quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Notícias diárias comentadas sobre a famigerada "Dívida" Pública, que até agora nenhum candidato viável à Presidência ousou contestar...


O Jornal Valor Econômico traz artigo, intitulado “Gasto com pessoal perto de R$ 200 bi Brasil”, que é um exemplo de como a grande imprensa manipula os dados do orçamento para tentar colocar os servidores públicos como vilões das contas públicas. O artigo reconhece que o gasto com pessoal tem ficado estagnado em relação ao PIB, mas diz que não se pode utilizar esta forma de cálculo, pois o PIB também cresce.


Ora, se é assim, por que será que constantemente os jornais costumam relacionar ao PIB todas as variáveis relacionadas ao endividamento? Notícia de ontem do jornal O Globo faz exatamente isso, dizendo que a “Proposta de Orçamento do governo para novo presidente reduz meta de esforço fiscal”, pois o superávit primário (reserva de recursos para o pagamento da dívida) caiu de 3,3% do PIB para 3,22% do PIB, mesmo que o valor em reais tenha permanecido o mesmo (R$ 125,5 bilhões) !

Já passou da hora da grande imprensa parar de uma vez por todas de manipular dados para sempre esconder os gastos com a dívida e sempre colocar o servidor como bode expiatório do déficit nas contas públicas, causado, na realidade, pelo endividamento.

O Jornal Valor Econômico traz outra notícia (“Centrais reagem ao aumento do mínimo sugerido pela proposta orçamentária”), que confirma a denúncia feita pela Auditoria Cidadã da Dívida há mais de 3 anos. No artigo “PAC: Programa de Atendimento aos Credores”, desmascaramos a regra de aumento do salário mínimo de acordo com a variação real do PIB de 2 anos antes, que havia sido acordada em 2007 entre as Centrais Sindicais e o governo. Agora, as Centrais finalmente reconhecem o equívoco desta proposta, dado que o crescimento do PIB em 2009 foi negativo, e como consequência, não haverá nenhum aumento real do salário mínimo em 2011, seguindo esta regra.

O argumento sempre utilizado pelo governo para evitar um reajuste maior do salário mínimo é o falacioso “déficit” da Previdência, que na verdade está inserida na Seguridade Social, que é altamente superavitária. O verdadeiro problema é que o governo quer continuar retirando recursos da Seguridade por meio da DRU (Desvinculação das Receitas da União), para cumprir as metas de superávit primário.

O Valor Econômico também traz outra reportagem, segundo a qual, para o IBGE, somente 57% das moradias do país são adequadas, ou seja, possuem no máximo 2 moradores por dormitório, abastecimento de água e esgoto (ou fossa sanitária) e coleta de lixo. São 25 milhões de domicílios inadequados, resultado da falta de investimentos públicos em habitação. De fato, destinando 0,01% do Orçamento Geral da União para Habitação, 0,08% para Saneamento, e 35,57% para o serviço da dívida, fica difícil resolver este problema.

Por fim, o jornal Estado de São Paulo mostra que o Cerrado teria perdido metade da vegetação de seu território, e pode ser extinto até 2030, principalmente devido à expansão da agropecuária. “Com a expansão da agropecuária a partir dos anos 70, o Cerrado se tornou a principal área para a produção de grãos no País”, mostra a reportagem.

Sobre este tema, cabe ressaltar que esta expansão da agropecuária no Cerrado foi estimulada a partir da década de 70 para estimular as exportações agrícolas, para que o país pudesse obter os dólares necessários ao pagamento da questionável dívida externa.


Saiba mais sobre esses assuntos. Leia com bastante atenção algumas postagens que já fizemos neste blog a respeito. Vale a pena conferir:

Sair da crise?

Escravização: as cifras espantosas da dívida pública

Perdas com o serviço da dívida

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