por jpereira
IPT aponta responsáveis pela tragédia do metrô paulista; Promotor afirma que desastre será tratado como crime em denúncia que será apresentada somente a partir de setembro
Eduardo Sales de Lima
Dezessete meses após o crime que provocou sete mortes e expulsou dezenas de famílias de suas casas, nem o metrô paulista, nem o consórcio Via Amarela se responsabilizaram pelas mortes e pelo pagamento de indenizações às famílias desabrigadas ou que ainda moram de forma precária no entorno da cratera que se formou na região de Pinheiros, zona oeste da cidade de São Paulo. Mas o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado à USP, apontou os “equívocos” na condução das obras e quem os praticou: técnicos envolvidos diretamente com a obra, segundo o instituto. Para o promotor que acompanha o caso, os indícios são de que o desastre não foi um mero acidente, mas pode ser caracterizado como um crime. Zelma Marinho integra a comissão de moradores que foram prejudicados pelo acidente que resultou em uma cratera de 80 metros de diâmetro, no zona oeste da cidade de São Paulo. Ela conta ao Brasil de Fato que, após a detonação das 8 da manhã, uma senhora da rua Pascoal Bianco foi reclamar com os engenheiros da obra que a construção tinha 'enterrado' sua porta; ela disse aos técnicos: “se vocês fizerem a detonação das 15h, podem chamar o Instituto Médico Legal (IML) que não vai sobrar ninguém”. Segundo Zelma, houve uma detonação extra ao meio-dia, que não consta no relatório da Via Amarela. Às 15h, ocorreu o desabamento. Após o desastre, a Defesa Civil interditou dezenas de imóveis nas imediações da cratera. Zelma Marinho reside na rua Amaro Cavalheiro e, desde o dia 18 de janeiro de 2007, vive em uma casa com um quarto interditado. Ela integra a comissão dos moradores do entorno da cratera. “Você sai e não sabe o que vai acontecer. A varanda está descolando da casa. A casa está inteira rachada, e o chão afundando”, relata Zelma.
Os erros do Consórcio
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) apontou os erros cometidos pelo consórcio Via Amarela. Os fatores da tragédia passam, sobretudo, pela fiscalização deficiente e por falhas no método de construção. O relatório foi entregue no dia 6 de junho ao Ministério Público de São Paulo, ao Instituto de Criminalística e ao próprio Consórcio de empreiteiras responsável pelas obras da Linha Quatro do metrô. O projeto não considerou a geologia complexa do local e, apesar dos sinais de instabilidade do terreno, ocorreu uma inversão no sentido de escavação do túnel sem uma análise mais pormenorizada. Etapas de fiscalização das obras foram ignoradas, assim como procedimentos formais de gestão de riscos, que envolviam planos de emergência. Antes do acidente, muitas casas da região já apresentavam rachaduras. “A primeira casa a cair foi na minha rua, em 2005. Logo depois um buraco se abriu na Rua Fradique Coutinho. Eles culparam até o escapamento das motos. Tudo o que nós tínhamos previsto está nesse laudo (do IPT). Com esse novo sistema de construção, eles acabaram com Pinheiros (bairro na Zona Oeste paulistana), sem pensar nas conseqüências”, desabafa Zelma Marinho. Segundo ela, nenhuma família desabrigada foi indenizada.
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http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/provas-de-um-crime-no-metro
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