segunda-feira, 1 de junho de 2009

Gen Aloisio Rodrigues dos Santos

A UTOPIA DAS OSSADAS

O Diário Oficial da União publicou uma portaria do Ministério da Defesa, atribuindo ao Exército, com o uso da ciência e da tecnologia, a responsabilidade de localizar e identificar possíveis ossadas de militares e guerrilheiros mortos na região do Araguaia no período 1972-1974.
Inúmeras “expedições e buscas”, com recursos da União (diga-se do contribuinte), foram sempre acompanhadas e publicadas com destaque pela imprensa. Declarações bombásticas e de efeito por parte de seus idealizadores e organizadores ao longo dos anos, em especial a partir de 2003, com resultados pífios, inócuos e constrangedores, levaram os seus responsáveis, invariavelmente, ao silêncio e ao constrangimento, pois o foco central das pesquisas e das investigações conduzia a um planejamento inadequado e, conseqüentemente, a resultados desastrosos Como dessa vez os trabalhos serão coordenados pelo Comandante do Exército, muda-se o foco da ação. Se os resultados forem inexpressivos e não atenderem aos interesses do governo, de imediato alguém será responsabilizado ou, pelo menos, criticado pelo fato de não ter a missão sido cumprida a contento, criando-se um “bode expiatório”. Com isso, o governo explorará os resultados e o MD lavará as mãos, com reflexos na coesão e no moral da Instituição Exército.
Sou extremamente cético quanto aos resultados. Como o Brasil é um país pródigo em farsas, que fazem parte de nossa cultura, mais uma vez estamos diante de outra farsa que poderá se transformar em uma grande fraude.
As buscas anteriores se revelaram desalentadoras, não apenas pela incompetência daqueles que sonhavam com o estrelato, mas pela inexistência ou pela precariedade de dados com conteúdo significativo que contribuíssem para o sucesso das ações, e não para revelar o que o governo, o Ministério da Justiça e o seu CDDH gostariam que fosse revelado.
A falta de objetividade permeou as investigações anteriores. O foco do problema ou da solução não está disponível para o Exército ou para outro órgão oficial. O Centro de Informações do Exército, atual Centro de Inteligência do Exército, somente detectou a área onde se desenvolveria a guerrilha em março de 1972, enquanto que os “guerrilheiros”, a maioria jovens e alguns menores de idade, eram conduzidos clandestinamente para a região desde dezembro de 1967, de onde não mais se ausentariam por determinação partido. Ou seja, o mobiliar da área se antecipou por mais de quatro anos ao início das operações, quando já estavam excepcionalmente adaptados aos rigores da selva e do clima e já realizavam algum trabalho social que os aproximava dos humildes habitantes da área.
Nesse cenário, atrevo-me a antecipar resultados inexpressivos, com recursos pagos pelo cidadão comum, embora com grande repercussão na mídia, tomando-se como base o alarido das pesquisas e das comissões e/ou grupos de trabalho do passado; a predisposição de profissionais despreparados em desprezar o bom senso e maquiar a verdade; a predisposição em encontrar não o que o mundo real e honesto mostra, pois este abalaria convicções, mas o que ele ideologicamente aceita como verdade; a inconsistência de documentos que permitem fraudar decisões e justificar concessões, em especial quando envolve o pagamento de indenizações; etc.
Atrevo-me, ainda, a acrescentar outras considerações, que dificultarão sobremaneira as buscas e, conseqüentemente, os trabalhos da comissão:


a) significativas mudanças nas características fisiográficas da região após mais de 37 anos do início do desmantelamento da guerrilha;
b) dificuldades de locomoção, em face das características climáticas da região, que exige preparo físico e um razoável período de adaptação;
c) alagamento de áreas expressivas durante o período das cheias, com reflexos na topografia da região, na configuração do terreno e na circulação de pessoas, bens e mercadorias;
d) inexpressiva quantidade de remanescentes do período 1972/74;
e) abandono e miséria em que ainda vive uma parcela da população da área;
f) desinteresse de “ex-guerrilheiros”, militantes do PT, de participar e de colaborar com as buscas.

Assim, o foco, para melhor encaminhamento do problema, deverá ser descolado do Exército e de toda e qualquer comissão, e deslocado para o P C do B, organização responsável pelo aliciamento desses jovens, que serviriam de meros instrumentos de “trabalho”, enquanto que a maioria dos seus dirigentes permanecia nas áreas urbanas e alguns viajavam para o exterior com as despesas pagas.
A guerrilha só se instalou porque os velhos caciques do partido na época, verdadeiros profissionais do terrorismo e da subversão, financiados inicialmente pela China e posteriormente pela miserável Albânia, não hesitaram em instruir, doutrinar e recrutar jovens para o Araguaia. Retirou-os do seio de suas famílias; colocou uma arma em suas mãos; levou-os à clandestinidade; selecionou os mais aptos ideologicamente e fisicamente; convenceu-os a realizar uma relevante tarefa para o partido em uma região afastada, inóspita e insalubre; fanatizou-os e induziu-os a resistir até a morte. Não é por acaso, ou mera coincidência, que os sobreviventes da guerrilha, os que foram presos e os que, pacificamente, se entregaram, abandonaram o P C do B e militam no PT desde a sua criação.

Leia mais sobre o assunto, clicando aqui.

Enviado pelo Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)
Acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)
Presidente da Sociedade de Amigos da Amazônia Brasileira (SAMBRAS)
Telefone: (51) 3331 6265
Site:
http://www.amazoniaenossaselva.com.br
E-mail: hiramrs@terra.com.br

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