segunda-feira, 30 de junho de 2008

Meta de inflação é álibe para elevar juro e beneficiar especuladores

Para Miguel Bruno, BC é pessimista com alta de preços e otimista com crise externa

O economista Miguel Bruno, que assumiu uma das coordenações do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Gap/Ipea), acusa o sistema de metas para a inflação de legitimar as elevações das taxas de juros num sistema de economia altamente financeirizada:
"O efeito dos juros sobre a inflação no Brasil não ocorrem pela contenção da demanda, mas pela apreciação cambial", frisou, acrescentando que o Banco Central (BC) é "muito pessimista com a inflação, porém, otimista em relação ao balanço de pagamentos."
Em entrevista exclusiva ao MM o coordenador do Gap negou que durante a divulgação da Carta de Conjuntura tenha afirmado que, no passado, "o Ipea atuava em dobradinha com o mercado financeiro".
Ele nega qualquer tipo de censura na instituição, observando não ser missão institucional do Ipea agir "como se fosse gestor de carteira de ativos financeiros".
Bruno afirmou ainda que jamais diria não ser conveniente divulgar qualquer tipo de previsão:
"Só não temos porque ficar legitimando previsões do mercado financeiro. A função do Ipea é pensar o longo prazo e pensar o desenvolvimento. A direção não orientou para acabarmos com as previsões. Apenas não as divulgaremos, necessariamente, junto com a Carta de Conjuntura. Quando acharmos que alguma previsão deve ser refeita, o faremos através de nota técnica", salientou.

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