Finalmente, após longas tratativas e obras, parece que o tão aguardado Corredor Bioceânico Central – ligação viária entre os portos de Santos, no Brasil, e Iquique e Arica, no Chile, passando pela Bolívia - ficará operacional em novembro próximo, quando os presidente dos três países têm um encontro marcado para a respectiva inauguração. “É um corredor de 3,8 mil quilômetros, com implicações importantes para a integração da região", comentou o ministro das Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno, mesmo reconhecendo que ainda existem cerca de 200 quilômetros de estrada na Bolívia sem pavimentação. Contudo, em Santiago, no Chile, o ministro de Obras Públicas da Bolívia, Walter Delgadillo, garantiu que em "muito poucos meses" as obras estarão concluídas (UPI, 20/08/2010). Além da integração sul-americana, o Corredor propicia uma ótima oportunidade para que o Chile e a Bolívia encerrem suas diferenças seculares. Desde a década de 1970 os dois países não têm relações diplomáticas formais por causa de disputas territoriais ainda oriundas da Guerra do Pacífico, no século 19, quando a Bolívia perdeu sua vital saída para o mar por se ter aliado ao Peru, ambos derrotados pelo Chile na contenda bélica. Além disso, o Corredor enseja os esforços do Uruguai em oferecer oportunidades à Bolívia e ao Paraguai de utilizarem o porto de águas profundas em Rocha, cujo projeto foi retomado pelo presidente uruguaio José Mujica, que espera que a parceria entre os três países traga mais atrativos para os investidores. O Uruguai prometeu aos parceiros a plena utilização do porto em troca do fornecimento de eletricidade e gás necessários ao empreendimento – estimado em 1 bilhão de dólares -, que inclui, ainda, facilidades para estocagem de minério de ferro e ligações viárias. Mujica reativou o projeto do porto, que estava paralisado há anos, após entendimentos com os presidentes Evo Morales e Fernando Lugo. Tanto a inauguração do Corredor, como a parceria entre o Uruguai, Paraguai e Bolívia em torno do projeto do porto uruguaio (que promoverá a travessia oceânica pelo Estreito de Magalhães), vêm fortalecer o Mercosul de forma significativa. Inclusive, alguns analistas europeus enxergam a consecução desses empreendimentos como uma alternativa estratégica dos países do Mercosul à duplicação do Canal do Panamá, que está em andamento, mirando a China e outros países asiáticos. A lamentar, apenas o fato de que o corredor é rodoviário, em vez de uma bem mais eficiente ligação ferroviária, que, combinada com as hidrovias, proporcionaria muito mais vantagens econômicas.
Fonte: MSIa
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