quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Violação de sigilo de tucanos é coisa de tucano

Serra e Marcelo Itagiba, juntos desde o caso Lunus

A imprensa tucana está tentando a todo custo responsabilizar Dilma Roussef (PT) pela violação do sigilo de alguns tucanos de bico largo, entre os quais o vice-presidente da legenda, Eduardo Jorge, a filha de José Serra, Verônica, e do genro do presidenciável dele, Alexandre Bourgeois.

Em coletiva nesta quarta-feira, a PF disse que o responsável pelas quebras dos sigilos é o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, ex-repórter do jornal Estado de Minas. O matutino é controlado pelo governador Aécio Neves (PSDB).

Marcelo Itagiba vem sendo acusado de fazer espionagem desde 2002

Segundo a própria PF, Amaury estava montando o dossiê para rebater outro preparado por Serra contra Aécio. O fato aconteceu quando os dois disputavam a indicação do partido à Presidência da República.

É aí que surge um velho personagem do submundo da espionagem em Brasília: o delegado federal e deputado (PSDB-RJ) Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Conforme Amaury revelou à PF, Itagiba estaria a serviço de Serra a fim de obter informações comprometedoras sobre a vida senador eleito por Minas.

“Não sou araponga. Quando fui delegado, fazia investigação em inquérito aberto, não espionagem, para pôr na cadeia criminosos do calibre desses sujeitos que formam essa camarilha inscrustrada no PT”, desculpou-se Itagiba à imprensa.

Histórico

Não é de hoje que o deputado é citado como o responsável por fazer o jogo sujo de Serra. Em 2002, teria sido ele quem comandou o grampo ilegal na Lunus. O caso tirou Roseana da disputa presidencial. Quem disse isso com todas as letras foi o hoje presidente do Senado, José Sarney, em discurso histórico na Casa.

“Há um fato cuja recorrência impressiona e intriga. É que toda referência a esse estilo característico de espionagem e dossiês nasce no Ministério da Saúde e envolve o ex-ministro José Serra. Não é afirmação minha, é dos jornais. Mais que uma estratégia de campanha parece uma concepção de governo”, diz Sarney.

E completa: “A primeira matéria que surgiu foi na revista ”Carta Capital”, há cerca de um ano. Aqui está o plano anunciado, que aconteceu exatamente como previsto. Leio a revista:

“…no Ministério da Saúde se teria produzido um conjunto de informações sobre atividades de Paulo Renato. Informações explosivas, pois indicariam uma das trilhas montadas pelo grupo em sua escalada rumo ao poder. Ainda segundo a história do dossiê, este teria sido montado no Ministério da Saúde, mais precisamente na Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde funcionaria um sistema espionagem. … Eram sete os agentes, incluídos um ex-SNI e SAE [hoje Abin] e um ex-chefe da Inteligência da Polícia Federal no governo Fernando Henrique.” E dá os detalhes.

A imprensa em quase sua totalidade publica que esse mesmo grupo está conectado para essas ações políticas na Polícia Federal e no Ministério Público citando o delegado Marcelo Itagiba, ex-chefe do Departamento de Inteligência da Polícia Federal, ex-chefe do grupo de inteligência que se formou no Ministério da Saúde e que é, atualmente, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, e o Procurador José Roberto Santoro (leia a íntegra do discurso de Sarney).

O tiro do ex-governador José Serra desta vez saiu pela culatra

Note que à época, a exemplo de Roseana e hoje Aécio, foi montado um dossiê contra o então ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Souza tentou disputar com Serra a indicação do PSDB à Presidência. Com saída de Paulo Renato do páreo, Serra montou outro dossiê contra o senador Tasso Jeiressati (CE), que tentou sem sucesso ser o adversário de Lula. A denúncia contra Tasso envolveu doleiros. Para o bem do Brasil, Serra perdeu para o petista.

Itagiba é casado com uma prima do tucano Andrea Matarazzo, um dos coordenadores da campanha de Serra. Ex-diretor de inteligência da PF, ele foi convidado pelo então ministro da Saúde para montar uma espécie de “Abinzinha” no ministério.

Só para lembrar: este blog revelou que durante sua visita a São Luís, em julho, Serra mandou investigar a vida do repórter Honório Jacometto, da TV Mirante/Globo (reveja). A notícia foi repercutida em vários blogs do país. É o modus operandi Serra de ser.

Resumo da história: acostumado a armar o jogo baixo e sujo contra os outros, desta vez Serra provou do próprio veneno.


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