sábado, 7 de agosto de 2010

A hegemonia do dólar e a ascensão da China

Por Michael Hudson [*]

A iniqüidade do déficit do dólar A China, o resto da Ásia e a Rússia têm estado a financiar os gastos em dólares dos EUA no estrangeiro para pagar pelo cerco militar da América do Hemisfério Leste e para investidores dos EUA comprarem as jóias da coroa da indústria, instituições financeiras e infraestrutura pública asiática. Esta situação é assimétrica não só economicamente como também politicamente. Em 1823, a Doutrina Monroe dos EUA dizia à Europa para manter-se afastada do Hemisfério Ocidental, acabando com o colonialismo e a hegemonia política européia na América Latina. Os Estados Unidos substituíram as principais potências européias como investidor e influência política e militar. Hoje, muitas pessoas nos Estados Unidos, Canadá e Europa pretendem ver o desarmamento global num mundo multipolar ao invés de num mundo unipolar. Elas acreditam que nenhum país deveria obter um benefício sem custo ou dominar o mundo militarmente. Isto não seria um mercado livre. No fim, relações econômicas, políticas e militares tendem a estabelecer-se com regras comuns simétricas para todas as partes. Uma geração atrás, o economista de Harvard Albert Hirschman apelou ao desinvestimento dos EUA na América Latina e países do terceiro mundo argumentando com o próprio interesse econômico dos EUA. Hoje, a economia dos EUA está a sofrer de déficits crônicos do orçamento interno que em grande medida são de caráter militar, e déficits de pagamentos crônicos. Desescalar gastos militares libertaria recursos para utilização na sua própria economia, enquanto permitiria às economias estrangeiras tornar menos intensos os seus próprios orçamentos militares. Esta lógica é endossada por muitos cidadãos e economistas dos EUA. Ela pode ser promovida por um sistema no qual nenhuma economia nacional permaneça num sistema monetários baseado nos gastos militares de um país militarizado em défice crónico e dívida em ascensão para além da sua previsível capacidade de pagar. Esta espécie de benefício gratuito caracterizou os impérios de tempos passados, mas o presente século promete um mundo mais justo, equitativo e (esperançosamente) menos militarizado.

Leia o ensaio completo. Implicações importantes para o Brasil. Vale a pena...

[*] Professor emérito de Ciências Económicas, Universidade do Missouri (Kansas City), Professor honorário da Huazhong University of Science and Technology (Wuhan)

O original encontra-se em http://michael-hudson.com/2010/07/dollar-hegemony-and-the-rise-of-china/ .

Tradução de JF. Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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