sábado, 16 de outubro de 2010

Adriano Benayon


“O mundo é um grande teatro”,

William Shakespeare

Não é teoria. É conspiração mesmo

A conspiração é fato de todos os dias, em matéria de política e de poder. Em primeiro lugar, como acontece em quase todas as “democracias” controladas pelo grande capital “internacional”, todos os candidatos à presidência no Brasil são a ele vinculados. Como sempre, o que for eleito será obrigado, de bom ou de mau grado, a contemplar os interesses considerados vitais pela oligarquia que comanda aquele capital. Por exemplo: Lula, recém-eleito em 2002, foi determinado, de imediato, a fazer duas nomeações: a de Meirelles para o Banco Central, com os usuais poderes de sátrapa, livre de qualquer interferência do próprio presidente da República; a de Marina da Silva, ministra do Meio-Ambiente (depois saiu, sempre solidária com o poder mundial). A função dessa senhora e dos “verdes”, implantados no IBAMA, tal como a dos agentes colocados na FUNAI, é impedir obras de infra-estrutura indispensáveis ao desenvolvimento do País para os brasileiros. Os da área do meio-ambiente executam, junto com as ONGs estrangeiras, a serviço da oligarquia financeira, o isolamento de imensas áreas, subtraídas do território nacional aproveitável, reservando-o para ela, que controla as minas de ouro e de metais estratégicos em várias partes do Brasil, na África, no Canadá e na Austrália etc. Os verdes e essas ONGs são, na verdade, financiados pelos maiores e mais impunes poluidores do Mundo, pois a oligarquia que as controla, também controla, entre outras campeãs da poluição, a indústria do petróleo, cujos vazamentos empestam os espaços mais vitais à sobrevivência da humanidade, a saber, os mares e oceanos. Os indigenistas, tangidos pelos mesmos vaqueiros, encarregam-se de instalar supostas tribos indígenas nos territórios de subsolo mais rico do Planeta, como as serras entre Roraima e a Venezuela, e em outras gigantescas áreas. Os governos da República as têm cedido, dobrando-se às pressões da oligarquia liderada pela família real britânica, a qual agracia FHC com vários mimos e faz o mesmo para Marina da Silva.

A jogada do poder mundial

Então, qual foi a jogada do poder mundial no 1º turno das eleições brasileiras e qual é o prosseguimento dela no 2º turno? Evitar que Dilma ganhasse no primeiro turno. Por que? Embora ressalvado que nenhum dos candidatos afronta aquele poder, Lula e sua ex-ministra principal parecem não contrariar invariavelmente o desenvolvimento do País. Entre outras coisas nesse sentido, mantiveram projetos importantes de infra-estrutura, como a hidrelétrica de Belo Monte, e sustentaram a reforma do Código Florestal, conforme o Projeto de Lei do Deputado Aldo Rabelo, com apoio de conservadores e oposição da esquerda entreguista. Assim, a oligarquia mundial resolveu enfraquecer Dilma e, para isso, usou seu descomunal controle sobre a mídia e sobre a opinião da maioria dos que lêem alguma coisa. Essa se deixou levar por denúncias de corrupção, lavagem cerebral com baboseiras do tipo ficha-limpa etc. Ora, pode haver corrupção da grande, mas ela não é característica de só um dos bandos em destaque na política do País. Além disso, ela é de pouca monta ao lado da mega-corrupção dos que entregam as riquezas do Brasil aos concentradores estrangeiros, e ainda fazem os cofres públicos pagar-lhes centenas de bilhões de reais por isso. Vide privatizações, como as da Vale Rio Doce, do setor elétrico, da telefonia etc. e o abocanhamento pelo do cartel anglo-americano da maior parte dos ganhos decorrentes do petróleo descoberto pela Petrobrás. Contando Calabar (Século XVII) e todos os que vieram depois, dois dos maiores entregadores do País são FHC e Serra. Esses têm ficha limpa, como a têm vários outros de menor porte (que os dois) nessa infamante lista. Eles e muitos governadores, senadores etc., eleitos e reeleitos. O surrado e falso moralismo foi uma das tônicas em que a oligarquia mais investiu para evitar a decisão em primeiro turno. Outro ponto também a ilustrar a frase de Shakespeare, na epígrafe, é que apreciável segmento da classe média revive em suas mentes os tradicionais espantalhos do comunismo e da república sindicalista. Caiu nesse conto. Entretanto, isso não foi o bastante. Para obter o êxito alcançado, a oligarquia do poder mundial despejou grana pesada em favor da candidata Marina da Silva, erguendo-a ao patamar de quase 20 milhões de votos (a maior parte de protesto, em face dos outros dois candidatos, prejudicados por serem mais conhecidos que Marina). Esta é a conclusão da jogada: usar o discutível cacife adquirido por essa representante dos interesses imperiais, para que ela negocie seu apoio a um dos candidatos (o que tiver maior chance), em troca de este se comprometer com a agenda do antidesenvolvimento, embrulhada em falaciosa bandeira verde. Meta: aumentar ainda mais a já absurdamente alta parcela do território nacional a que os brasileiros perderam acesso. E ainda posará de estadista, dizendo que seu acordo será em torno de objetivos programáticos.

Adriano Benayon do Amaral é diplomata de carreira, Consultor Legislativo da Câmara dos Deputados e, depois, do Senado Federal, na Área de Economia, aprovado em 1º lugar em ambos concursos. Doutor em Economia pela Universidade de Hamburgo e Advogado, OAB-DF nº 10.613, formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi Professor da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores. Autor de ”Globalização versus Desenvolvimento”

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