeras empresas francesas do setor se instalaram em Burgundy para facilitar sua participação no mercado mundial. Por isso mesmo, dia 12 passado um grupo de 30 membros da Parceria França-China em Eletricidade (PFCE) e da Associação Nuclear Industrial da França (GIIN) visitaram Haiyan para prospectar oportunidades de cooperação e investimentos dos 52 fornecedores da Electricité de France (EdF) no projeto chinês. Na ocasião, foi assinada uma carta de intenções com o governo local para promover a cooperação na indústria nuclear. Como os ganhos de escala e sinergia são evidentes, bem que o governo brasileiro poderia se inspirar na iniciativa chinesa e lançar, com ousadia e visão estratégica de futuro, uma “Cidade Nuclear Brasileira”.

Notas:
[1]Construction of Chinese 'Nuclear City' to start, World Nuclear News, 16/08/2010

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