segunda-feira, 30 de junho de 2008

Amazônia

Alienada no varejo o no atacado

Os gritos de alerta de homens notáveis nascidos na Amazônia têm sido em vão. Homens do quilate de Arthur Cezar Ferreira Reis, Samuel Isaac Benchimol, Bernardo Cabral, Carlos de Araújo Lima, João Mendonça de Souza, Mário Ypiranga Monteiro, Leandro Tocantins, Djalma da Cunha Batista, João Braga Júnior, um exército valoroso, ao qual tenho me incorporado nessa luta defensiva contra a invasão, a cobiça e o saque via contrabando ou pirataria, da Região Amazônica. Os conquistadores sutis, os estrategistas silenciosos, os donos de um mundo conquistado com a riqueza mesquinha e jamais distribuída, estão tomando posse da região, legalmente, mas na calada da noite e contanto com a conivência dos criminosos sem pátria e sem civismo, que se dizem, falsa e descaradamente, brasileiros. Ingressam na Amazônia sem quaisquer censuras ou vigilância, negociam as terras que já conhecem com detalhes por meio de mapeamentos adquiridos com a espionagem facilitada pela imensurável tecnologia das grandes potências, e escolhem minuciosamente o que pretendem. O jornal Diário do Amazonas publicou na edição do dia 8 de janeiro de 2008, que o invasor Johan Eliasch, lá da Suécia esgotada de recursos da natureza, adquiriu por compra, cento e sessenta mil hectares de terras, todas do município de Manicoré, o que vale dizer: apossou-se de uma área equivalente a 210 mil campos oficiais de futebol, graças à inércia de nossas autoridades, ao grande conluio internacional que atua dentro da região, aliado ao descaso dos responsáveis pela integridade do nosso meio ambiente, que contam ainda com a participação omissa dos cartórios, incapazes de fazer denúncias dessas operações desprovidas de patriotismo. O senhor Johan comprou praticamente uma nova Suécia dentro da Amazônia, para gozar a sua fortuna. Pergunta-se: por que essa alienação, essas vendas para estrangeiros, não se tornam nulas, quando não houver antes, uma autorização do Congresso Nacional?Será que é tão difícil proteger as nossas riquezas usando a própria legislação já existente? Até quando os sem pátria vão construir outras pátrias para os que invadem a Amazônia? E por que também não consultar o Comando Militar da Amazônia, uma vez que o assunto implica em segurança nacional? Que adianta fiscalizar as nossas fronteiras, se os invasores nos destituem de nossa soberania territorial no miolo, no intestino do Brasil?Por que o senhor Johan não comprou 160.000 hectares de terras nas caatingas do Nordeste brasileiro? Lá, inclusive, o governo federal poderia conceder incentivos fiscais para a implantação de Cassinos, liberar o jogo com um ordenamento jurídico e social abrangentes, exigindo em contrapartida, algumas obrigações sociais necessárias ao desenvolvimento daquela região, como a construção de Escolas de primeiro e segundo graus, Universidades, Centros de Tecnologia, cursos de preparação de mão-de-obra, de idiomas e outros cursos preparatórios para as mais diversas profissões. Se querem nos invadir, nos saquear, explorar nossas riquezas ou nos colonizar novamente, que paguem o preço que até hoje não cobramos dos portugueses, quando levaram nosso ouro, nossos diamantes, nossas esmeraldas e outras riquezas imensuráveis.


* advogado, contabilista, empresário, escritor, poeta, articulista e conferencista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário