sexta-feira, 20 de junho de 2008

Não se pode abstrair a ciência da política. É necessário dar nomes aos bois...

Vejam o texto de um típico bem intencionado cientista sobre o equilíbrio do Planeta. Um típico ambientalista repito, bem intencionado, mas que tem tudo para se transformar num "inocente útil", geralmente manipulado pelas grandes corporações transnacionais para fazer o papel de fanático ecoterrorista. Percebam que ele vê a sociedade apenas como um amontoado abstrato de indivíduos que, subjetivamente, possuem responsabilidades para com a harmonia com a Natureza. Não compreende o ser humano como uma totalidade complexa inserido numa sociedade de consumo baseada não no atendimento do bem comum, mas no lucro pelo lucro, no desperdício. Sociedade que possui uma infinidade de interesses que afetam as escolhar e o modo de vida das pessoas. É deste tipo de mentalidade ingênua que surgem as grandes distorções mentais quando o assunto é ecologia.
Confiram:


POLLINATION DEFICIT
Alexandre do Espírito Santo, Ph.D.

Vivemos num mundo de numerosos milagres diários. É um planeta fértil entre milhões de outros tidos como estéreis. Quantas escolhas tiveram os entes oriundos das estrelas para nos colocar aqui e não em outro local do universo? Por que fomos nós os privilegiados para habitar o Planeta Terra? Um astro propício à vida e com incomensurável capacidade de auto-renovação. Nos últimos cem anos de tudo temos feito para destruí-lo com tudo que nele vive, mas não conseguimos. A cada golpe mortal que lhe aplicamos ele se renova como um Titã. A maioria das suas benesses nos dá sem que nada façamos por merecer. São verdadeiros milagres. A polinização é um deles. Flores produzem néctar que atrai abelhas, que inadvertidamente transferem grânulos pegajosos de pólen em suas patas de uma flor para outra, fertilizando-as para que dêem frutos. Entretanto, acredita-se que envenenadas pelos pesticidas ou por outro fator, as abelhas em todas as partes do mundo estão morrendo ou abandonando as colméias. É uma síndrome misteriosa para o qual já deram um nome:Colony -Collapse Disorder ou CCD. A ameaça é das maiores. Diz a agro-ecologista Alexandra-Maria Klein da Universidade de Göttingen, Alemanha, que 87 das 115 mais importantes culturas exigem polinização para desenvolver frutas, nozes e sementes. Essas culturas rendem até US 3 trilhões de vendas anuais no mundo. A maioria das frutas que consumimos depende da existência da abelha. Até culturas como as de alface e broccoli precisam da polinização desse inseto. Os pesticidas são os primeiros vilões que vêm à mente. Mas, os pesquisadores de fato não sabem. Somente nos Estados Unidos houve uma perda de 35% das abelhas neste inverno, após terem perdido 30% no ano passado, segundo o Newsweek desta semana. Na China já estão polinizando manualmente. Por que as abelhas nos estão abandonando? É um mistério! Como a humanidade se arranjará sem as frutas tradicionais, se o abandono um dia for total? Sempre achei que damos pouca atenção aos insetos. Eles são, depois das bactérias, os seres mais abundantes no Planeta. Devem ter mais finalidades e importância do que lhes damos. Há mais espécies de abelhas que de mamíferos e pássaros. Como sobreviveremos sem elas? Quantos outros entes planetários estão sendo e serão afetados pelo aquecimento e pelas agressões que estamos infringindo diariamente ao nosso habitat galáctico? Existe a vingança tecnológica (o que inventamos trabalha contra nós) e poderá existir a vingança planetológica, muito mais extensa e profunda. Como a evolução ela não terá preocupações com o bem-estar e felicidade humana. Terremotos e gases venenosos, saindo de todas as frestas na terra poderão ser mais devastadoras e mais eficientes que todas as bombas nucleares para trocar cabalmente a humanidade atual por uma humanidade mais piedosa com o Planeta-mãe

Agora, vejam o comentário do doutor Adriano Benayon do Amaral, professor da UnB, mostrando que não há imparcialidade em ciência e que é uma tolice achar que se pode salvar o Planeta apenas com a conscientização bem intencionada e empolgada dos bilhões de indivídios que formam a massa da Humanidade. Ou seja, sem "mostrar os bois", os interesses dos poderosos conglomerados econômicos transnacionais que controlam a produção e distribuição de riquezas no Planeta, não há como se falar em mudanças que viabilizem uma melhor relação Homem/Natureza.


Confiram os argumentos do doutor Benayon:


Dando nome aos bois...

Há um erro grave, a meu ver, na argumentação. Não somos nós, conjunto de indivíduos, que estamos destruindo o equilíbrio de nosso fabuloso planeta. São os oligarcas do petróleo, da indústria química e outras que governam o mundo em função de seus interesses de acumulação de poder, sem qualquer outra consideração a não ser faturar sem limites. Apontar a destruição sem identificar os responsáveis por suas fontes redunda em conversa fiada para boi dormir, pois, desse modo, não há nem sequer como começar o difícil caminho de reverter o maligno processo. O grosso da propaganda ecologista é demagógica, dirigida e financiada pelos próprios mega-poluidores, como sempre para desviar a atenção das causas reais do problema e, ainda, servir a outros objetivos deles, como tolher o desenvolvimento da infra-estrutura em países periféricos, dos quais eles só querem extrair ganhos e obter graciosamente os recursos naturais. Falando em pesticidas, os da indústria química são terríveis, produzidos pelas mesmas empresas envolvidas na guerra química, tais como: Dow Chemical, a patroa do sr. Golbery do Couto e Silva, organizador da pseudodemocracia no Brasil; Du Pont, Monsanto, BASF, Bayer etc. Não esquecer, ademais, o papel dos horrorosos fertilizantes químicos, que esterilizam a terra a médio e longo prazo: eles foram impingidos pela Fundação Rockefeller por meio de um de seus instrumentos, o Banco Mundial, comandante da “revolução agrícola”. Não esquecer, também, que uma das maiores causas do sumiço das abelhas são os transgênicos, cujos maiores expoentes são a Monsanto dos EUA e a Syngenta, da Suiça, cartéis mundiais com o controle do mercado.

Adriano Benayon

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