sábado, 21 de junho de 2008

Cel. Hiram Reis e Silva

CIR na EUROPA - ‘Anna Pata, Anna Yan’

"Se o Supremo decidir contra os índios, vamos reunir cinco mil guerreiros e fazer a desocupação de nossa terra na marra”. (Edson Alves Macuxi, do CIR)

‘Anna Pata, Anna Yan’

“Estamos fazendo essa viagem para solicitar aos cidadãos, governos e juízes europeus que nos apóiem urgentemente em nossa petição ao Supremo Tribunal Federal, para que ratifique e faça cumprir o decreto de homologação de nossa terra, firmado em 2005, e que determine a retirada dos invasores”, afirmou Jacir José de Souza.

O índio macuxi Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), e a índia wapixana Pierlangela Cunha, coordenadora da Organização dos Professores Indígenas de Roraima, iniciaram em Madri a divulgação da campanha ‘Anna Pata, Anna Yan’ - ‘Nossa Terra, Nossa Mãe’, na língua macuxi com o intuito de pressionar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), brasileiro, pela manutenção da demarcação contínua da reserva. Apoiados por organizações não-governamentais estrangeiras, eles visitarão os Ministérios das Relações Exteriores, parlamentares e membros do Executivo de seis países do continente europeu (Espanha, Inglaterra, Bélgica, França, Itália e Portugal) para debater a situação da Terra Indígena Raposa e Serra do Sol (TIRSS) buscando apoio para a sua causa, dando dimensão internacional ao conflito, contrariando posição do governo brasileiro. Os indígenas já estiveram autoridades espanholas, quando entregam petição a diversas entidades e à embaixada do Brasil em Madri. A programação prevê, ainda, um encontro em Paris com Danielle Mitterand, ex-primeira-dama francesa, e uma visita à Comissão Européia, em Bruxelas.

Survival-International

A Survival-International e entidades ligadas à Igreja Católica já organizaram a agenda do CIR, em Londres, que inclui reuniões com o Ministro das Relações Exteriores e parlamentares em Westminster e, quem sabe, ser recebido em um show pelo cantor Carlinhos Brown.

“Se os fazendeiros e políticos conseguirem roubar a Reserva Raposa Serra do Sol dos índios, isso abrirá um precedente perigoso para todas as tribos brasileiras. Não podemos deixar que isso ocorra”, afirmou Stephen Corry, diretor da Survival-International.

A Survival-International exibe, no seu site, sob o título ‘Dramatic video shows attack on Indian village’, um vídeo do ataque, orquestrado e muito bem planejado pelo CIR, pois já contava com apoio de ambulâncias e elementos encarregados de registrar a ação, no dia 05 de maio, quando mais de 100 indígenas invadiram a Fazenda do líder dos arrozeiros e prefeito de Pacaraima Paulo César Quartiero. Os funcionários da fazenda ordenaram a saída dos índios que se negaram a fazê-lo dando origem ao conflito.

O CIR em busca da benção Papal

O CIR pretende que o Vaticano se envolva na definição de suas terras. Os representantes auxiliados por entidades internacionais, entraram com um pedido de audiência com o papa ainda para este mês.

“Estamos em uma missão diplomática. Queremos que o papa Bento XVI conheça nossa situação e possa nos dar apoio. Gostaríamos que ele entendesse o que estamos passando. O importante é que nossa terra não seja reduzida. Isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos no Brasil. Isso é o que queremos que o Vaticano saiba. Não queremos que outros falem por nós. Queremos ser ouvidos e pedir o envolvimento do papa”, ressaltou Pierlangela.

O novo Pirara - Qualquer semelhança não é ‘Mera Coincidência’

“Mesmo se a demarcação for revista pelo STF, os índios vão retirar os produtores de arroz da área”, disse o líder Martinho Macuxi Souza.

"Tudo indica que o Supremo vai tomar a decisão de retirar os invasores. Vamos até o fim para defender nosso direito. Se o STF decidir pelo lado dos terroristas, vamos fazer uma retomada das áreas. Vamos bloquear três estradas que dão acesso para a Guiana, para a Venezuela e para a Amazônia, em Manaus", vociferou Jecinaldo Barbosa Cabral.

Parece que nossos indígenas estão dando mostras de que conhecem mais história do que nossos políticos, magistrados e alienados intelectuais. Recordemos a Questão do Pirara para entender como funcionam os maquiavélicos estrategistas estrangeiros. Nesta questão, em particular, vimos como os estrangeiros são capazes de usar a diplomacia para alcançar seus intentos. Sem empunhar armas, sem pressa, num processo que durou quase sete décadas, fomos espoliados pelos britânicos.

Na época, o governo inglês contratou um súdito alemão para realizar pesquisas na Guiana Inglesa e em terras Brasileiras. O Lord Palmerston solicitou ao nosso Ministro Plenipotenciário, em Londres, um passaporte diplomático para esse 'cientista' que teria como objetivo fazer descobertas geográficas no território inexplorado que era a fronteira dos domínios britânicos e brasileiros na América do Sul.

Robert Schomburgk, em 1835, chegou até o forte São Joaquim, portanto no centro do Vale do Rio Branco sem que os portugueses desconfiassem de suas reais intenções. Schomburgk regressou a Londres, mas, em 1837, retornou à Guiana e continuou seus 'estudos geográficos'.

Em seus relatórios, a Londres, Schomburgk dizia que a presença militar lusitana na região era precária, quase inexistente. Sugeriu, inclusive, que a Inglaterra deveria ocupar esses espaços 'vazios', mandando demarcá-los para os domínios de sua majestade inglesa e até de ocupá-los em caráter permanente.

Os britânicos agiram argumentando que o território do Pirara era ocupado por tribos independentes que reclamavam a proteção inglesa, o Brasil reconheceu ‘provisoriamente’ a neutralidade da área em litígio retirando seus funcionários civis e militares, com a condição de que as tribos continuassem independentes. Schomburgk aproveita a oportunidade e lidera, em 1842, uma expedição que assentou marcos fronteiriços, demarcando a fronteira sem a concordância do governo brasileiro.

O resultado final deste engodo britânico foi submetido ao arbitramento parcial do incompetente Rei Dom Vitório Emanuel III, da Itália. Apesar dos esforços da diplomacia brasileira através de Joaquim Nabuco, do Barão do Rio Branco e do governo do Pará, através de Antonio Ladislau Monteiro Baena, em junho de 1904 sua Majestade o Rei Dom Vitório, deu a palavra final, retirando 19.630 km² do território brasileiro, pertencente ao atual Estado de Roraima, e entregou-os à Inglaterra.

Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva, professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
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