Lembro dele e de Lacerda
Amanhã, quinta-feira, às 4 da tarde, a Alerj, surpreendentemente, tem uma iniciativa produtiva, positiva e elucidativa. Lança livro que tem um título altamente original, sobre um dos personagens mais importantes do Rio e do Brasil nos últimos 50 anos.
O personagem, Leonel Brizola. Organizadora, Marieta de Moraes Ferreira. Título: "A força do povo, BRIZOLA, e o Rio de Janeiro". Lançamento às 4 da tarde na Alerj.
Justíssimo o registro e a homenagem, pois Brizola teve importância muito grande, já não mais no Distrito Federal, e sim no Estado da Guanabara. Em 1962, Brizola passou por aqui feito um furacão, se elegeu deputado federal com votação fantástica. De cada 10 eleitores, 4 votaram nele.
O governador era Carlos Lacerda, os dois, impensada e desastradamente inimigos, (mais do que adversários) não se encontraram nunca. Não perceberam que apesar das aparentes ou invisíveis divergências e diferenças, queriam a mesma coisa. Só que jamais puderam conversar e se entender.
Como fui grande amigo dos dois, posso dar um depoimento simples e sumário, mas decisivo para que se mostre como eram até solidários mas desconhecidos, os destinos de Brizola e Lacerda. Já escrevi uma vez e repito: "Gostaria de ver Lacerda ou Brizola na presidência da República". Mesmo que me decepcionassem, o País jamais seria o mesmo.
Citei Carlos Lacerda antes de Brizola, porque na história do Rio, Carlos Lacerda vem antes. E na minha história pessoal com os dois, a mesma coisa. Meus primeiros contatos com Lacerda começam em 1946 na Constituinte, e vão com ligeiras interrupções até 1968 no AI-5. O amaldiçoado texto que transformou um golpe de estado passageiro, numa ditadura permanente, cruel e autoritária. Só perdendo em tortura e selvageria para o Estado Novo "do ditador Getulio Vargas".
Presos juntos em 13 de dezembro de 1968, pude conhecer (e devergir) do desalento de Lacerda, e discutimos seriamente sobre sua decisão de abandonar a vida pública. O que aconteceu, apesar do meu protesto. Viajou a seguir, ficou na Europa até 1973, voltou, se enclausurou na Editora Nova Fronteira. E morreria inesperadamente em 1977, aos 63 anos de idade, quando já se viam, de longe, os sinais da ANISTIA, AMPLA, GERAL E IRRESTRITA.
Essa anistia que não beneficiou Lacerda, trouxe Brizola para o Brasil em 1979. E por decisão dele mesmo, veio à Tribuna e me disse: "Fiz questão que a minha primeira visita ao voltar ao Brasil, fosse a você e a este jornal que eu não sei como pôde resistir tanto e tão bravamente".
(Em Montevidéu, quando Lacerda levou o Manifesto da Frente Ampla para João Goulart assinar, o ex-presidente perguntou: "O Helio Fernandes não vinha com o senhor?" Lacerda confirmou, mas disse que eu tive problemas para sair do Brasil. Resposta de João Goulart: "Todo dia, para as centenas de exilados, a satisfação é a chegada da Tribuna da Imprensa".)
Eu e Brizola estávamos conversando pela primeira vez, não por divergência e sim por circunstância. Brizola fez toda a carreira no Rio Grande do Sul, secretário, prefeito de Porto Alegre, governador. Quando veio para o plano nacional, o País já estava na derrocada do que chamam de "nova capital", não pudemos nos encontrar.
Mas a partir daquele dia, ficamos imediatamente amigos de infância. Conversamos longamente, não na mesma direção das conversas com Lacerda, mas com o mesmo entusiasmo e amor pela LIBERTAÇÃO do Brasil. Por isso louvo o livro que será lançado amanhã, esperando a hora do livro sobre Lacerda.
PS - Brizola "encampou" as empresas multinacionais de energia que roubaram o Rio Grande por quase 100 anos.
PS 2 - Lacerda fez o mesmo com a Light (e associadas), que roubou (a mesma palavra) o Distrito Federal e a Guanabara, pelo mesmo tempo. O que mostra que estavam muito pertos, só não se encontraram.
Para ler a coluna completa do Helio, acesse:
http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=helio
http://www.tribunadaimprensa.com.br/coluna.asp?coluna=helio
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