domingo, 22 de junho de 2008

Argentina Soberana


Cristina: especulação externa não deve contaminar mercado argentino

“O Estado não pode assistir paralisado as conseqüências da especulação nos preços internacionais e permitir que ela se instale no nosso país”, afirmou Cristina à multidão que foi à Praça de Maio apoiar a taxação das exportações de alimentos

As principais avenidas e ruas do centro de Buenos Aires foram tomadas por uma multidão que convergiu na Praça de Maio, onde se realizou um ato em apoio ao governo de Cristina Kirchner e às medidas econômicas que promovem o desenvolvimento produtivo e diversificado do país, combatem a especulação com os alimentos e melhoram a distribuição social da renda. Em seu discurso transmitido em cadeia de rádio e televisão, a presidente defendeu a aplicação do imposto móvel às exportações (retenções) de grãos, principalmente da soja, e afirmou que a medida “foi tomada para que todos os argentinos possam viver muito melhor. Um governo que tem como centro a defesa dos interesses do povo que o elegeu não pode ter medo dos poderosos, dos que se beneficiaram durante anos de uma política que desestruturou o nosso país e levou à miséria a milhões de argentinos”.
BASE ALIADA

Cristina, acompanhada por governadores, prefeitos, parlamentares, sindicalistas, dirigentes políticos, entre os quais se destacava o ex-presidente Néstor Kirchner, hoje dirigente do Partido Justicialista, assinalou que “o Estado não pode assistir paralisado as conseqüências da especulação nos preços internacionais e permitir que ela se instale no nosso país. As medidas que tomamos para proteger nosso mercado interno são básicas para sustentar um projeto nacional e popular”. E depois de lembrar que as retenções sempre existiram no país, sendo, porém, em várias ocasiões utilizadas de forma contrária às necessidades do povo, mostrou que “também formaram parte de outra política, a dos 90, quando se baixaram a zero e se nos derrubou tudo, inclusive o campo”, se referindo à política entreguista de Carlos Menem. Advertiu que, como nesses anos de triste memória para os argentinos, “também outras vezes, os países desenvolvidos utilizaram esses instrumentos para nos prejudicar, a nós os países emergentes. Hoje, seguimos outro rumo: o do desenvolvimento soberano”. Referindo-se aos latifundiários que tentam um locaute que ameaça com a falta de alguns produtos na mesa dos moradores das grandes cidades, e provocam atos de violências nas estradas contra os produtores que não se dobram às suas chantagens, disse que “há quatro pessoas às quais ninguém votou nem elegeu, que decidiam e comunicavam quem podia e quem não podia circular pelas rodovias. Dei-me conta, então, que estava diante de outro questionamento, não eram as retenções, pelo sim ou pelo não. Estava-se interferindo na construção democrática, eram atitudes golpistas que não podemos aceitar”. A presidente pediu que libertem as estradas e “deixem que os argentinos voltemos a produzir e a trabalhar sem problemas. Não tenham medo nem dúvidas ao exercer sua responsabilidade setorial, se realmente são representativos não será necessário que cortem estradas para que não se comercialize grãos nem carne”. Também reservou umas palavras para o “panelaço” organizado na segunda-feira, dia 16, pela Sociedade Rural, e outras entidades do campo, que envolveram alguns setores de médios agricultores. “A classe média, muitas vezes através de preconceitos culturais, acaba atuando contra seus próprios interesses”, assegurou Cristina. “Os interesses da classe média são os dos trabalhadores e comerciantes, temos que aprender a enxergar além do que nos mostram”, acrescentou. A direção da CGT se reuniu na terça-feira, dia 17, para confirmar uma paralisação nacional, a partir das 12 horas do dia 18, para que os trabalhadores pudessem participar da mobilização na Praça de Maio. A maior central sindical argentina respaldou “a gestão do governo popular e o projeto nacional conduzido pela presidente Cristina Fernández de Kirchner” e exigiu “em nome dos trabalhadores afetados pelo locaute que se abram os canais de diálogo para encontrar o equilíbrio que esses setores não querem aceitar”.
SUSANA SANTO, do "HORA DO POVO"

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