terça-feira, 10 de agosto de 2010

Carlos Chagas

LULA PREPARA O FUTURO

Parece claro o objetivo do presidente Lula ao reunir o ministério, hoje, aqui em Brasília: botar a máquina administrativa para operar em ritmo total, se possível frenético. Não deixar um setor, sequer, devagar, quase parando, como vinha acontecendo em alguns. Cada ministro será chamado a relatar suas atividades e, em especial, o que ainda pode ser feito até o final do seu mandato. Esse tour de force obviamente beneficiará a candidatura Dilma Rousseff, devendo a equipe ser exortada para também atuar politicamente em favor dela, por certo que depois do expediente e nos fins de semana. A preocupação do presidente, no entanto, centraliza-se no seu governo. Pretende que sua aceitação pela opinião pública venha a crescer mais ainda, nas próximas pesquisas, se possível acima dos 80%. Está atento para as críticas formuladas na campanha eleitoral, especialmente por parte de José Serra. Elas devem ser respondidas de imediato.
O Lula prepara o futuro, não apenas a cargo de Dilma Rousseff, se ela for eleita, mas no que diz respeito a ele mesmo. Mostra-se disposto a permanecer na política, liderando o PT. Seus planos são exatamente contrários à performance de Fernando Henrique, isto é, não tornará pública qualquer análise sobre o futuro governo. Pretende centralizar sua atividade na defesa de reformas institucionais, ainda que sem atropelar as iniciativas de quem vier a sucedê-lo. No caso, imagina venha a ser Dilma, mas se for Serra, da mesma forma.

Sobre voltar ao poder em 2014, não fala. Nem precisa.

(...)

MENOS ARROGÂNCIA, POR FAVOR

Dá o que pensar a série de entrevistas que o Jornal Nacional iniciou ontem e continua hoje e esta semana com os candidatos presidenciais. Primeiro, porque desde Guttemberg prevalece a regra de que a estrela, em entrevistas de qualquer espécie, é o entrevistado. Nunca o entrevistador. Entre nós, de uns tempos para cá, a moda pegou ao contrário: muitos são os jornalistas que em vez de perguntas fazem discursos e perorações, como se o público estivesse interessado em suas opiniões. Outra falha ética é estabelecer uma relação de superioridade com os convidados. Poderia o casal da Rede Globo ter chamado Dilma Rousseff de ministra, título a que tem direito mesmo depois de haver deixado o ministério, assim como Marina Silva merece coisa igual. Da mesma forma, chamar José Serra de governador seria o lógico. O que não dá é dirigir-se como a ela, ontem, com um arrogante “CANDIDATA!”, tentativa de estabelecer uma relação de superioridade diante de quem comparece perante câmeras e microfones. Um pouco de humildade não faria falta a quantos, do lado de cá, deveriam ter presente estar prestando um serviço público, jamais concorrendo a um concurso de beleza ou de popularidade.

Leia a ótima coluna do Chagas, completa, no portal do Cláudio Humberto...

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